Criar mais empregos para repovoar o Leste
Programa garante melhoria de condições para atrair profissionais de várias áreas
O candidato presidencial do MPLA às eleições gerais de 23 de Agosto próximo defendeu ontem, em Menongue, urgência na expansão de mais infra-estruturas sociais e de outros serviços básicos para a população, em toda a extensão da província do Cuando Cubango.
Falando no acto político de massas no Largo 23 de Março, na cidade de Menongue, João Lourenço defendeu o repovoamento das províncias do leste do país, principalmente do Cuando Cubango, com a criação de postos de trabalho e a melhoria de condições sociais, para atrair jovens e profissionais ligados às várias áreas.
João Lourenço considerou que a densidade populacional da região leste do país é muito baixa. Cuando Cubango tem uma densidade populacional de 5 a 10 habitantes por quilómetro quadrado.
A província do Cuando Cubango é a segunda maior do país, depois do Moxico, e vive uma gritante escassez de serviços sociais, com realce no domínio de estradas de ligação entre as diferentes localidades, razão pela qual uma especial atenção deve ser prestada para que possa servir de alternativa às grandes concentrações de população que se vive no litoral e centro do país, disse.
O candidato do MPLA indicou que as províncias de Luanda, Huambo, Huíla, Benguela e outras registam actualmente uma enorme concentração de pessoas, em detrimento da zona leste do país (Cuando Cubango e Moxico), que se encontram despovoadas.
“Vamos duplicar a oferta de serviços sociais nestas regiões, nos próximos tempos, para que possamos atrair mais jovens e profissionais ligados às várias áreas do saber”, disse.
“Em qualquer parte do mundo, o capital humano foi fundamental no seu desenvolvimento e não fugimos à regra, razão pela qual vamos primar pela expansão dos serviços sociais básicos para que as províncias do Cuando Cubango e do Moxico, onde o Executivo tem vindo a realizar já importantes investimentos, para que possam acompanhar o ritmo de desenvolvimento que se pretende”, disse.
O vice-presidente do MPLA apelou ao empresariado nacional para apostar na agricultura e no turismo naquela parcela do país. João Lourenço lembrou que o Cuando Cubango tem abundância de água, terras aráveis livres e florestas.
“É uma terra propícia ao desenvolvimento da agricultura. Não apenas para satisfazer a província, mas para todos os habitantes do país e para a exportação dos seus produtos”, declarou o candidato do MPLA.
O projecto turístico transfronteiriço Okavango-Zambeze vai gerar postos de trabalho e riqueza para os munícipes da província do Cuando Cubango, referiu.
“Na província do Cuando Cubango, há espaços e oportunidades para outros projectos na área turística, para a felicidade das populações”, destacou o candidato à Presidência da República.
João Lourenço reconheceu que o Cuando Cubango é uma das províncias com maior número de minas implantadas no solo durante o conflito armado. “É uma das províncias que mais sofrem com a situação das minas. O Executivo está a fazer um esforço na desminagem, para criar condições para que o empresariado possa investir em qualquer parte do território nacional”, disse durante o acto de massas muito concorrido pelos munícipes de Menongue.
O vice-presidente do MPLA prometeu apostar na expansão de vias de comunicação na província para a atracção de turistas. “É importante melhorar a rede rodoviária e ferroviária, para o transporte das matérias-primas, equipamentos e produtos acabados do campo e da indústria”, disse. “Os caminhos-de-ferro são uma via importante para dinamizar a nossa economia”, acrescentou.
Apoio a ex-combatentes
Após o acto de massas realizado no Largo 23 de Março, alguns sobas e antigos combatentes beneficiaram de meios agrícolas, electrodomésticos, cadeiras de rodas e motorizadas, entregues pelo candidato do MPLA.
João Lourenço, que deixou ontem à tarde a cidade de Menongue, está já na capital da província do Moxico, Luena, onde esta manhã dirige um acto de massas no âmbito da apresentação da sua candidatura às eleições de 23 de Agosto.
Novo hospital
Durante a sua estada na província, João Lourenço visitou o novo hospital provincial do Cuando Cubango, com capacidade para mais de 200 camas para internamento, cuja inauguração está prevista para Julho próximo.
Orçado em mais de 60 milhões de dólares, a unidade hospitalar foi construída numa área de 12 mil metros quadrados e conta com sete blocos operatórios, banco de urgência, serviços de imagiologia (equipamento que permite realizar vários tipos de raio X), unidades de cuidados intensivos, laboratórios de análises clínicas, 15 câmaras de observação pós-operação e uma morgue, com 14 gavetas.
Conta igualmente com dois fornos para incineração de lixo hospitalar, uma casa de máquinas para a produção de gases medicinais, um grupo gerador com capacidade de 1.250 kva, um refeitório, área administrativa, sala de tratamento de água potável, uma depuradora de águas residuais e 24 casas do tipo T3, para os médicos.
A infra-estrutura, que tem um tempo de vida estimado em 30 anos de serviço, dispõe ainda de salas de serviços de medicina geral, pediatria, estomatologia, obstetrícia, otorrinolaringologia, oftalmologia, cirurgia reconstrutiva, hemoterapia, cardiologia, dermatologia, fisioterapia, nutrição, urologia, neurocirurgia, psicologia, ginecologia-obstetrícia e anestesia, entre outras.
Depois de percorrer as distintas áreas do hospital, João Lourenço mostrou-se satisfeito e reconheceu que a unidade está devidamente equipada com material moderno para prestar uma assistência médica e medicamentosa de qualidade à população do Cuando Cubango e de outras regiões do país.
O director provincial da Saúde, Lucas Mirco Dala, explicou que, para a entrada em funcionamento do hospital e o seu pleno funcionamento, são necessários mais de 800 funcionários, entre médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico terapêutico e pessoal administrativo.
Universidade Cuito Cuanavale
João Lourenço visitou ainda a Escola Superior Politécnica de Menongue da Universidade Cuito Cuanavale (UCC), afecta à VIII Região Académica, que abrange as províncias do Cuando Cubango e do Cunene.
O candidato presidencial do MPLA às eleições de 23 de Agosto foi informado de que, no presente ano académico, a Universidade Cuito Cuanavale matriculou 4.192 estudantes, dos quais 2.180 na província do Cuando Cubango e 2.012 no Cunene. Deste número, 684 ingressaram pela primeira vez este ano, sendo 343 para o Cuando Cubango e 341 para o Cunene. Este ano, a UCC vai outorgar diplomas de licenciatura a 570 estudantes formados nos cursos de Biologia, Enfermagem, Matemática e Informática, 310 dos quais no Cuando Cubango e 260 no Cunene. No ano passado, a instituição académica graduou pela primeira vez 455 discentes licenciados, sendo 268 no Cuando Cubango e 187 no Cunene.
Com a sede da reitoria no Cuando Cubango, a Universidade Cuito Cuanavale conta com seis unidades orgânicas, entre as quais quatro no Cuando Cubango, com os cursos de Biologia, Matemática, Informática para Gestão, Enfermagem e Gestão de Hotelaria e Turismo, ao passo que o Cunene tem duas unidades orgânicas que leccionam as especialidades de Análises Clínicas, Enfermagem, Biologia, Engenharia Hidráulica, Agropecuária e Informática para Gestão.
Formação de professores
Actualmente, a Universidade Cuito Cuanavale é assegurada por 154 professores, sendo 77,3 por cento de nacionalidade cubana. Por este facto, João Lourenço defendeu a formação de mais quadros nacionais para colmatar o actual défice.
Na Escola Superior Politécnica de Menongue, João Lourenço procedeu à entrega de diversos livros para a biblioteca e computadores portáteis para os estudantes mais destacados dos cursos de Biologia, Enfermagem, Matemática, Gestão de Turismo e Informática para Gestão.
João Lourenço manteve encontros com o bispo da Diocese de Menongue, D. Mário Lucunde, o vice-presidente geral da União da Igreja Evangélica de Angola (UIEA), reverendo Eduardo Matongue, e com as autoridades tradicionais dos nove municípios que compõem a província.
Na semana passada, o candidato do MPLA a Presidente da República foi apresentado em Ndalatando e defendeu o aumento da produção agrícola, consubstanciada na implementação de novas estratégias e técnicas de cultivo nos próximos tempos.