Monumento aos Mártires de Cassinga
Lançamento da primeira pedra testemunhado por angolanos e namibianos
Um memorial em homenagem às vítimas do massacre de CassingaTchamutete, no município da Jamba, província da Huíla, vai ser erguido pelas autoridades angolanas e namibianas.
Numa zona coberta de árvores do tipo mumue, jaracandá, figueira e eucaliptos, estão os dois túmulos onde jazem os restos mortais de mais de 700 pessoas que morreram no massacre ocorrido a 4 de Maio de 1978, na localidade de Cassinga, município da Jamba, província da Huíla.
Num ambiente de respeito com cânticos e hinos de glória, as delegações angolanas e namibiana homenagearam no local as vítimas, no âmbito dos 39 anos da ocorrência do holocausto.
Um memorial em homenagem às vítimas do massacre de CassingaTchamutete, no município da Jamba, província da Huíla, começa a ser erguido nos próximos dias pelas autoridades governamentais angolanas e namibianas. O lançamento da primeira pedra aconteceu na quinta-feira e foi feito, simultaneamente, pelo secretário de Estado do Ministério da Defesa Nacional, almirante Gaspar Rufino, e pelo ministro da Segurança e Protecção da República da Namíbia, Charles Namoloh.
A directora provincial da Cultura na Huíla, Marcelina Gomes, disse que o lançamento da primeira pedra para a construção do memorial foi antecedido de um trabalho preliminar entre os dois países para a concretização do projecto.
A delimitação da área que se pretende como zona histórica é de 65.17 hectares, subdividida em duas partes em relação à estrada Tchamutete-Indungo com as seguintes características: a parte oeste da estrada, com 26.57 hectares, compreende os dois túmulos, escombros de alguns edifícios das primeiras construções, tais como os postos administrativo e médico, escola, cadeias e casa dos cipaios e do comandante, bunker, escombros dos serviços administrativos, carcaças de automóveis, árvore histórica e a picada que dá acesso ao rio Colui, onde se pretende construir a fonte para a captação da água, local conveniente para construir o monumento, num intervalo entre as duas campas/túmulos.
Marcelina Gomes avançou que, na parte este da estrada, com 38.6 hectares, que compreende o Palácio, seus anexos e o primeiro cemitério da comuna de Tchamutete, a administração municipal vai construir também vários empreendimentos.
“Cassinga constitui um marco histórico da colonização do leste, da província da Huíla, pois a instalação dos primeiros colonos portugueses data de 1884, constituindo-se no ponto de expansão portuguesa na região, com finalidade comercial, que posteriormente evoluiu para a descoberta e exploração dos recursos minerais, principalmente o minério de ferro”, explicou.
Em consideração a vários aspectos e à história do bárbaro massacre ocorrido no local, no dia 4 de Maio de 1978, acrescentou, deve ser classificada como zona histórica, para responder à proposta de construção do monumento em memória às vítimas dos massacres.
Marcelina Gomes disse que a maqueta do monumento é concebida entre os governos da República de Angola e da Namíbia. Acrescentou que se propôs que no memorial estejam incorporadas as palavras do saudoso Presidente Dr. António Agostinho Neto, de que “Na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul está a continuação da nossa luta. Angola é e será por vontade própria trincheira firme da revolução em África.”
Marcelina Gomes disse que se vai recuperar as infra-estruturas que fazem parte do núcleo inicial da história da vila, preservando a sua forma original, criar-se um jardim à volta do monumento e dos túmulos e um espaço musealizado para conservação das carcaças de viaturas destruídas durante os bombardeamentos.
“Num ambiente de respeito e com os cânticos de glória, as delegações de Angola e da Namibia homenagearam no local as vítimas no âmbito dos 39 anos desde a ocorrência do holocausto”