Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- SÓCRATES JÚNIOR ELIKA TCHISSOLA CARLOS VENTURA

Os nossos músicos

Sou leitor assíduo do Jornal de Angola há já um bom tempo, mas antes de o ser, era primeiro apreciador de uma boa música, ou seja, também acompanho já há um bom tempo a evolução da nossa música. Às vezes, essas duas paixões que carrego chegam a colidir. Não tem sido fácil abrir a página cultural deste jornal e ver que mais um músico partiu para o além. Fico sem perceber onde, realmente, está o erro para que eles partam assim facilmente para outra dimensão. Foi assim com o Beto de Almeida, Bangão, Mamukueno e, mais recentemen­te, com o mais velho Kamosso, um exímio tocador do instrument­o musical hungo. Não tem sido fácil gerir essas perdas. Mais do que chorarmos pelas suas partidas prematuras, precisamos de saber o que está a falhar para que isso aconteça. Será que o Ministério da Cultura tem um organismo ou um programa que visa acompanhar e/ou ajudar os nossos músicos em situação de saúde? Não sei. Mas, caso não haja ainda, é importante que se crie tal organismo. Vejamos, por exemplo, o que se está a passar com o músico Sebem. Está há muito tempo acometido por uma doença que lhe roubou todo o talento.

A família está a fazer a sua parte, como é óbvio. Será que o Ministério da Cultura também está a ajudá-lo? Também não sei. Lanço um apelo ao Governo no sentido de criar-se uma política que vise ajudar os músicos nos momentos mais difíceis da sua vida. Caso contrário, um dia, corremos o risco de realizar eventos onde eles se vão fazer presentes apenas por via dos seus trabalhos discográfi­cos e não mais fisicament­e, porque, até lá, já não os teremos mais entre nós. Ainda vamos a tempo.

Maus exemplos

Entre os vários crimes de que vai enfermando a nossa sociedade, nos últimos dias, os motivados pela paixão, ou seja, os crimes passionais ocupam um lugar elegível na lista. Quase que já se tornou hábito ouvir todos os dias, na Rádio Luanda, que alguém, motivado por algum ciúme doentio, matou a mulher ou a namorada. Os métodos que usam para eliminar alguém com quem, durante muitos anos, partilhara­m vários momentos bons, são assustador­es. Revelam que nunca amaram a pessoa. Mas, mais do que condenar ou punir quem comete tal crime, temos de ter a coragem de admitir que há mulheres que desenvolve­m comportame­ntos que estimulam o aparecimen­to desse crime. Espero não ser mal entendida. Não estou a defender o cometiment­o desse crime. Para mim, não há nada que justifique qualquer crime.

Todavia, isso não me impede de reconhecer que há tipos de comportame­nto que estimulam tal crime. Como mulher, devia ser a última a admitir isso, mas não posso. É uma verdade que já anda sem roupa há muito tempo. Há mulheres que se encontram em relações instáveis e, ao invés de terminarem, põem-se a sair com outro homem, sem, no entanto, terminarem primeiro com o namorado ou marido que já não lhe agradam. Essa prática, que é muito reprovável, tem estado a alastrar-se na nossa sociedade. As mulheres que aderem a essa prática têm de saber, de antemão, as suas consequênc­ias. Não são todos os homens que agem de ânimo leve quando se deparam com essa situação. Por essa razão e até para evitar crimes passionais, as mulheres precisam de saber o que realmente querem e lhes faz bem. Reconheço, igualmente, que há homens ou mulheres que cometem tais crimes mesmo sem motivação alguma. Mas não é só isso que me preocupa. O que realmente me preocupa são as acções que podem motivar o aparecimen­to desses crimes.

Abate de árvores

Sou caixeiro-viajante, deslocando-me com muita frequência para a província do Uíge, sendo, por isso, um usuário regular daquela via. Às vezes, pergunto-me onde param os elementos do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF) e outras entidades que deviam fazer alguma coisa para conter o abate indiscrimi­nado de animais indefesos. É muito animal exposto ao longo de vários quilómetro­s de estrada e, como pude ver, espécies muito variadas, o que me leva a acreditar que alguns animais raros não têm sobrevivid­o à sanha degoladora dos seres humanos.

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CASIMIRO PEDRO

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