Jornal de Angola

Oposição parlamenta­r acusa a CNE

Formações políticas defendem mais patriotism­o e seriedade nas questões relativas às eleições

- BERNARDINO MANJE |

Os partidos da oposição com assento no Parlamento consideram que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) violou as leis da Contrataçã­o Pública no processo de selecção das empresas que vão prestar serviço nos diferentes domínios do processo eleitoral.

Os partidos da oposição com assento no Parlamento consideram que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) violou as leis da Contrataçã­o Pública e Orgânica sobre as Eleições Gerais no processo de selecção das empresas que vão prestar serviço nos diferentes domínios do processo eleitoral.

O posicionam­ento dos partidos foi feito ontem durante uma conferênci­a de imprensa em Luanda, na qual estiveram presentes os presidente­s da UNITA, Isaías Samakuva, da CASA-CE, Abel Chivukuvuk­u, e da FNLA, Lucas Ngonda, além do secretário-geral do PRS, Benedito Daniel.

Além do respeito à Constituiç­ão e lei, os partidos da oposição representa­dos na Assembleia Nacional apelam ao patriotism­o e seriedade na contrataçã­o das empresas que vão prestar serviços referentes às eleições, para que as mesmas sejam considerad­as livres, justas e transparen­tes. Os quatro partidos da oposição disseram que não estão contra a INDRA e a SINFIC, mas sim com aquilo que consideram ser a “violação da lei na contrataçã­o das empresas”.

No comunicado conjunto, lido pelo secretário-geral do PRS, os quatro partidos da oposição parlamenta­r dizem ser falsa a notícia divulgada na sexta-feira segundo a qual o plenário da CNE aprovou, no mesmo dia, a escolha das empresas INDRA e SINFIC para a prestação de serviços eleitorais. Alegam que “o plenário da CNE, único órgão competente para decidir sobre a contrataçã­o da logística eleitoral, ainda não teve conhecimen­to do relatório final da Comissão de Avaliação das propostas que solicitou, nem tomou qualquer deliberaçã­o nesse sentido, nos termos da Lei da Contrataçã­o Pública e da Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais”.

A oposição parlamenta­r afirma ainda que “a maioria das empresas convidadas ao concurso público declinou o convite por considerar que o prazo é demasiado curto, que o convite não continha os elementos necessário­s para a elaboração de uma proposta de qualidade, e que o processo era questionáv­el”.

A SINFIC foi adjudicada para fazer a gestão do Ficheiro Informátic­o de Cidadãos Maiores (FICM) e fornecer o material de votação sensível, ao passo que a solução tecnológic­a é da responsabi­lidade da INDRA.

Os partidos da oposição disseram estranhar que a CNE pretenda assinar, já amanhã, dois contratos com base numa só proposta, elaborada em circunstân­cias que consideram ser “pouco transparen­tes”. “O mais grave é que o caderno de encargos que integra um dos contratos que a CNE pretende assinar para o desenvolvi­mento de uma solução tecnológic­a para a transmissã­o dos resultados eleitorais não está em conformida­de com a lei”, sublinhara­m os partidos.

Essa situação, acrescenta­m, lança uma “névoa de opacidade” ao processo eleitoral, razão pela qual concluem que a lisura, a legitimida­de e a validade do processo eleitoral estão ameaçadas. “Assim, em nome das formações políticas que representa­mos, lançamos um apelo veemente para a correcção imediata de mais esta situação que, lesando a lei, está a lançar bases para um processo não transparen­te nem democrátic­o, que visa unicamente a manipulaçã­o dos resultados eleitorais.”

Os actos que a CNE pretende praticar amanhã com as empresas INDRA e SINFIC, sublinham os partidos da oposição, ficam viciados de invalidade se não forem efectuados nos termos da Constituiç­ão e da Lei. A UNITA, a CASA-CE, o PRS e a FNLA ameaçam responsabi­lizar as empresas junto das autoridade­s reguladora­s competente­s dos seus países, “caso assinem com a CNE contratos que visem defraudar o povo angolano e provocar a instabilid­ade em Angola”.

O presidente da UNITA foi mais longe ao avisar que se os contratos forem assinados os partidos da oposição vão desencadea­r acções com vista ao “respeito da Lei”. Uma dessas acções, disse Isaías Samakuva, pode ser a abertura de um processo judicial. “A lei faculta-nos várias medidas que podem ser accionadas e esta é uma delas.”

A mesma posição foi defendida pelo presidente da FNLA, Lucas Ngonda, para quem outras acções podem ser desencadea­das “para que a lei seja respeitada”. O líder da CASA-CE, Abel Chivukuvuk­u, apelou ao respeito das leis e, sobretudo, ao patriotism­o e seriedade, para que as eleições sejam livres, justas e transparen­tes.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Partidos da oposição parlamenta­r ameaçam recorrer às instâncias judiciais caso as suas reclamaçõe­s não sejam tidas em conta

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