Macron é o novo Presidente de França
ELEIÇÕES EM FRANÇA
O candidato centrista Emmanuel Macron, 39 anos, venceu ontem a segunda volta das eleições presidenciais francesas com uma vantagem de 30 pontos percentuais sobre a sua adversária, a líder da extrema-direita Marine Le Pen, informaram as autoridades após o encerramento das urnas e quando estavam escrutinados mais de 90 por cento dos votos válidos.
O candidato centrista Emmanuel Macron, 39 anos, venceu ontem a segunda volta das eleições presidenciais em França com vantagem de 30 pontos percentuais sobre a sua adversária, a líder da extrema-direita Marine Le Pen, informaram as autoridades após o encerramento das urnas e quando estavam escrutinados mais de 90 por cento dos votos válidos.
Segundo as autoridades, Macron obteve 65 por cento dos votos contra 35 de Le Pen, com uma participação de 75 por cento, um dos índices mais baixos da história das eleições no país.
Os resultados de Macron, melhores do que as sondagens tinham previsto nas duas semanas entre a primeira e a segunda volta, oscilam entre 65,1 por cento, segundo o Instituto Ipsos, e os 65.9 projectados pelo Instituto Elabe, segundo a emissora “BFMTV”.
Outras pesquisas, como a realizada pelo Instituto Sofres para a “TF1” também colocaram o centrista no limite de conseguir o apoio de dois de cada três franceses.
A participação, entre 74 por cento e 75 por cento, é a mais baixa registada na segunda volta das eleições presidenciais em França desde 1969, quando Georges Pompidou foi eleito.
A candidata da extrema direita à Presidência da França, Marine Le Pen, felicitou o seu adversário pela vitória no pleito, mas afirmou que o seu partido, a Frente Nacional, conquistou um resultado histórico nas urnas.
O Presidente da França, François Hollande, saudou a eleição do seu futuro sucessor e afirmou que a vitória sobre a líder da extrema-direita reflecte o compromisso do país com os valores republicanos e europeus.
“A sua ampla vitória confirma que uma grande maioria dos nossos cidadãos querem unir-se em torno dos valores da República e marcar o seu compromisso tanto com a União Europeia como a abertura da França para o mundo”, escreveu o Presidente numa nota.
O primeiro-ministro francês, Bernard Cazeneuve, afirmou que a votação “é testemunho da lucidez dos eleitores, que rejeitaram o projecto fatal da extrema-direita”. A primeira-ministra do Reino Unido, a conservadora Theresa May, parabenizou o centrista Emmanuel Macron, pela vitória nas eleições presidenciais da França, garantindo que o país é um aliado.
Político descomprometido
Emmanuel Macron lançou-se na corrida presidencial francesa projectando a imagem de um político novo e descomprometido, “nem de direita nem de esquerda”, e fica na história por ter derrotado a candidata da extremadireita, Marine Le Pen.
Macron, 39 anos, torna-se o Presidente mais jovem da história de França, desde Luis Napoleão Bonaparte (1848-1852), sobrinho de Napoleão Bonaparte, presidente aos 40 anos. Emmanuel Macron nunca tinha sido eleito e demitiuse do cargo de ministro da Economia (2014-2016) do governo do Presidente François Hollande para apresentar a sua candidatura.
Com a passagem à segunda volta da líder da extrema-direita, Marine Le Pen, Macron beneficiou do apoio de dezenas de políticos, empresários, intelectuais, artistas e cientistas, incluindo o republicano François Fillon (direita) e o socialista Benoît Hamon, derrotados na primeira volta e representantes dos dois partidos que partilharam o poder nas últimas cinco décadas.
A imprensa francesa qualificao de “puro produto da intelectualidade”: filho de um casal de médicos, saído das escolas de elite, banqueiro de investimentos até entrar na política em 2012 como conselheiro de Hollande.
Dessa experiência, e a de ministro, Macron diz ter retirado um ensinamento central: o da disfunção do sistema político. Afirmouse como candidato da “verdadeira indignação” e da renovação, face “às mesmas caras” da classe política “há 30 anos”: “Isto não pode continuar assim!”.
Nas palavras de Hollande, numa reunião recente, “Macron teve a intuição, precisamente porque estava fora da vida política tradicional, de que os partidos de governo criaram as suas próprias fraquezas, perderam atractividade e estavam (...) desgastados, cansados e envelhecidos”.
Essa intuição levou o jovem ministro a fundar, em Abril de 2016, o seu próprio movimento, 'Em Marche!', com as suas iniciais - EM que reivindica 200 mil militantes.
O programa com que se candidatou é de inspiração social-liberal, prometendo reconciliar “liberdade e protecção”, reformar o subsídio de desemprego, criar apoios especiais para os jovens de bairros desfavorecidos e “olhar para a classe média”, “esquecida pela direita e pela esquerda”.
Europeísta assumido mas com pouca experiência internacional, tentou reforçar esta vertente com uma visita ao Líbano e outra a Berlim, onde se reuniu com a chanceler alemã, Angela Merkel, junto de quem suscita, segundo a imprensa, “interesse e simpatia”.
O seu discurso, politicamente transversal, agrada sobretudo aos jovens urbanos e aos empresários, mas não é popular junto das classes populares, sobretudo rurais, pela globalização que defende.
Contrariamente aos outros candidatos, Macron expôs na campanha a vida privada, aparecendo frequentemente com a mulher, Brigitte, 24 anos mais velha e sua antiga professora. A opção por essa exposição pode ter decorrido do desmentido que fez de rumores lançados nas redes sociais de que seria homossexual.
Mais de 50 mil agentes da Polícia foram destacados para garantir a segurança no dia da segunda volta da eleição presidencial. Os efectivos juntaram-se aos sete mil militares que integram a operação Sentinela, accionada em França desde 2015. O Presidente francês eleito toma posse até 14 de Maio, data em que termina o mandato do socialista François Hollande.