Catoca impulsiona luta cont
Empresa atrai as comunidades para actividades geradoras de renda familiar
Alinhada com as políticas públicas destinadas a melhorar a qualidade de vida da população, a Sociedade Mineira de Catoca transformou o seu programa de responsabilidade social numa verdadeira ferramenta de combate à fome e à pobreza. Além de ajudar na satisfação das necessidades de hoje, a empresa diamantífera prepara as comunidades à sua volta para os desafios de amanhã.
Essencialmente dirigidos às comunidades envolventes, os projectos inseridos no programa de responsabilidade social da Sociedade Mineira de Catoca variam em função das necessidades do grupo alvo, diz Flávio Fernandes, o chefe do Departamento de Sustentabilidade da empresa diamantífera.
Para aquelas localidades que ficam distante de serviços essenciais, como a Educação e a Saúde, a empresa cria-os localmente. No bairro Ngando, por exemplo, que fica a 45 quilómetros da sede da empresa, a distância justificou a construção de uma escola e um posto médico, para evitar que a população tivesse de procurar serviços de saúde ou de educação longe de casa,
Já no bairro Sambaia, que fica a escassos quilómetros da entrada do complexo residencial, a Sociedade Mineira de Catoca dispensou a construção de uma unidade sanitária, devido à proximidade entre a aldeia e a sede da empresa onde funciona uma clínica aberta à população, mas construiu uma escola primária para evitar que as crianças percorressem longas distâncias para estudar.
Mas Sambaia e Ngando são apenas duas de um universo de 12 aldeias que circundam o complexo da Sociedade Mineira de Catoca. Somado, o número de crianças em idade escolar desses bairros ronda os cinco mil. E porque todas estudam, têm direito a batas, merenda escolar e material didáctico, tudo pago pela empresa.
A introdução da merenda escolar no pacote de assistência às comunidades, explica Flávio Fernandes, persegue, entre outros objectivos, a redução da taxa de abandono escolar e o melhoramento dos índices de aproveitamento. O lanche é parte de um programa anual de apoio à Educação, que inclui a distribuição de batas e material escolar.
De todos os projectos inseridos no programa de responsabilidade social da Sociedade Mineira de Catoca, o da merenda escolar é o mais abrangente. A par das comunidades envolventes, beneficia outras escolas da cidade de Saurimo. Basta ver que das cerca de 22 mil unidades confeccionadas por dia, apenas cinco mil ficam para os “filiados” de Catoca.
Os projectos inseridos no programa de responsabilidade social da Sociedade Mineira de Catoca estendem-se a outras áreas. No domínio das águas, a empresa criou sistemas de captação, tratamento e distribuição. Mas, em algumas aldeias por onde passou a reportagem do Jornal de Angola, já só restam equipamentos inoperantes.
A Saúde é outra área em que a população está relativamente bem servida. Em algumas aldeias foram erguidos postos médicos. Mas todos elas têm acesso à assistência médica e medicamentosa na clínica da empresa.
Em serviço desde 2012, a unidade sanitária é gerida actualmente pela Clínica Sagrada Esperança, cujo convénio inclui a transferência de pacientes para Luanda. Aqui, além dos trabalhadores e seus familiares, os integrantes das comunidades têm acesso a tratamento e medicação. Com capacidade para 150 consultas externas por dia e dez camas para internamento, a Clínica comporta um banco de urgências, serviços de ortopedia, cirurgia, oftalmologia, otorrinolaringologia e radiologia.
Olhando para trás, os responsáveis da companhia diamantífera notam que muita coisa melhorou na vida das comunidades. Mas reconhecem que há espaço para mais. O chefe do Departamento de Sustentabilidade da Sociedade Mineira de Catoca aponta 2017 como um ano de viragem. “Isso não tem nada a ver com as eleições”, apressa-se a dizer.
Ao longo dos anos, conta Flávio Fernandes, a intervenção da empresa foi “excessivamente assistencialista”, quando, na verdade, era necessário - e é - preparar as comunidades para a resolução dos seus problemas de forma sustentável.
O desafio da empresa agora é, como nos conta Flávio Fernandes, envolver a comunidade na resolução dos seus problemas, o que implica dota-los de rendimentos. Para começar, a Sociedade Mineira de Catoca pôs em marcha um projecto de requalificação de algumas aldeias.
Requalificação de aldeias
Ainda em fase invisível, o projecto tem já a anuência das comunidades e do governo provincial de quem se espera apenas a emissão do título de direito de superfície. O estudo envolveu sociólogos e antropólogos para permitir que as intervenções de modernização respeitem os elementos tradicionais
O maior desafio da empresa, agora, consiste em envolver as comunidades em actividades geradoras de rendimentos, nomeadamente a agricultura e a criação de animais de pequeno porte para fazer com que sejam elas mesmas as principais responsáveis pelo melhoramento das suas condições de vida
da cultura Tchokwe.
O projecto está em fase de quantificação para se apurar o orçamento. Flávio Fernandes é peremptório quando afirma que o projecto arranca este ano. São três aldeias que vão ser reduzidas a uma, para evitar dispersão de meios e ajudar as comunidades a organizar-se em cooperativas e associações.
Paralelamente à requalificação de aldeias, o Departamento de Sustentabilidade da empresa diamantífera promove a criação de associações e cooperativas de camponeses nas comunidades, com a finalidade de fazer de cada comunidade um pequeno pólo de agro-pecuário.
No domínio da pecuária a aposta recai para os mamíferos de pequeno porte, sobretudo porcos, cabritos e ovelhas. Na agricultura tudo aponta para a massificação do cultivo de mandioca, sem prejuízo a outras culturas.Para integrar as cooperativas basta manifestar interesse. Os meios de produção, as sementes, os fertilizantes e todos os equipamentos necessários são garantidos integralmente pela Sociedade Mineira de Catoca.
Além dos meios de produção, a Sociedade Mineira de Catoca vai garantir às cooperativas e associações de camponeses assistência técnica, através de especialistas em agronomia e veterinária. Os projectos em carteira podem levar à revisão em alta dos valores anualmente reservados para projectos comunitários: cerca de um milhão e quinhentos mil dólares.
Responsabilidade interna
Com 2230 trabalhadores, a Sociedade Mineira de Catoca é, depois da função pública, o segundo maior empregador na província da Lunda Sul. Inserida entre os grandes contribuintes fiscais, a empresa tem uma importância estratégica no mercado de trabalho.
O programa de responsabilidade social da empresa tem uma componente interna, reservada aos trabalhadores e respectivas famílias. Aqui entram, além da assistência médica, seguro de saúde para o trabalhador e quatro membros de família e seguro de vida exclusivamente para o trabalhador. Somados, trabalhadores e familiares, totalizam mais de dez mil segurados, com os quais a empresa gasta anualmente perto de nove milhões de dólares.
Mas no quadro do programa de responsabilidade social da empresa, o projecto de bandeira é hoje a vila residencial Sagrada Esperança, erguida entre a cidade de Saurimo e o complexo de Catoca. A meio das duas localidades.
A vila não tem a imponência da cidade do Kilamba ou do Sequele, mas em Saurimo distingue-se de