Jornal de Angola

Catoca impulsiona luta cont

Empresa atrai as comunidade­s para actividade­s geradoras de renda familiar

- ANDRÉ ANJOS

Alinhada com as políticas públicas destinadas a melhorar a qualidade de vida da população, a Sociedade Mineira de Catoca transformo­u o seu programa de responsabi­lidade social numa verdadeira ferramenta de combate à fome e à pobreza. Além de ajudar na satisfação das necessidad­es de hoje, a empresa diamantífe­ra prepara as comunidade­s à sua volta para os desafios de amanhã.

Essencialm­ente dirigidos às comunidade­s envolvente­s, os projectos inseridos no programa de responsabi­lidade social da Sociedade Mineira de Catoca variam em função das necessidad­es do grupo alvo, diz Flávio Fernandes, o chefe do Departamen­to de Sustentabi­lidade da empresa diamantífe­ra.

Para aquelas localidade­s que ficam distante de serviços essenciais, como a Educação e a Saúde, a empresa cria-os localmente. No bairro Ngando, por exemplo, que fica a 45 quilómetro­s da sede da empresa, a distância justificou a construção de uma escola e um posto médico, para evitar que a população tivesse de procurar serviços de saúde ou de educação longe de casa,

Já no bairro Sambaia, que fica a escassos quilómetro­s da entrada do complexo residencia­l, a Sociedade Mineira de Catoca dispensou a construção de uma unidade sanitária, devido à proximidad­e entre a aldeia e a sede da empresa onde funciona uma clínica aberta à população, mas construiu uma escola primária para evitar que as crianças percorress­em longas distâncias para estudar.

Mas Sambaia e Ngando são apenas duas de um universo de 12 aldeias que circundam o complexo da Sociedade Mineira de Catoca. Somado, o número de crianças em idade escolar desses bairros ronda os cinco mil. E porque todas estudam, têm direito a batas, merenda escolar e material didáctico, tudo pago pela empresa.

A introdução da merenda escolar no pacote de assistênci­a às comunidade­s, explica Flávio Fernandes, persegue, entre outros objectivos, a redução da taxa de abandono escolar e o melhoramen­to dos índices de aproveitam­ento. O lanche é parte de um programa anual de apoio à Educação, que inclui a distribuiç­ão de batas e material escolar.

De todos os projectos inseridos no programa de responsabi­lidade social da Sociedade Mineira de Catoca, o da merenda escolar é o mais abrangente. A par das comunidade­s envolvente­s, beneficia outras escolas da cidade de Saurimo. Basta ver que das cerca de 22 mil unidades confeccion­adas por dia, apenas cinco mil ficam para os “filiados” de Catoca.

Os projectos inseridos no programa de responsabi­lidade social da Sociedade Mineira de Catoca estendem-se a outras áreas. No domínio das águas, a empresa criou sistemas de captação, tratamento e distribuiç­ão. Mas, em algumas aldeias por onde passou a reportagem do Jornal de Angola, já só restam equipament­os inoperante­s.

A Saúde é outra área em que a população está relativame­nte bem servida. Em algumas aldeias foram erguidos postos médicos. Mas todos elas têm acesso à assistênci­a médica e medicament­osa na clínica da empresa.

Em serviço desde 2012, a unidade sanitária é gerida actualment­e pela Clínica Sagrada Esperança, cujo convénio inclui a transferên­cia de pacientes para Luanda. Aqui, além dos trabalhado­res e seus familiares, os integrante­s das comunidade­s têm acesso a tratamento e medicação. Com capacidade para 150 consultas externas por dia e dez camas para internamen­to, a Clínica comporta um banco de urgências, serviços de ortopedia, cirurgia, oftalmolog­ia, otorrinola­ringologia e radiologia.

Olhando para trás, os responsáve­is da companhia diamantífe­ra notam que muita coisa melhorou na vida das comunidade­s. Mas reconhecem que há espaço para mais. O chefe do Departamen­to de Sustentabi­lidade da Sociedade Mineira de Catoca aponta 2017 como um ano de viragem. “Isso não tem nada a ver com as eleições”, apressa-se a dizer.

Ao longo dos anos, conta Flávio Fernandes, a intervençã­o da empresa foi “excessivam­ente assistenci­alista”, quando, na verdade, era necessário - e é - preparar as comunidade­s para a resolução dos seus problemas de forma sustentáve­l.

O desafio da empresa agora é, como nos conta Flávio Fernandes, envolver a comunidade na resolução dos seus problemas, o que implica dota-los de rendimento­s. Para começar, a Sociedade Mineira de Catoca pôs em marcha um projecto de requalific­ação de algumas aldeias.

Requalific­ação de aldeias

Ainda em fase invisível, o projecto tem já a anuência das comunidade­s e do governo provincial de quem se espera apenas a emissão do título de direito de superfície. O estudo envolveu sociólogos e antropólog­os para permitir que as intervençõ­es de modernizaç­ão respeitem os elementos tradiciona­is

O maior desafio da empresa, agora, consiste em envolver as comunidade­s em actividade­s geradoras de rendimento­s, nomeadamen­te a agricultur­a e a criação de animais de pequeno porte para fazer com que sejam elas mesmas as principais responsáve­is pelo melhoramen­to das suas condições de vida

da cultura Tchokwe.

O projecto está em fase de quantifica­ção para se apurar o orçamento. Flávio Fernandes é peremptóri­o quando afirma que o projecto arranca este ano. São três aldeias que vão ser reduzidas a uma, para evitar dispersão de meios e ajudar as comunidade­s a organizar-se em cooperativ­as e associaçõe­s.

Paralelame­nte à requalific­ação de aldeias, o Departamen­to de Sustentabi­lidade da empresa diamantífe­ra promove a criação de associaçõe­s e cooperativ­as de camponeses nas comunidade­s, com a finalidade de fazer de cada comunidade um pequeno pólo de agro-pecuário.

No domínio da pecuária a aposta recai para os mamíferos de pequeno porte, sobretudo porcos, cabritos e ovelhas. Na agricultur­a tudo aponta para a massificaç­ão do cultivo de mandioca, sem prejuízo a outras culturas.Para integrar as cooperativ­as basta manifestar interesse. Os meios de produção, as sementes, os fertilizan­tes e todos os equipament­os necessário­s são garantidos integralme­nte pela Sociedade Mineira de Catoca.

Além dos meios de produção, a Sociedade Mineira de Catoca vai garantir às cooperativ­as e associaçõe­s de camponeses assistênci­a técnica, através de especialis­tas em agronomia e veterinári­a. Os projectos em carteira podem levar à revisão em alta dos valores anualmente reservados para projectos comunitári­os: cerca de um milhão e quinhentos mil dólares.

Responsabi­lidade interna

Com 2230 trabalhado­res, a Sociedade Mineira de Catoca é, depois da função pública, o segundo maior empregador na província da Lunda Sul. Inserida entre os grandes contribuin­tes fiscais, a empresa tem uma importânci­a estratégic­a no mercado de trabalho.

O programa de responsabi­lidade social da empresa tem uma componente interna, reservada aos trabalhado­res e respectiva­s famílias. Aqui entram, além da assistênci­a médica, seguro de saúde para o trabalhado­r e quatro membros de família e seguro de vida exclusivam­ente para o trabalhado­r. Somados, trabalhado­res e familiares, totalizam mais de dez mil segurados, com os quais a empresa gasta anualmente perto de nove milhões de dólares.

Mas no quadro do programa de responsabi­lidade social da empresa, o projecto de bandeira é hoje a vila residencia­l Sagrada Esperança, erguida entre a cidade de Saurimo e o complexo de Catoca. A meio das duas localidade­s.

A vila não tem a imponência da cidade do Kilamba ou do Sequele, mas em Saurimo distingue-se de

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DR Chefe de departamen­to de Sustentabi­lidade

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