CARTAS DO LEITOR
Crítica dos media
Há dias estive numa palestra ligada ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e fiquei satisfeito com o conselho, entre vários deixados pelo prelector, relativamente ao papel do jornalista que trabalha nos media públicos.
O prelector disse que quem trabalha num órgão cuja linha editorial não lhe agrada ou contraria a sua convicção política, filosófica ou religiosa, tem duas soluções, continuar ou abandonar. Em minha opinião, enquanto estudante de Ciências da Comunicação, não se pode trabalhar num órgão e falar-se mal do referido órgão publicamente. Isso contraria a Lei Geral do Trabalho, nos artigos que obrigam o trabalhador a guardar os segredos da empresa e não fica bem sob nenhum pretexto vir a público falar mal do local em que se trabalha.
Aqueles que se não revêem na linha editorial e nas práticas do órgão em que laboram podem até tentar fazer a sua “luta interna” para contribuírem para a mudança desejada ou, num acto mais nobre e digno, demitirem-se das suas funções.
Tiro de largada
Já foi dado o tiro de largada para a realização das eleições gerais em Angola, já com data marcada, mas não tardam vão chegar reclamações de falta de preparação. Digo isso porque sei do que falo, sobretudo em função do que ocorreu em pleito anteriores. Hoje, os mesmos partidos que até muito recentemente alegavam que as autoridades iam supostamente adiar as eleições poderão ser apanhadas com a “boca na botija”, como sói dizer-se.
O dia 23 de Agosto chega a passos largos e sei que há partidos que até agora nem sequer têm as listas preparadas para participar no pleito, bem como há aqueles que nem sequer congresso realizaram. Em minha opinião, com a excepção dos dois primeiros partidos que fizeram já a entrega oficial das suas candidaturas junto do Tribunal Constitucional, nas vestes de Tribunal Eleitoral, os outros parecem claramente enfrentar dificuldades.
É estranho que tenham tido cerca de quatro anos, nos quais podiam preparar todas as condições para oficializarem a candidatura. Em todo o caso, espero que as formações políticas com problemas na gestão dos seus problemas sejam bem sucedidos para conseguirem ainda ir a tempo de participar das eleições.
Terraplanagem de vias públicas
Não consigo perceber por que razão não se fazem em muitos bairros de Luanda trabalhos de terraplanagem das suas vias .
Penso que as Administrações municipais deviam preocupar-se com esta situação, que , em minha opinião, não deve implicar elevados custos. No bairro em que eu moro, o Prenda, um cidadão teve a iniciativa de mobilizar um tractor para arranjar uma via. Acho entretanto que devem ser as administrações municipais a tomar estas iniciativas. Se não há dinheiro para estas pequenas obras, alguma entidade deve bater-se para que haja verbas destinadas a tornar fluidas as vias públicas dos nossos bairros, onde circula um número elevado de viaturas.
Não devemos esperar que um governante visite os bairros para se fazerem trabalhos de reabilitação nas vias públicas. É preciso cuidar da qualidade de vida das populações , a partir dos bairros . As coisas simples mas necessárias devem ser feitas com celeridade.
Novos autocarros
Fiquei satisfeita a notícia de que poderão vir a circular mais autocarros públicos em Luanda. Moro muito distante do meu local de trabalho e tenho e de gastar diariamente cerca de mil Kwanzas com táxis, o que consome quase metade do meu salário.
Se houver muitos autocarros a circular, acredito que muitos trabalhadores hão-de se sentir aliviados. Que venham os novos autocarros e que a sua manutenção seja eficiente, para que tenhamos esses meios durante vários anos.
Não basta comprar autocarros novos. Temos de criar também condições para os preservar. Temos de ter o hábito de cuidar bem do património do Estado.