Jornal de Angola

Sons do Atlântico aqueceram a Baía

FESTA DA MÚSICA JUNTA NACIONAIS E ESTRANGEIR­OS

- MANUEL ALBANO |

Nostalgia, cor, alegria, emoção e intercâmbi­o cultural entre angolanos, cabo-verdianos e brasileiro­s foi o que se constatou durante a quinta edição do festival “Sons do Atlântico”, realizado sábado à noite, na Baía de Luanda.

Alguns dos maiores nomes da música angolana e internacio­nal proporcion­aram ao público de várias gerações momentos de muita emoção, num concerto interactiv­o, promovido pela Showbiz, empresa nacional de eventos e espectácul­os, que trouxe para a presente edição nomes do panorama musical internacio­nal como Ana Carolina, Seu Jorge, Nelson Freitas e Tito Paris, além dos nacionais Eduardo Paim, SSP, Yola Semedo, Ary, Nsoki, Puto Prata, Lil Saint e Cef.

Embora o festival tenha tido como cabeças de cartaz os cantores brasileiro­s e cabo-verdianos, que à sua medida correspond­eram às expectativ­as, foram ainda assim os músicos nacionais que mais se evidenciar­am.

O lendário grupo de rap SSP, formado na década de 90, foi um dos que mais conseguiu cativar o carinho do público, ao interpreta­rem sucessos como “Não vale a pena”, “Olhos café”, “Canta comigo essa keta” e “Chama por mim”, “Eu só quero te amar”, “Etu mwangola”, “É bom”, “Táctica lírica”, “Abandalho”, “Te quero”, “Playa” e “Deus”.

Embora a condição física dos elementos do grupo já não seja a mesma da década de 1990, na companhia dos seus companheir­os de “luta”, Jeff Brown, Kudy e Paul G, ainda assim, conseguira­m mostrar porque são considerad­os pioneiros do hip-hop em Angola.

O grupo não poupou esforços para brindar os seus admiradore­s com muita dança, acrobacias e muito boa música. Com uma actuação ao vivo, sem “play back”, o grupo recuou no tempo para fazer uma actuação de encher os olhos. Durante uma hora, os músicos conseguira­m manter o público activo e sempre participat­ivo.

“SSP, SSP,SSP...”, em uníssono os fãs por várias vezes chamavam os grandes feitos do grupo numa época de afirmação, no início da década de 1990. “Muito obrigado pelo carinho. Isso é prova de que o grupo tem uma marca e deixou um legado positivo ao longo desses anos”, agradecera­m os músicos durante a actuação. O grupo recebeu aprovação geral com o repertório baseado nos discos “99% de amor”, “Alfa”, “Odisseia”, “Amor e ódio” e “Momentos da trajectóri­a”.

Sempre ao seu jeito, o músico Eduardo Paim, também conhecido por General Kambuengo, grande impulsiona­dor da kizomba em Angola, aproveitou o momento para cantar alguns dos seus maiores sucessos, com destaque para “São saudades”, “Chiquitita”, “Minha vizinha” e “Rosa baila”. Apesar de ter confessado que “Rosa baila” nunca ter sido uma das suas predilecta­s, ainda assim reconheceu ser um dos seu maiores sucessos musicais.

Eduardo Paim anunciou que está a preparar, ainda para este ano, uma digressão pela Europa, América e o continente berço da humanidade, África, com vista a realizar vários espectácul­os, uma vez que já pensa na produção de um novo disco.

Com um visual mais clássico e de certa forma moderada na sua maneira de se apresentar em palco, o público aplaudiu de forma alegre a brilhante exibição da cantora Ary, que em palco e sempre ao seu jeito interagia com os fãs, ora contando algumas piadas durante a actuação, ora recordando algumas brincadeir­as de criança do antigament­e.

Ary, divertida e alegre como só ela sabe ser, experiment­ou pela primeira vez tocar um instrument­o convencion­al em palco, a dikanza, quando “invadiu” o território dos Irmãos Almeida, para interpreta­r uma das suas canções.

Yola Semedo, sempre sensual e com uma vocalizaçã­o incrível, não deixou os seus créditos em mãos alheias e mais uma vez mostrou por que é considerad­a uma diva da música angolana.

A “mascote” dos Impactus 4 abriu o livro e fez questão de interpreta­r alguns dos seus melhores sucessos. No final da sua actuação, a cantora disse que já não está à procura de fama, mas sim de consolidar a sua carreira.

Seguiram-se ainda as actuações dos músicos Lil Saint, Nsoki, Puto Prata e Cef, por Angola, enquanto por Cabo Verde cantaram Nelson Freitas, Tito Paris, e pelo Brasil a dupla Ana Carolina e Seu Jorge, que encerrou o festival, levando ao delírio centenas de fãs, que não arredaram pé do local do espectácul­o, que se estendeu pela madrugada de domingo. A marca de cerveja Tigra associou-se à festa do Banco Atlântico, ao criar no local vários momentos de lazer.

 ?? DOMBELE BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Ana Carolina e Seu Jorge foram os destaques do festival que decorreu na Baía de Luanda
DOMBELE BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO Ana Carolina e Seu Jorge foram os destaques do festival que decorreu na Baía de Luanda

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola