Micro indústria impulsiona hortofruticultura
Província da Huíla continua aberta ao investimento privado
O fomento da produção de alimentos, uma vertente inequívoca de combater a fome e a pobreza e diversificação da economia, tem um contributo do projecto agro-industrial “Jardins da Yoba”, implementado nos municípios da Chibia e da Humpata, província da Huíla. Implementado em 2014, o projecto com 600 hectares, divididos em 400 no município da Chibia e 200 na Humpata, permitiu integrar mais de 400 pessoas, no processo produtivo de cereais, hortícolas e tubérculos.
O projecto surgiu no quadro das acções do Executivo de incentivar a produção nacional em grande escala. O director de produção do “Jardins da Yoba”, João Saraiva, garantiu que a produção de alimentos no projecto decorre sem sobressaltos.
“Estamos bem em termos de produção. Temos fazendas com plantações de milho, batata e já estamos a preparar os terrenos para a época da produção da cebola”, frisou.
A finalizar a primeira temporada de produção em tempo de chuva, disse João Saraiva, está-se a dar início da produção em tempo seco, com expectativas de produção de batata rena.
“Estamos a atingir recordes de produção acima já de 25 a 30 toneladas por hectares, nas três variedades que estão a ser desenvolvidas na fazenda da Chibia”, garantiu.
A nível de produção de milho, referiu, existe dois programas distintos. “Vai haver um programa muito agradável de desenvolvimento de sementes de milho ao abrigo do Programa Nacional de Sementes.”
Por outro lado, está-se a desenvolver duas variedades de milho, uma de branco e outra de amarelo, onde, com o desenvolvimento desse programa, se vai permitir que seja comercializada essa semente.
No milho híbrido para grão, referiu João Saraiva, está-se a produzir cerca de 10 toneladas por hectare. Já no programa de desenvolvimento de sementes, que, segundo João Saraiva, é um programa específico em que o objectivo não é de tanta quantidade, mas de qualidade, está-se com uma média que varia entre cinco a seis toneladas por hectare.
“Temos três fazendas, todas elas com áreas superiores a 200 hectares. Estamos nesse momento com cerca de 600 hectares em produção”, garantiu o responsável do projecto.
O projecto integra três fazendas em contextos diferentes. Uma na Humpata, que aproveita as condições climáticas muito específicas da altitude. Está ainda disponível a fazenda da Mukuma, na Chibia, numa zona de transição, que permite fazer uma agricultura produtiva em tempo de chuva e existe outra nos barros pretos e pesados nas zonas térmicas do rio Caculuvar.
Quantidade de colheitas
O processo de produção e colheita é permanente ao longo do ano, devido à alta tecnologia instalada.
João Saraiva disse, ainda, que no projecto das três fazendas a plantação e a colheita são permanentes. “Temos as culturas escolhidas para que, em determinadas épocas do ano, possamos produzir, colher milho e a semear cebola e, quando estivermos a colher cebola, estamos a semear novamente o milho e a batata produzida ao longo de todo ano. Estamos sempre em ciclo de produção permanente”, frisou.
O responsável de produção diz que a batata que foi semeada em Dezembro foi colhida entre Março e Abril. Foram produzidos 50 hectares dedicados à produção de batata de semente e tirou-se cerca de 400 a 600 toneladas de batata.
Experiência na soja
A produção de soja foi solicitada pelo Governo Provincial da Huíla, disse João Saraiva, que acrescentou: “não há grandes experiências de soja no sul de Angola, por ser uma cultura mais característica do centro do país. Pediram-nos para fazer essa experiência e estamos a fazer.”
A experiência, salienta, está a correr bem, porque estão a ser aproveitados três hectares para a produção de soja experimental, feita em condições diferentes. A soja foi semeada há um mês e meio e espera-se atingir bons resultados. O ensaio ainda decorre e os primeiros resultados começam a ser colhidos no próximo mês de Junho.
“A soja no sul de Angola, assim entendemos, tem que acompanhar o ciclo de produção do milho. Pode ser semeada normalmente com as primeiras chuvas. Nesta região, o que termina com a sementeira do milho e da soja é o início da chuva. Este ano, a chuva começou um pouco mais tarde, isto é em Novembro, e tivemos chuva muito irregular até Janeiro”, lamentou.
A praga que assolou as culturas foi agressiva na região, esclarece João Saraiva, para quem, em função da “agressividade”, houve necessidade de efectuar-se a desinfestação completa dos campos, para depois se fazer as sementeiras.
A soja e o milho podem ser postos nesta região, a partir de Outubro ou Novembro, dependendo da primeira chuva. A época de colheita do milho começa em finais de Fevereiro até Maio e a soja acompanha, mais ou menos o mesmo ciclo, como afirmou João Saraiva.
Produção de massango
O massango é uma cultura muito importante que se tem de trabalhar com os membros das comunidades rurais. O massango é fundamental no combate à fome e à pobreza e é importante também como cultura de substituição do milho. “Aquilo que temos estado a constatar é que as chuvas são cada vez mais irregulares e concentradas. A produção do mesmo é uma alternativa positiva para se criar uma segurança alimentar das famílias”, disse.
Para a cultura do massango, o projecto agro-industrial “Jardins da Yoba”, em todas as áreas, está a produzir 100 hectares. “É uma cultura que temos feito com a colaboração dos agricultores. Temos estado a trabalhar com o camponês local e temos feito sementeiras em conjunto com os membros das comunidades. A direcção do projecto tem aconselhado os agricultores devido a dificuldades de água, assim aconselhamos a substituição de milho para massango”, disse.
No cultivo do massango, adiantou, o rendimento é de uma a 1,5 toneladas por hectare. Mais de 80 a 100 toneladas de massango é a perspectiva de colheita da direcção do projecto, nas áreas produzidas com essa cultura. É de referir que o massango pode secar na espiga, tem um processo muito complicado e fica pronto entre Junho e Julho.
Programa de sementes
O projecto agro-industrial “Jardins da Yoba” está inserido no Programa Nacional de Sementes.
O massango é uma cultura muito importante que se tem de trabalhar com os membros das comunidades rurais. O massango é fundamental no combate à fome e à pobreza e é importante também como cultura de substituição do milho