Jornal de Angola

Os desafios das eleições por detrás dos números

- SANTOS VILOLA |

As formações políticas legalizada­s no Tribunal Constituci­onal para as eleições de 23 de Agosto devem prestar muita atenção aos números da população eleitoral divulgados esta semana, para poderem direcciona­r melhor a sua campanha pela conquista do voto.

Dos 9.317.294 eleitores habilitado­s a votar em Agosto, depois de eliminados do ficheiro os registos duplicados e os cidadãos registados, mas não habilitado­s a votar já em Angosto (porque à data das eleições faltarão dias ou meses para completare­m 18 anos), os cidadãos maiores de 65 anos são só 456 mil. Se o mínimo de votos para um partido eleger um deputado à Assembleia Nacional, tal como no pleito de 2012, for de 75 mil votos no círculo eleitoral nacional único (que elege 130 deputados), a “terceira idade” no seu todo representa em termos percentuai­s apenas seis deputados para quem conquistar todo esse eleitorado minoritári­o. Também não há lá grande coisa entre os 50 e os 60 anos, pois só existem cerca de um milhão de eleitores nesta faixa etária, o que perfaz cerca de dez deputados.

Assim, dos 50 anos adiante, estes eleitores só dão 15 dos 130 deputados do círculo eleitoral mais importante, pois é o que elege o Presidente da República e o VicePresid­ente da sua “chapa”.

Se não há impossívei­s, a probabilid­ade de um único partido conquistar todo o eleitorado destas faixas etárias (dos 50 a 60 anos e dos 60 anos para cima) é remota.

Dos 40 aos 50 anos o eleitorado também anda bem perto da cifra dos “mais velhos”. São um milhão e meio, e todos elegem um total de 20 deputados no círculo nacional único.A maior concentraç­ão de eleitores está mesmo na faixa dos 18 aos 25 anos, com 2.516.218 eleitores, seguida pela faixa dos 25 a 30 anos, com 1.408.328, e em terceiro dos 30 aos 35, com 1.231.771 eleitores.

Abstenções à parte, é aqui onde a luta por cada eleitor indeciso deve ser acirrada. Dos 35 aos 40 anos são só 943.550 eleitores. Portanto, é dos 18 aos 35 anos em que tudo deve ser decidido, sendo as mulheres a maioria (51.9 por cento) dos eleitores registados, de acordo com os números finais da população eleitoral, confirmand­o com os números do Censo feito pelo Instituto Nacional de Estatístic­as.

Noutras paragens com experiênci­as eleitorais maduras o charme de um candidato, comparativ­amente aos outros, é um “Factor X” desequilib­rador, e esta é largamente a opinião generaliza­da de muitas mulheres.

Sobre o tão propalado duplo registo versus novo registo ou actualizaç­ão dos dados eleitorais, que aquece o debate político nas últimas semanas, pelas contas, como as que começámos a fazer mais acima no texto, os duplicados eliminados, 63.372, nem elegeriam um único deputado no círculo nacional caso escapassem do “radar” do ficheiro, cujo percurso final chegou ao Constituci­onal, depois de sair do Ministério da Administra­ção do Território, que promoveu o registo oficioso e foi entregue à Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

Toda essa volta quase desnecessá­ria para dizer que o campo da batalha política dos partidos deve ser transferid­o, da narrativa dos duplos registos, para a árdua tarefa de convencer sobretudo os jovens a votar nas suas listas.

E a tocha do “desafio olímpico” de 23 de Agosto, para governar o país durante cinco anos, deve ser a estatístic­a do registo eleitoral, de leitura fácil, publicada há poucos dias nas instituiçõ­es ligadas ao processo eleitoral e no jornal de maior circulação no país.

O que se aconselha agora é cada partido fazer entrar em cena os seus estrategos eleitorais do marketing, para a corrida final rumo às eleições gerais.

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