A digitalização da morte
A operação “TEMPESTADE NO DESERTO”, nome que designou a 1ª invasão dos USA (Estados Unidos da América) ao Iraque, foi comandada por Colin
Powell, nomeado por George Bush para chefe do EstadoMaior, o mais alto posto militar da América. A guerra foi eminentemente mediatizada e os écrans de televisão, as transmissões da guerra ganhavam mesmo aos dependentes de telenovelas ou similares. Correu pelo mundo que o grande cabo de guerra Colin Powell comandava a guerra sentado em frente dos computadores.
Pela primeira vez, estávamos perante a digitalização da morte. Porque as guerras são para matar e a morte, para além de comandada, entrava em nossas casas pela televisão.
A evolução tecnológica que levou à informática e seus benefícios para as ciências, incluindo a medicina, dentro do neoliberalismo passou a super estrutura da globalização. Sem regras, como os mercados e as recentes crises económicas com dívidas impagáveis. Porém, a humanidade não se importou com as manipulações da informática e os efeitos do reverso da medalha. Os próprios especialistas, alguns, começaram a inventar vírus para depois inventarem antivírus e os consumidores comprarem como vacinas.
As vidas e a intimidade das pessoas começaram a ser devassadas. Alguns estudantes não necessitam de ler livros para prepararem uma tese académica. Vão à net, consultam resumos, notas biobibliográficas e podem fazer um calhamaço sobre William Shakespeare sem sequer saberem de Julieta.
Hoje, no entanto, pode dizer-se que um urbano só não usa informática se não tiver dinheiro para tal. Sendo certo que tudo é para bem servir, sobra aí a questão de como usar esse instrumento que já foi uma caixa grande e ruidosa e agora é um pequena placa ou um telemóvel que se usa na palma da mão. A pessoa pode ter diversos jornais a ler no telemóvel. E contactos de todo o tipo, amizades, sexo virtual ou negócios. A informática passou de necessidade a diversão, perda de tempo e perversidade para delinquentes, quadrilhas e pedófilos. Num mundo em que a vida é curta e que cada vez mais a ciência pretende aumentar o tempo de vida, não faz muito sentido perder uma grande parte da vida no isolamento do computador ou do telemóvel para, sem darmos por ela estarmos a perder tempo de vida quase esquecendo que queremos estar vivos. Mas abrimos a maquineta e estamos a mostrar o nosso rosto, a falar e a ver a outra pessoa, a maravilha de uma mãe falar com um filho que está longe, a estudar (que não é para todos).
Agora surge uma nova questão social e filosófica que é a da robotização. Os robôs já fazem muita coisa, conversam com o seu “pai” e até aperfeiçoam-se no exercício das tarefas. Há grandes espaços onde se entra, tiram-se as compras, digita-se o telemóvel e já não se passa pelo caixa. Claro, cada vez serão dispensáveis trabalhadores. Os filósofos mais optimistas, que acreditam que o mundo só pode caminhar para um sistema universal em que exista um mínimo ético para cada um viver e com a robotização, cada um fará aquilo de que gosta e não aquilo onde pode ganhar o sustento como acontece hoje com as maiorias, e daí a criatividade passaria a ser a grande reserva e motor da melhoria da vida.
Porém, num mundo ocidental assustado com as bombas e camiões fórmula morte, com uma europa de dívidas impagáveis que se disfarçam com negociações, guerras por todo o lado e uma visita a um lugar santo que se prepara com uma insegura crença recorrendo ao betão armado e toneladas de homens de segurança... para o Papa santificar duas que foram crianças e tiveram visões... o mundo, depois de tanta maka com os computadores, abre a boca de espanto com mais um susto: O jogo da baleia azul, que, em boa verdade não se trata de um jogo mas mais de uma apelação de certas seitas que defendem o suicídio. Passa-se mais ou menos assim: há um intermediário que contacta um adolescente, conversa, explica como fazer e cumprir a escala que passa por automutilação até ao suicídio. Falam que foi inventado na Rússia onde já morreram muitos jovens e já chegou a muitos países incluindo Portugal. E como os pais podem antecipar a defesa dos seus filhos contra esta morte digitalizada? A questão não se resolve com legislações nacionais (já que as internacionais como as resoluções da ONU, os grandes não cumprem). A questão está em como descobrir defender os filhos adolescentes desta praga de mercado livre, do conceito de liberdade que tolera partidos contra os direitos humanos como um que foi à 2ª volta das eleições em França e fez trinta e tal por cento contra os direitos humanos. A questão é a do neoliberalismo que deixa que as invenções científicas se possam virar contra o homem, que a impunidade seja compensada pelo transe que nos possa ser passado pela televisão e agora toca a descobrir uma tecnologia para suportar a captura dos criminosos que ainda não são porque não há crime sem lei!
Tudo, por causa da digitalização da morte!