Actividade pesqueira caiu nos últimos anos
A ministra das Pescas, Victória de Barros Neto, disse ontem em Luanda que nos últimos anos o Estado angolano tem vindo a reduzir a actividade pesqueira. A ministra falava na abertura de um seminário regional sobre as espécies marítimas.
Victória de Barros Neto disse que a redução da pesca decorre da situação internacional em que se observa uma redução dos recursos marinhos vivos que muitas vezes é atribuída à sobrespesca.
A ministra sublinhou que a estratégia do Executivo de reduzir a capacidade de captura do pescado permite melhorar o sistema de fiscalização para o combate à pesca ilegal. Victória de Barros Neto indicou que o efeito da aplicação da estratégia de redução do pescado muitas vezes não tem tido o impacto desejado por não ter como base o funcionamento do ecossistema.
A ministra das Pescas referiu que as mudanças climáticas e os aspectos de poluição estão a tornar-se cada vez mais um desafio para a sustentabilidade dos oceanos e sistemas aquáticos. “Este quadro, associado às incertezas económicas e financeiras e à crescente competição para os recursos naturais, é uma ameaça para todos nós”, disse.
O grande desafio de Angola, frisou, é ter um ecossistema saudável e produtivo e que para enfrentar este desafio a Comissão da Corrente de Benguela desempenha um papel importante. Victória de Barros Neto referiu que na última conferência ministerial da Comissão da Corrente Fria de Benguela, realizada em Dezembro de 2016, os países membros reforçaram a intenção de promover a gestão regional integral do ecossistema de forma intenção a garantir a saúde dos oceanos.
A ministra das Pescas enalteceu a parceria existente entre a Comissão da Corrente Fria de Benguela e a FAO, através do Programa Nansen, e do Reino da Noruega, através do Instituto de Investigação Marinha de Bergen.
A ministra das Pescas felicitou o governo da Noruega pela construção de um novo navio de investigação, “Dr. Fridtjof Nansen”, que dispõe de uma tecnologia de ponta para a investigação marinha e a sustentabilidade global dos ecossistemas e oceanos. O navio “Dr. Fridtjof Nansen” chega a Angola em Outubro deste ano, numa expedição que o levará à Namíbia e África do Sul. A ministra pediu aos cientistas angolanos para tirarem o maior proveito das inovações tecnológicas do navio norueguês.
O ministro conselheiro da Embaixada da Noruega em Angola, Havard Hoksnes, disse que a Noruega tem como prioridade tornar a exploração dos oceanos sustentável. A estratégia da Noruega sobre os oceanos, disse, dá prioridade ao uso sustentável e crescimento azul, oceanos limpos e saudáveis e o papel da economia azul na política de desenvolvimento.
A cooperação internacional, disse, é a chave para lidar com os desafios que o mundo vive e apontou que problemas ambientais como o lixo plástico estão a ameaçar a vida no mar. “A Noruega desempenhará um papel de liderança internacional nos esforços para manter os oceanos limpos e saudáveis”, disse.
A estratégia do governo norueguês sobre os oceanos prevê um diálogo com alguns países para a sua protecção e o ministro conselheiro da Embaixada da Noruega em Angola fez apelo à aposta na aquicultura e na pesca para melhorar a segurança alimentar a nível mundial.
O novo navio de investigação “Dr. Fridtjof Nansen”, disse Havard Hoksnes, vai tornar possível aumentar a assistência da Noruega para a gestão marinha, baseada nos ecossistemas em países em desenvolvimento e intensificar os esforços para combater o crime de pesca e pesca não declarada e não regulamentada.