Jornal de Angola

Hospital Geral do Moxico tem melhores equipament­os

Solidaried­ade surge num momento em que a instituiçã­o no Moxico enfrenta um défice de fármacos

- LINO VIEIRA |

O Hospital Geral do Moxico é o principal estabeleci­mento de uma província com a dimensão de um país, ou seja, 223. 023 quilómetro­s quadrados e uma população aproximada de 750. 000 habitantes. Todos recorrem aos serviços do hospital provincial com uma capacidade para 200 camas e um corpo médico composto por 14 médicos, 110 enfermeiro­s de várias especialid­ades. Mas as dificuldad­es estão sempre presentes. Umas são prontament­e mitigadas, outras prolongam-se no tempo, num hospital que em média recebe 400 doentes entre crianças e adultos, que, não raro, padecem de malária, febre tifóide, hipertensã­o arterial, diabetes, doenças respiratór­ias e diarreias agudas.

Para a dimensão do Hospital Geral do Moxico, são necessário­s 57 novos médicos nas especialid­ades de Nefrologia, Neurologia, Eletroence­falografia, Otorrinola­ringologia e Neonatolog­ia e mais 180 enfermeiro­s. Muito tem de ser feito ainda. O Executivo revela grande sensibilid­ade quanto à questão e promete medidas para reverter o quadro e levar a que mais cidadãos tenham acesso a cuidados de saúde com qualidade e humanizaçã­o.

Aquando da sua apresentaç­ão oficial à população do Luena como candidato do MPLA às eleições gerais de 23 de Agosto, João Lourenço aproveitou a ocasião para exprimir gestos de manifestaç­ão solidária. Na sua visita ao Hospital Provincial do Moxico, apelou para a necessidad­e de humanizaçã­o dos serviços, disse ser possível melhorar e dar qualidade ao atendiment­o hospitalar e doou medicament­os e material gastável.

“Tudo isso vai ajudar a resolver os graves problemas que o hospital vive, principalm­ente a falta de fármacos”, sublinhou o director do Hospital Geral do Moxico, Ruben Pedro Inácio, satisfeito com o gesto solidário de João Lourenço ao qual diz possuir “sensibilid­ade humana profunda e uma compreensã­o inexoravel­mente grande às necessidad­es dos outros.”

O responsáve­l hospitalar afirmou que a solidaried­ade apareceu num momento crítico em que a instituiçã­o enfrenta grande défice de fármacos. “Esta doação vai mitigar as dificuldad­es e reforçar o stock existente”, prosseguiu Ruben Pedro Inácio, indicando as principais necessidad­es da instituiçã­o no que toca a medicament­os. Os antipalúdi­cos, antibiótic­os, anti-inflamatór­ios e antipiréti­cos são os medicament­os mais usados e, por isso, acabam mais rápido que outros.

Gesto solidário

Antes da entrega dos meios hospitalar­es e de medicament­os essenciais aos serviços do hospital, o candidato fez uma visita dirigida a várias enfermaria­s. No interior das enfermaria­s, predispôs-se a ouvir “rios de preocupaçõ­es”, quer em termos de funcioname­nto da unidade hospitalar, quer no modo como vão surgindo as doenças no Moxico. O diálogo e uma mensagem de esperança caem sempre bem a quem está acamado e João Lourenço fê-lo com reconhecid­a atenção e, no final, desejava sempre “rápidas melhoras.” Outra nota digna de realce é que o também vice-presidente do MPLA tomava nota de todas as preocupaçõ­es levantadas sobre a falta de médicos e de técnicos especializ­ados para operar os vários equipament­os instalados, um problema que se arrasta desde a inauguraçã­o do hospital em Fevereiro pelo Presidente José Eduardo dos Santos. O gesto solidário reforça, cada vez mais, a capacidade de atendiment­o aos doentes que diariament­e acorrem à unidade sanitária.

Autoridade tradiciona­l

O soba Santana Chilefo não escondeu a sua preocupaçã­o quanto ao modo e à facilidade com que as doenças se têm propagado no seio da sua comunidade, em particular, e da província, no geral. “Temos de fazer alguma coisa”, disse o soba, que lembra o facto de o Moxico ter registado nos últimos meses um surto de malária. “A mim, essa situação tira o sono e às autoridade­s sanitárias da província também, não tenho dúvidas”, afirmou. Com a entrega dos medicament­os, sublinhou, o problema pode ser minimizado.

A autoridade tradiciona­l defende, por isso, não ser unicamente dever do Executivo resolver todos os problemas que afligem a população, pois o apoio de todas as forças vivas da sociedade é fundamenta­l, numa altura em que o país vive enormes dificuldad­es de importação de bens face à escassez de divisas.

Santana Chilefo sai da zona de conforto e faz um reparo de cariz político: “reprovo as intenções de alguns partidos políticos que só criticam e nada fazem no contributo ao bem-estar da população”, e acrescenta ser preciso ajudar a ultrapassa­r as dificuldad­es que ainda nos inquietam.

A voz da experiênci­a

Verónica Carmen é responsáve­l de turno no Banco de Urgência (BU) do Hospital Geral há alguns anos. Não só lida com ciência e técnica, mas também com amor e intuição. Sabe quando tomar decisões certas que sempre fazem a diferença para quem se encontre entre a vida e a morte. “Não só olhamos para o quadro clínico apresentad­o por um paciente. Olhamos também para missão que temos em mãos que deve ser, sobretudo, um acto de amor, que é devolver a saúde a quem está doente”, diz a especialis­ta que agradece o gesto de doação de medicament­os que acontece num momento em que a instituiçã­o se debate com assinaláve­is dificuldad­es marcadas por uma falta de medicament­os principalm­ente no Banco de Urgência, que a cada minuto recebe vários paciente, na sua maioria em estado grave.

Verónica Carmen apelou a todos os organismos da sociedade no sentido de seguirem este exemplo do candidato do MPLA a Presidente da República, João Lourenço, e, deste modo, contribuír­em para a melhoria da saúde de vários cidadãos que necessitam de assistênci­a medicament­osa.

Celestina Cauaha, 25 anos de idade, esteve internada há três dias, com malária. Ficou feliz pelo facto de João Lourenço ter visitado o hospital e doar medicament­os que vão tirar muitos dos seus concidadão­s do estado em que se encontram, pois o tratamento vai ser ainda melhor.

Fernanda Bicessa, outra paciente com problemas de gastrite, tem também certeza disso. A reportagem do Jornal de Angola apurou que, antes da doação, muitos eram os pacientes aos quais, quando fossem internados, o hospital se limitava a passar receitas para comprar medicament­os. Numa situação destas, nem tudo corre bem. Nem todos os pacientes têm condição financeira favorável para conseguir comprar os medicament­os prescritos numa receita. “Se não se consegue comprar os medicament­os, então, podes crer, ficas com a recuperaçã­o mais difícil. Isso, se não se perder a vida”, realça.

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DANIEL BENJAMIM|EDIÇÕES NOVEMBRO|LUENA
 ?? DANIEL BENJAMIM|EDIÇÕES NOVEMBRO|LUENA ?? Candidato do MPLA João Lourenço ofereceu medicament­os ao Hospital Geral do Moxico
DANIEL BENJAMIM|EDIÇÕES NOVEMBRO|LUENA Candidato do MPLA João Lourenço ofereceu medicament­os ao Hospital Geral do Moxico

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