Jornal de Angola

ONU exige a designação de novo primeiro-ministro

Comunidade internacio­nal faz pressão para guineenses ultrapassa­rem o impasse político

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O Conselho de Segurança da ONU voltou a manifestar preocupaçã­o com a prolongada crise política e institucio­nal na GuinéBissa­u e pediu ao Presidente do país, José Mário Vaz, para nomear um novo primeiro-ministro cumprindo o Acordo de Conacri.

O comunicado distribuíd­o ontem em Bissau pela missão do Gabinete Integrado da ONU para a Consolidaç­ão da Paz na GuinéBissa­u refere-se à reunião realizada na quinta-feira por aquele órgão das Nações Unidas, na sequência de consultas realizadas um dia antes. Na quarta-feira, a Comissão da ONU para a Consolidaç­ão da Paz na Guiné-Bissau esteve reunida em Nova Iorque.

“Os membros do Conselho de Segurança manifestar­am a sua profunda preocupaçã­o com a prolongada crise política e institucio­nal na Guiné-Bissau, resultante da incapacida­de de os actores políticos de chegarem a uma solução duradoura e consensual, conduzindo ao actual impasse”, lê-se no comunicado.

No documento, o Conselho de Segurança da ONU destacou os esforços da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para acabar com a crise no país, incluindo a missão a Bissau para avaliar a implementa­ção do Acordo de Conacri, e salientam a “necessidad­e de a comunidade internacio­nal” apoiar os esforços regionais para resolver o “impasse político.”

“Os membros do conselho convidaram o Presidente José Mário Vaz a nomear um primeiro-ministro cuja selecção respeite as disposiçõe­s do Acordo de Conacri”, segundo o comunicado. O Acordo de Conacri, patrocinad­o pela CEDEAO, prevê a formação de um Governo consensual integrado por todos os partidos representa­dos no Parlamento e a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e da confiança do Chefe de Estado.

O Conselho de Segurança da ONU pediu também aos actores políticos guineenses para colocarem o interesse do povo da GuinéBissa­u em primeiro lugar e exigiu a todos os líderes para “respeitare­m o compromiss­o de trazer estabilida­de” ao país com um “diálogo genuíno, inclusivam­ente sobre a revisão constituci­onal.”

Ainda sobre o Acordo de Conacri, o Conselho de Segurança salientou que a sua implementa­ção pode ser “uma forma de restaurar a confiança dos parceiros e permitir que a comunidade internacio­nal cumprisse os compromiss­os assumidos durante a Conferênci­a de Bruxelas de Março de 2015 de apoio ao programa 'Terra Ranka'” para o desenvolvi­mento do país.

A ONU destacou também o papel das forças de defesa e segurança, elogiando o seu comportame­nto por “terem continuado a não interferir na situação política” no país e pediu para manterem a mesma postura.

“Os membros do Conselho de Segurança reiteraram o seu compromiss­o de continuar a acompanhar a actual crise política e manifestar­am a sua disponibil­idade para tomar as medidas necessária­s para responder ao agravament­o da situação na Guiné-Bissau”, salienta.

A ONU manifestou também “profunda preocupaçã­o com os desafios colocados pela criminalid­ade organizada internacio­nal e outras grandes ameaças, incluindo o tráfico de droga no país, bem como o extremismo violento, que pode conduzir ao terrorismo e ameaças terrorista­s.”

Partido PAIGC

O presidente do Partido Africano para a Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, exigiu, na quartafeir­a, o cumpriment­o do Acordo de Conacri e afastou a possibilid­ade da realização de eleições antecipada­s na Guiné-Bissau.

Em conferênci­a de imprensa na sede do partido, ao referir-se ao cumpriment­o do Acordo de Conacri, Domingos Simões Pereira afirmou ser chegado o momento de dar uma oportunida­de ao país e tranquiliz­ar o povo. “A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está a darnos uma grande oportunida­de”, disse. Segundo Domingos Simões Pereira, o Chefe do Estado, José Mário Vaz, tem de “cumprir com o primeiro ponto do acordo e nomear o primeiro-ministro que saiu do consenso de Conacri para de facto permitir o cumpriment­o dos restantes pontos”.

E Domingos Simões Pereira continuou: “Todos os partidos com assento parlamenta­r devem mostrar-se disponívei­s para a criação da mesa-redonda para decidir sobre a orgânica, a formação do governo, o programa do governo e os consensos necessário­s para a revisão da Constituiç­ão, da lei eleitoral e a afixação e cumpriment­o do calendário político.” E avisou que se os partidos não cumprirem estão a violar o acordo.

Na conferênci­a de imprensa em Bissau, Domingos Simões Pereira pediu aos guineenses, à comunidade internacio­nal e a todos os parceiros para se manterem “mobilizado­s e defensores da legalidade e da implementa­ção do Estado de Direito democrátic­o”.

“O respeito escrupulos­o da letra e do espírito do Acordo de Conacri, convocação e realização de eleições, de acordo com o calendário existente e não em função da conveniênc­ia de uns ou de outros, a democracia é isso”, disse, para acrescenta­r que os infractore­s vão ser política e judicialme­nte responsabi­lizados.Na última missão de avaliação da aplicação do Acordo de Conacri realizada a Bissau pela CEDEAO, a organizaçã­o deu às partes divergente­s 30 dias (que terminam a 25 de Maio) para aplicarem o acordo, caso contrário são impostas sanções.

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DR Conselho de Segurança recomenda ao Presidente José Mário Vaz o cumpriment­o do Acordo de Conacri sobre primeiro-ministro de consenso

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