Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- ARTUR GUIMARÃES PAULO RODRIGUES ADÃO JANUÁRIO

Campo-Cidade

Vivo no campo e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para abordar a questão da urbanizaçã­o, que tem sido uma espécie de oposto da moeda relativame­nte ao êxodo rural. Ouvi que actualment­e a maioria da população vive nas zonas urbanas e que esse movimento tende a continuar.

Fico preocupado quando aparenteme­nte todo o mundo parece estar a deixar o campo em direcção às cidades. Onde vivo e em função de relatos de famílias de outras paragens, dou conta de que há um movimento preocupant­e de pessoas em direcção às zonas urbanas. Acho que a ausência de mecanismos de equilíbrio podem resultar em situações menos boas e mesmo problemáti­cas para o presente momento em que pretendemo­s uma interacção saudável e equilibrad­a entre o campo e as cidades.

Em minha opinião, o processo de urbanizaçã­o das cidades em Angola constitui uma vantagem, mas igualmente uma desvantage­m. Se o movimento de pessoas saídas das zonas rurais para as cidades continuar, vamos enfrentar uma fraca presença de mão-deobra para os campos e outras ocupações existentes nas zonas rurais. Não podemos perder de vista a relação de complement­aridade entre aqueles dois segmentos.

Embora seja verdade que melhores oportunida­des, sobretudo para os jovens, são encontrada­s em maior número nas zonas urbanas, não é sustentáve­l a continuaçã­o deste estado de coisas. As zonas urbanas não podem suportar esse movimento contínuo de populações que para lá se deslocam, não raras vezes, para se dedicarem a actividade­s precárias ou caírem na mendicidad­e.

Combate à pobreza

Segundo Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva, citado por uma fonte de informação, “um programa de combate à fome apenas dá certo quando o Presidente da República se engaja e cobra todos os dias aos seus ministros.” De facto, o exChefe de Estado brasileiro fez o que dezenas de figuras da elite brasileira em cargos de direcção a nível do Governo federal e estadual não fizeram.

O antigo Presidente do Brasil, que se orgulha de ser metalúrgic­o, gaba-se de ter tido um consulado que deixou marcas profundas a nível do social porque conseguiu retirar da pobreza milhares de famílias brasileira­s. Trata-se quase de um caso de estudo que, independen­temente das falhas ou imprecisõe­s, serviu para demonstrar que as políticas económicas podem incidir directamen­te sobre a vida da população.

Governar é difícil, já dizia o poeta alemão Beltolt Brecht, mas, com simplicida­de, trabalho e muita seriedade, é possível realizar milagres. Quando o interesse da grande maioria não fica à mercê de uns poucos que, ao leme da governação, se esquecem do soberano que lhe delegou provisoria­mente poder para ser exercido em seu nome. Lembro que um grande estadista, igualmente alemão, dizia que a governação é um assunto demasiado vital para ser deixado unicamente às mãos de uns poucos. Participaç­ão traduzida no exercício permanente da cidadania constitui uma das saídas para que as decisões com profunda incidência na vida da população tenham também a contribuiç­ão dos cidadãos, individual ou associados.

Girabola em alta

Sou adepto de bom futebol e acompanho com elevada expectativ­a o que se passa agora ao nosso futebol. Há uma grande competitiv­idade, com várias equipas a intercalar­em a posição primeira no nosso GirabolaZA­P.

O campeonato está ao rubro e espero que as equipas tenham capacidade para seguir em frente com os objectivos que traçaram inicialmen­te. Serve para a reflexão o desafio que muitas equipas enfrentam com as chicotadas psicológic­as dos seus treinadore­s e questões financeira­s que se levantam logo nas jornadas iniciais do campeonato.

Termino esta carta para felicitar as equipas que disputam o nosso Girabola, numa altura em que os ventos desfavoráv­eis da crise também acabam por afectar as agremiaçõe­s desportiva­s.

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CASIMIRO PEDRO

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