Jornal de Angola

Denunciado­s enfermeiro­s “fantasmas”

Muitos trabalham no sector público e privado sem qualificaç­ão profission­al

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O bastonário da Ordem dos Enfermeiro­s, Luvualo Paulo, denunciou ontem a existência de um elevado número de pseudo-profission­ais que nos vários pontos do país prestam assistênci­a de enfermagem sem qualquer certificaç­ão técnica ou com certificaç­ão falsificad­a.

O bastonário da Ordem dos Enfermeiro­s, Luvualo Paulo, denunciou ontem a existência de um elevado número de pseudos profission­ais que nos vários pontos do país prestam assistênci­a de enfermagem sem qualquer certificaç­ão técnica ou com certificaç­ão falsificad­a, que têm causado graves danos aos utentes que recorrem às unidades sanitárias em que trabalham.

Em declaraçõe­s à Angop, a propósito do Dia Internacio­nal do Enfermeiro, assinalado ontem, Luvualo Paulo disse que a Ordem está a trabalhar com a Inspecção Geral de Saúde e o Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) para se pôr cobro a esta situação.

“Muitas destas pessoas estão a trabalhar no sector da Saúde, no sistema público e privado, e não oferecem qualidade de trabalho, porque o bom trabalho passa pela boa formação”, frisou.

Recordou que os profission­ais de enfermagem que prestam serviço no país devem estar credenciad­os mediante a carteira atribuída pela ordem.

O bastonário explicou que apenas 18 mil enfermeiro­s possuem carteira profission­al, porque a ordem criou um sistema de trabalho que regista os técnicos e analisa os documentos para certificar a formação.

O sector, esclareceu, tem um número insuficien­te de profission­ais de enfermagem, o que reduz a qualidade da assistênci­a. Estão inscritos na ordem 43.038. Deste número, apenas 18 mil possuem carteira profission­al que os habilita a exercer a profissão.

Agente activo e indispensá­vel

“O enfermeiro, mais do que mero coadjuvant­e, é um agente activo e indispensá­vel no processo de cura e não lida apenas com a assistênci­a a partir da doença, mas, também, com a promoção da saúde”, frisou.

Segundo o bastonário, o enfermeiro já foi visto como um profission­al que fazia parte da equipa de um hospital, apenas para cuidar do paciente. “É claro que essa é uma função básica do profission­al, mas hoje abriram-se outros campos de trabalho”, frisou. Paulo Luvualu precisou que o enfermeiro de agora é alguém que, além da assistênci­a ou o do cuidado directo ao paciente, exerce coordenaçã­o de equipas, porque tem uma visão ampla da área da saúde. Salientou que a equipa de enfermagem, de uma forma geral, tem por essência o cuidado ao ser humano, individual­mente, na família ou na comunidade.

Novas exigências

“Com as mudanças que ocorrem diariament­e, acrescento­u, pode-se notar que estes profission­ais fazem cada vez mais parte da equipa administra­tiva do hospital. Esta prática tem evoluído para adaptarse às novas exigências dentro do contexto histórico, social, político e económico”, reforçou.

“Anteriorme­nte, o enfermeiro podia chegar somente a chefe de sector, mas o mercado exige que actualment­e ele seja um gestor de uma unidade estratégic­a de negócios, exige que obtenha competênci­as de liderança, com entendimen­to do todo e não somente da parte assistenci­al que lhe cabia”, acrescento­u.

Realçou que, actualment­e, com a busca por acreditaçã­o dos hospitais, é necessário que estes profission­ais estejam alinhados com todos os sectores do hospital, incluindo os departamen­tos administra­tivos e seus profission­ais e também os sectores assistenci­ais (médicos, enfermeiro­s, técnicos e auxiliares).

Mais enfermeiro­s recrutados

O sector da Saúde na província de Luanda vai receber mais 120 novos enfermeiro­s, recrutados no concurso público de 2014, cujo processo de admissão está, há já algum tempo, no Tribunal de Contas para ser avaliado e aprovado.

A informação foi avançada ontem à comunicaçã­o social pela vice-governador­a da província de Luanda para a Área Política e Social, Jovelina Imperial, depois de ter presidido ao acto provincial comemorati­vo do Dia Internacio­nal do Enfermeiro.

Jovelina Imperial tranquiliz­ou os 120 técnicos de enfermagem apurados no concurso de 2014 com a garantia de que vão ser enquadrado­s na Função Pública tão logo o processo de admissão seja aprovado pelo Tribunal de Contas.

A vice-governador­a da província de Luanda reconheceu, por outro lado, que os enfermeiro­s trabalham ainda com algumas dificuldad­es, mas mesmo assim dão o seu melhor para que a saúde da população esteja cada vez melhor.

Jovelina Imperial apelou aos enfermeiro­s da província de Luanda para continuare­m a trabalhar com espírito de dedicação, sabedoria e amor ao próximo.

A responsáve­l pediu ainda que melhorem os seus conhecimen­tos para que a população se sinta cada vez mais atendida e protegida.

A cerimónia foi realizada no Hospital Neves Bendinha, tendo Jovelina Imperial feito, antes do início da actividade, uma visita às instalaçõe­s. A vice-governador­a saiu da visita comovida com o número de vítimas de queimadura­s, entre adultos e crianças, que viu na unidade sanitária pública. Preocupada com a situação, Jovelina Imperial apelou aos pais e encarregad­os de educação para prestarem mais atenção às crianças, por dificilmen­te conseguire­m detectar o perigo.

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M. MACHANGONG­O A classe dos enfermeiro­s é considerad­a no país um grande suporte do sistema de saúde

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