Angolanos preparados para outra liderança
O arcebispo emérito do Lubango, D. Zacarias Kamwenho, acredita que os angolanos estão “psicologicamente preparados para receber uma outra liderança” e que é grande a expectativa depositada em João Lourenço, o candidato apontado pelo MPLA para suceder ao actual Presidente.
O também prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento e os Direitos Humanos (2001) participa nas celebrações do Centenário das Aparições em Fátima, Portugal, com três bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) e 80 peregrinos angolanos, presentes igualmente para acompanhar a visita do Papa Francisco, que começou ontem e termina hoje. Para o antigo arcebispo do Lubango e ex-presidente da CEAST, se há um, dois anos, a eventual retirada “abrupta” do Presidente José Eduardo dos Santos “criaria perturbações”, na situação actual o “receio” está “atenuado” por se saber já quem é o candidato do MPLA.
“Por tudo o que temos visto, é um dado adquirido que, pronto, José Eduardo dos Santos terá que descansar depois de Agosto, e mesmo que se retirasse hoje, naturalmente, as coisas estão preparadas, o que não aconteceria há um, dois anos”, afirmou, sublinhando que “agora todos estão com os olhos fixos em João Lourenço” e “psicologicamente preparados para receber outra liderança.”
D. Zacarias Kamwenho, que falava à imprensa lusa, destacou o facto de João Lourenço ter sido “o primeiro governante” a proferir a expressão “que Deus nos ajude”, o que dá “certa esperança” de que, por acreditar “nos grandes valores do Evangelho, possa levar o barco a bom porto.” Para o arcebispo, o programa apresentado por João Lourenço tocou em assuntos muito sérios, destacando o facto de falar “abertamente do combate à corrupção”, uma tarefa que se antevê difícil. O programa “é aquele que a igreja defende, que primeiro é a pessoa, a educação, a formação das pessoas e pôr nos lugares certos as pessoas certas e não compadrios, o nepotismo”, disse, realçando também as referências à saúde.
O arcebispo emérito do Lubango falou também da melhoria da situação da Igreja Católica em Angola, reconhecida hoje como “um parceiro” do Estado, sobretudo em assuntos sociais e “respeitada” por ter sabido sempre estar ao lado do povo.