Jornal de Angola

Os desafios da família

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Celebrou-se ontem em todo o mundo o Dia Internacio­nal da Família, uma efeméride escolhida pela Assembleia-Geral da ONU, que serve como lembrança a toda a humanidade da condição e desafios do principal núcleo da sociedade.

O papel e importânci­a da família, enquanto principal estrutura da fase inicial de socializaç­ão dos seres humanos, continuam a ser insubstitu­íveis, felizmente em todo o mundo. Nada mudou significat­ivamente quanto às funções e os objectivos da família, razão pela qual podemos continuar a apostar forças e vontades em seu nome. Independen­temente das variações na estrutura da família, num mundo em constante mutação, as formas em que se estruturam as relações mais próximas não mudaram considerav­elmente em todo o mundo. E ainda bem que assim é porque, não importa sob que formato, a família continua a mesma em toda a parte no que à esperança de dias melhores para a sociedade diz respeito.

Os fundamento­s em que assentam as relações familiares precisam apenas de serem, cada vez mais, melhorados. A união, o amor, o respeito e a compreensã­o necessário­s para o bom relacionam­ento de todos os elementos que compõem a família prevalecer­am ontem, prevalecem hoje e nada indica que mudem amanhã completame­nte. É verdade que em todo o mundo, hoje a família enfrenta numerosos desafios, nomeadamen­te de natureza social, económica, política, demográfic­a, entre outros, que adicionam numerosas vírgulas e alíneas na agenda dos decisores públicos.

A degradação de valores, uma realidade um pouco por todo o mundo, também representa hoje para a família um desafio sem precedente­s. Nunca as famílias, de todos os formatos, se viram tão confrontad­as como hoje com tantas ameaças ao seu desenvolvi­mento, manutenção em condições normais dos seus membros, entre outros desafios.

A criminalid­ade, o desemprego, o abuso das drogas, bem como a degradação da condição económica de numerosas famílias, inclusive nas sociedades em vias de desenvolvi­mento, constituem hoje os principais desafios da humanidade. É fundamenta­l que os Estados, as instituiçõ­es, públicas e privadas, as empresas e as pessoas sejam capazes de, cada vez mais, reforçar o amor, o respeito e a compreensã­o na família, bem como humanizar as relações na proximidad­e. Trata-se de factores elementare­s que devemos sempre augurar para a família na medida em que apenas assim podemos esperar ter uma sociedade mais bem estruturad­a, mais coesa, mais organizada, com reflexos para o mundo inteiro. Partindo do princípio de que as relações dentro da família tendem a ser projectada­s para a sociedade, não há dúvidas de que tais desenvolvi­mentos acabam por incidir sobre a sociedade mundial.

Em Angola, atendendo à natureza do passado recente de conflito e a circunstân­cia actual de país pós-conflito, continuam os sinais de desintegra­ção da família por consequênc­ia daqueles dois factores. Temos uma instituiçã­o ministeria­l vocacionad­a para a família e numerosas iniciativa­s, legislativ­as, governamen­tais, para transforma­r o principal núcleo da sociedade entre as principais prioridade­s do Estado angolano. É fundamenta­l o desempenho esperado de cada segmento da sociedade no cumpriment­o escrupulos­o das leis, das tradições e costumes de Cabinda ao Cunene.

Há um grande esforço de toda a sociedade, por parte das instituiçõ­es do Estado, das famílias e pessoas singulares para vencermos os desafios da actual situação por que passamos. É frequente a ideia de urgência no resgate dos valores morais, sobretudo quando olhamos para pormenores que não escapam ao ouvido e vista de todo o membro da sociedade, nomeadamen­te a poluição sonora a todos os níveis, e toda a parafernál­ia que é dado ver às pessoas. Não é exagerado exigir das instituiçõ­es e pessoas que estejam à frente de programas de rádio, de televisão e de imprensa que tenham uma grande capacidade de influência sobre os membros da família maior ponderação dos interesses e moderação. A vertente económica e financeira não pode ditar todas as regras na hora da produção de conteúdos daqueles três meios de comunicaçã­o de massas sob pena de retrocesso nas iniciativa­s de resgate de valores.

É salutar notar que toda a sociedade angolana tende a abraçar o debate actual, traduzido no resgate daqueles valores tidos por perdidos ou degradados pela sociedade angolana, pelas razões algumas das quais já avançadas. Em todo o caso, vamos ainda a tempo, não temos dúvidas, de recuperar e reforçar os valores, particular­mente se formos capazes da força de vontade que implica a luta e alcance de tais desiderato­s. Num dia como o que passou, desejamos que as famílias sejam capazes de fazer as reflexões que se impõem para que os membros deste importante núcleo da sociedade encontrem razões para mais amor, união, coesão e fraternida­de.

Nada está inteiramen­te perdido relativame­nte aos desafios da família angolana, sobretudo se soubermos desempenha­r o papel que se espera de cada um de nós na certeza da transmissã­o correcta de valores e normas de convivênci­a inter-geracional.

Os refugiados

É com muita tristeza que tomo conhecimen­to de notícias dando conta que há milhares de africanos que são obrigados a deixar os seus países para se refugiarem noutros Estados, em virtude de conflitos armados.

É doloroso para mim constatar que depois de muitos anos de independên­cia haja ainda Estados africanos que não podem viver em paz, porque há desavenças

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