Potências impedem o acesso a armas nucleares
PUTIN E TRUMP PODEM CRIAR PROTOCOLO CONJUNTO Rússia e EUA consideram perigoso o uso descontrolado do arsenal de grande destruição
O mundo foi apanhado nos últimos dez anos, sem surpresa, numa corrida às armas de grande destruição como a “mãe de todas as bombas”, usada pelos Estados Unidos no Afeganistão, e, agora, as grandes potências querem manter o monopólio nas armas nucleares, para evitar consequências sem precedentes como a humanidade tem memória com os acontecimentos de Hiroshima e Nagazaki.
Moscovo e Washington são a favor de um plano para travar a entrada de mais países no domínio do arsenal de alta destruição, onde despontam, além da Rússia e EUA, Reino Unido, Índia e Paquistão. Segundo analistas em matéria de segurança, a controvérsia nesta área e noutros pontos da política internacional entre o Kremlin e a Casa Branca tornam as coisas mais graves.
O Presidente russo, Vladimir Putin, é de opinião que o “clube das potências nucleares não deve ser aumentado”, sem no entanto ter avançado directamente uma situação, mas alguns analistas consideram que ele estava a se referir à Coreia do Norte.
Putin defende que os testes de mísseis e ensaios nucleares da Coreia do Norte, em tais circunstâncias, são inaceitáveis, por isso “é preciso voltar ao diálogo e parar de aterrorizar a Coreia do Norte, porque tal procedimento apenas agrava o quadro. “Afirmo que nos manifestamos categoricamente contra o alargamento do clube das potências nucleares, nomeadamente com a Península Coreana, como pretende alcançar a Coreia do Norte”, disse Putin. O Presidente russo avançou que a sua posição é bem conhecida dos seus parceiros, do mundo e, em particular, da Coreia do Norte. “Somos contra essa pretensão, considerando que tal é contraproducente, prejudicial e perigoso”, declarou Putin.
Adiantou que o lançamento de mísseis pela Coreia do Norte não ameaça a Rússia. Após o lançamento, o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, manifestou a posição da Rússia, explicou Putin.
“Este lançamento de mísseis não representou ameaça directa para nós. Mas isso, sem dúvidas, cria condições para o conflito, não há nada de bom nisso”, declarou Putin, durante uma conferência de imprensa na China.
As partes envolvidas já tiveram uma experiência positiva de diálogo com a Coreia do Norte, quando este país declarou o fim do seu programa nuclear, mas, segundo o líder russo, “infelizmente não houve suficiente paciência por parte de todos os participantes das negociações”. Fontes junto a administração norte-americana confirmaram a imprensa internacional que o Presidente Donald Trump também persegue este objectivo, “a diferença talvez está em como agir contra os programas nesse sentido, como o do Irão e o da Coreia do Norte”.
As fontes consideram que um encontro entre os dois Presidentes ajudaria a aproximar as ideias e manter o compromisso de agir com base num programa de acção contra esses países. Rússia e EUA estão em dificuldade para retomar as relações bilaterais e a cooperação internacional activa. O senador russo, Aleksei Pushkov, acredita que as relações russo-americanas não podem ser reconstruídas em páginas em branco. “Mas não se deve construí-las a partir de páginas sujas, que foram deixadas pela Administração de Obama”, acrescentou o senador. O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, disse, em entrevista ao canal de TV NBC, que as relações actuais russo-americanas não correspondia nem aos interesses dos EUA nem aos de todo o mundo.
Ele sublinhou ser contra o termo “reinicialização”, quando aplicado às relações entre Estados Unidos e Rússia, pois hoje em dia muitos abusam dos termos deste tipo. Tillerson frisou que “não se pode apagar o passado e começar tudo em páginas em branco e que, agora, Washington e Moscovo começam tudo a partir da página em que estão”. Tillerson destacou a importância de considerar as relações num contexto mais amplo.
A administração do ex-Presidente dos EUA, Barack Obama, introduziu, no fim de Dezembro de 2016, sanções contra nove instituições russas, empresas e pessoas físicas, incluindo o GRU (Departamento Central de Inteligência da Rússia) e o FSB (Serviço Federal de Segurança da Rússia), por causa da alegada “interferência nas eleições” e alegada “pressão sobre diplomatas dos EUA”, que trabalham na Rússia.
Aposta na Defesa
A edição norte-americana do “The National Interest” comunica, citando materiais do Instituto de Estudos sobre a Segurança e Defesa, que a Rússia aposta no desenvolvimento de novos tipos de armas. Segundo os analistas, o arsenal renovado das armas nucleares vai ajudar a Rússia a conter eficazmente os novos armamentos dos EUA, dos países da OTAN e da China. Por isso, em resposta à implantação do sistema norte-americano de defesa antimíssil, a Rússia está a desenvolver os novos mísseis balísticos intercontinentais Yars e os submarinos da classe Borei, dotados de mísseis Bulava.
Além disso, a Rússia desenvolve o míssil pesado Sarmat e o sistema de mísseis Rubezh. O sistema ferroviário de mísseis está igualmente a ser desenvolvido e o bombardeiro estratégico Tu-160 tem sido alvo de modernização.
Segundo a edição norte-americana, a Rússia está a reforçar as suas forças estratégicas nucleares, os mísseis de cruzeiro e ainda os mísseis terra-ar. O “The National Interest” reconhece que o lado russo tem vantagens sobre os EUA em termos de qualidade e diversidade dos sistemas de lançamento, podendo garantir a eficiência estratégica das suas forças nucleares no futuro. A Rússia não abandonou o desenvolvimento das armas nãonucleares. Pelo contrário, segundo os analistas, o país avançou muito em várias áreas. Por exemplo, o artigo lembra as armas de energia dirigida, as armas hipersónicas e aparelhos submarinos não tripulados.
A edição refere que, no longo prazo, a Rússia vai desenvolver activamente os sistemas robotizados e dirigidos à distância, incluindo aparelhos aéreos não tripulados, os novos sistemas de guerra radioelectrónica e cibernética e os sistemas de controlo de forças, incluindo a Internet militar. “Em resumo, o Kremlin está a levar a cabo uma estratégia racional, com os recursos técnicos e materiais da Rússia”, frisa o “The National Interest”.