Rega gota-a-gota galvaniza camponeses na Huíla
FOMENTO DA AGRICULTURA NOS GAMBOS
A instalação do sistema de rega gota-a-gota está a galvanizar os agricultores do perímetro irrigado do Chiange, no município dos Gambos, uma das circunscrições da província da Huíla mais afectadas, nos últimos anos, pelas estiagens cíclicas.
O projecto-piloto, que arranca nos próximos dias, numa área de três hectares, é resultado da estratégia de combate à fome e à pobreza. A iniciativa é da Administração Municipal dos Gambos e financiada pelo Fundo das Nações Unidas para a Alimentação (FAO).
Para constatar os trabalhos iniciais do projecto, que envolve 194 famílias camponesas, em posse de pequenas parcelas de terras, o ministro da Assistência e Reinserção Social, Gonçalves Muandumba, visitou o campo de ensaio.
No espaço, os camponeses aprendem também as novas técnicas agrícolas no sentido de servir de réplicas para outras áreas. Aqui, o ministro Muandumba encontrou camponeses empenhados em aprender, no campo experimental, as técnicas de rega gota a gota e animados em produzir alimentos, sobretudo hortícolas e tubérculos.
O projecto é executado pela Associação de Camponeses da Tunda de Chiange. É uma espécie de escola de campo, onde os camponeses aprendem e levam os conhecimentos para outras pessoas nas zonas de origem.
Desde 2012, registou-se a introdução de culturas que não faziam parte dos hábitos e costumes deste povo, como explicou Elias Sova, administrador municipal dos Gambos. Os camponeses estão apostados em explorar os metros disponíveis para produzir o máximo de alimentos possíveis, para o consumo próprio e comercialização do excedente.
O director municipal da Agricultura dos Gambos, João Lucros, explicou que o perímetro irrigado de Chiange dispõe de mais de 400 hectares aráveis, mas a escassez de água condiciona o aproveitamento total do espaço agrícola. João Lucros disse que, neste momento, os camponeses contam com um furo que capta água a cerca de 28 metros de profundidade e bombeia através do sistema de energia solar para os reservatórios disponíveis. Depois tudo é feito por gravidade.
O director da Agricultura afirmou que o perímetro precisa de mais investimentos, nos sistemas de captação de água e de rega gota a gota, para aumentar a área agrícola e consequentemente a produção de alimentos para as famílias do município. O projecto experimental de agricultura, no perímetro irrigado de Chiange, iniciou em 2012. As autoridades locais lembram que o lugar tem sido palco de ensaio de cultura de maior resistência, como a mandioca e a batata-doce, uma nova prática que precisa de estímulo para produzir melhores resultados.
Construção de barragem
O administrador municipal dos Gambos, Elias Sova, afirmou que a solução definitiva para o problema da escassez de água na região passa pela construção de barragens de no rio Caluvar, no sentido de aproveitar o potencial hídrico no tempo chuvoso.
Prevista para a localidade de Nongelo, a mini hídrica dos Gambos, com cerca de 16 metros de altura, vai ser construída numa área de 11 hectares e acumular cerca de 400 milhões de metros cúbicos de água.
O Governo da província da Huíla prevê investir cerca de 472,5 milhões de kwanzas, na construção desse projecto, inserido no programa de construção de três mini hídricas nas localidades da Chibia e Arimba (Lubango).
Apoio às famílias
Gonçalves Muandumba fez a entrega de vários produtos alimentares às famílias afectadas pela estiagem, no município do Gambos, e aos estudantes do lar da Missão Quihita.
O ministro entregou quantidades de sacos de fuba, arroz, feijão, caixas de óleo, conservas, sabão, além de alfaias agrícolas, para minimizar a carência de alimentos no seio das famílias que abandonam as localidades de residência em busca de socorro noutras partes.
As autoridades administrativas informaram que mais de seis mil pessoas, correspondendo a 1.890 famílias, estão afectadas pelo fenómeno, sobretudo das localidades de Taca, Chitongotongo e Chipeyo.
A irregularidade das chuvas registada este ano agravou a situação das famílias, o que provocou que grande parte das culturas ficassem destruídas quer pela estiagem, quer pelas pragas.