Renúncia impossível
Através de uma dessas crónicas terroristas, tidas como sinais dos tempos e contra as quais aliás já tínhamos sido alertados por espíritos clarividentes, dizia, então, que através dessa crónica terrorista, supostamente enviada dos EUA, fomos prevenidos de que o MPLA estaria em risco de extinção e que os seus tradicionais simpatizantes deviam rediscutir os seus destinos. Doutro modo,não teriam em quem votar nas eleições de 2017.
O texto vinha recheado de informações já do domínio comum sobre como os capitais provenientes do nosso país sem justificação legal, contribuíam para a desmoralização do mercado financeiro internacional. O aviso parece não ter surtido o efeito desejado, ou outros quaisquer.
Ainstiga escolhida sobre a extinção não cuiou e o MPLA por desconhecer do seu próximo desaparecimento tomou as rédeas para condução da sua campanha política. Imagine-se que foi ao ponto de apresentar, nos últimos dias, um Programa de Governo para os próximos cinco anos. E o Manifesto.Esta fuga para a frente trouxe consequências evidentes e entre elas a contestação dos motivos para a sua extinção.
Em tese, qualquer extinção é obviamente possível, tudo o que nasce morre, disso não nos podemos furtar. Os da idade provecta, ainda que por uma questão de pudor não se exponham muito, cuidam da extinção e já não toleram mujimbaria pesada ainda que o MPLA não seja persona grata dos EUA e de algumas chancelarias ocidentais. Esses kotas não acreditam que lhes interesse fazer com Angola o que fizeram com a Líbia, apenas para provocar a extinção do ÉME. Nesse particular os corruptores internacionais que passaram pelo nosso país, já os precederam e agora denunciam o resultado da sua acção. O retorno dos capitais sonegados às suas origens seria algo que serviria a todos.
Os kambutas do ÉME nunca viraram as costas aos desafios da História. Mas tanto quanto me apercebi em derredor, eles estão a desaparecer das vistas. Da minha e dos outros. Não prevejo senão o que sempre vivi.O passado, quando no encontro das mãos todos numa só corrente,em caxexe, para não se traírem perante as autoridades coloniais e a recusa daqueles que hoje não se reconhecem nesse aperto das mãos.
Desconfio que terá sido por isso que tenha ocorrido a necessidade de um grande reajuntamento. Faz sentido. No entanto, a matéria do mambo a tratar requeria condições que estão longe de poder ser criadas. Na minha óptica, a principal, teria que se debruçar sobre a iconografia do meio em que a discussão colectiva se iria realizar.
A convocatória ampla e inclusiva e as televisões e os outros meios de comunicação, no entanto, teriam que estar aptas para captar o momento único do novo reencontro. Estou um quanto céptico quanto aos meios a usar para recaptar a crença de velhos ideais desses mais-velhos. Hoje ou andam recolhidos, nos paus-de-mulemba, refúgio preferido dos pássaros ua-toarinha e dos espíritos. Mesmo esses pau-de-mulemba, em Luanda, estão aonde?