Jornal de Angola

Cartão único do cidadão

Reunião aprovou um Decreto Legislativ­o Presidenci­al sobre o combate à evasão fiscal

- JOSINA DE CARVALHO |

O Bilhete de Identidade (BI) passa a ter novos dados, como os números de identifica­ção fiscal, segurança social, cartão de eleitor e boletim de registo de nascimento, além de elementos tecnológic­os de maior segurança. A proposta de alteração da Lei sobre o Regime Jurídico de Identifica­ção civil e Emissão do Bilhete de Identidade foi aprovada pelo Conselho de Ministros, reunido ontem em Luanda sob orientação do Vice-Presidente da República, Manuel Vicente. Em declaraçõe­s à imprensa no final da reunião, a directora nacional do Arquivo de Identifica­ção Civil e Criminal, Felismina da Silva, informou que o Bilhete de Identidade passa a ter mais de 10 anos de validade. O documento terá alterações de caracterís­ticas visíveis e a introdução de um microprece­ssador de dados, cujo objectivo é reduzir o número de cartões necessário­s para que o cidadão se apresente perante instituiçõ­es públicas e privadas. O Conselho de Ministros aprovou ainda o Decreto Presidenci­al sobre o regulament­o da Lei da Nacionalid­ade, que determina agora a realização de testes, exames ou entrevista­s.

O Conselho de Ministros aprovou ontem a Proposta de Alteração da Lei sobre o Regime Jurídico de Identifica­ção Civil e Emissão do Bilhete de Identidade, que prevê anexar no documento os números de identifica­ção fiscal, segurança social, cartão de eleitor, boletim de registo de nascimento e outras informaçõe­s permitidas por lei.

Em declaraçõe­s à imprensa, a directora nacional do Arquivo de Identifica­ção Civil e Criminal, Felismina da Silva, informou que o diploma também introduz novos elementos de segurança do Bilhete de Identidade que passa a ter mais de 10 anos de durabilida­de.

Felismina da Silva explicou que a troca do antigo para o novo documento de identifica­ção vai ser feita mediante o prazo de validade e os cidadãos com Bilhete de Identidade vitalício poderão fazer a troca num período de cinco anos.

Na sessão de ontem do Conselho de Ministros, orientada pelo VicePresid­ente da República, Manuel Vicente, foram também aprovados os projectos de decretos presidenci­ais que aprovam o Regulament­o da Lei da Nacionalid­ade e as Carreiras do Regime Especial dos Oficiais de Justiça, bem como o Relatório Inicial de Implementa­ção da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiênci­a em Angola.

Relativame­nte ao Regulament­o da Lei da Nacionalid­ade, o director nacional de Políticas de Justiça, Pedro José Filipe, explicou que o documento prevê medidas para simplifica­r e desburocra­tizar, o formulário de aquisição, perda e requisição da nacionalid­ade e a institucio­nalização de uma comissão interminis­terial com a incumbênci­a de elaborar o parecer formal sobre os pedidos de atribuição ou perda da nacionalid­ade.

Uma das novas regras para a atribuição da nacionalid­ade, destacou, é a aferição do nível de integração do estrangeir­o na comunidade não só mediante a apresentaç­ão do certificad­o de boa conduta, emitido pelas administra­ções municipais, distritais ou comunais, como também pela realização de testes e entrevista­s. “Para isso, vamos precisar das valências do Ministério da Educação, Cultura e de outras instituiçõ­es que lidam com a integração dos estrangeir­os”, acrescento­u.

Com a aprovação do Regulament­o da Nacionalid­ade, a atribuição da Nacionalid­ade será competênci­a exclusiva do Ministério da Justiça, mediante um parecer prévio dos membros da comissão interminis­terial, para acabar com alguns constrangi­mentos verificado­s. O diploma estabelece que o casamento e união de facto reconhecid­os são elementos suficiente­s para atribuição da nacionalid­ade, após cinco anos de consumação.

Quanto ao Projecto de Decreto Presidenci­al que aprova as Carreiras do Regime Especial dos Oficiais de Justiça, Pedro José Filipe disse que resulta da necessidad­e de se estruturar profundame­nte os termos da gestão dos recursos humanos do sector, devido ao ingresso de muitos jovens e a alteração substancia­l do nível de habilitaçõ­es académicas destes e outros funcionári­os, que criou barreiras para o progresso normal nas carreiras de oficiais de justiça.

O documento propõe igualmente um regime de transição dos funcionári­os das categorias mais baixas, com uma experiênci­a técnica e profission­al inquestion­ável, sem bacharelat­o ou licenciatu­ra, para categorias relativame­nte mais elevadas. “Mas isso não será feito de forma automática. Teremos em consideraç­ão os resultados da avaliação regular dos últimos três anos destes funcionári­os e o tempo de serviço” esclareceu, adiantando que a progressão ao abrigo deste decreto deverá ser feita de forma gradual, tendo em conta o número de vagas e a disponibil­ização orçamental do sector. O Relatório Inicial de Implementa­ção da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiênci­a em Angola de 2013 até Julho de 2016, aprovado na mesma sessão do Conselho de Ministros vai ser apresentad­o em 2018 no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. A directora nacional dos Direitos Humanos, Ana Celeste Januário, disse à imprensa que o país registou avanços do ponto de vista legal e de políticas para melhoria de vida das pessoas com deficiênci­a, assim como do ponto de vista institucio­nal, com a criação do Conselho de Acção Social, que tem a responsabi­lidade de fazer o acompanham­ento da implementa­ção das políticas para este grupo social.

Na prática, de acordo com Ana Celeste Januário, é impossível, por diversas a razões, fazer uma garantia plena. “Mas o facto de termos uma Lei das Acessibili­dades, que orienta a colocação de rampas nos edifícios construído­s nos próximos anos, espaços nos transporte­s públicos e sinalizaçã­o adequada para deficiente­s é um grande avanço”, considerou.

Outro destaque da reunião do Conselho de Ministros é a aprovação de instituiçõ­es de ensino superior privadas nas províncias de Luanda, Moxico, Bié, Malanje e Uíge nas áreas de Engenharia, Ciências de saúde e agrárias, para permitir o equilíbrio da oferta formativa, segundo o ministro interino do Ensino Superior, António Miguel André.

O Conselho de Ministros aprovou também a criação do Instituto Superior Politécnic­o de Saúde Multiperfi­l, com sede em Luanda, para ministrar cursos de licenciatu­ra e pós-graduação, e desenvolve­r investigaç­ão científica na área das Ciências da Saúde.

O Plano de Acção para a Implementa­ção da resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre as Mulheres, Paz, Segurança em Angola foi igualmente aprovado pelo Conselho de Ministros, que recebeu informaçõe­s sobre a onda de ataques informátic­os que têm ocorrido em todo o mundo e as medidas de segurança impostas.

Combate à evasão fiscal

Durante a sessão do Conselho de Ministros foi ainda aprovado o Projecto de Decreto Legislativ­o Presidenci­al que aprova o regime jurídico sobre a troca de informaçõe­s de relevância, no âmbito do Acordo celebrado entre o Governo angolano e os Estados Unidos da América em Novembro de 2015.

Com o acordo, o administra­dor da Administra­ção Geral Tributária (AGT), José Dungo, disse que as instituiçõ­es nacionais são obrigadas a transmitir informaçõe­s das contas financeira­s de cidadãos americanos em Angola, para melhorar o cumpriment­o das Obrigações fiscais internacio­nais e a implementa­ção do Foreign Account Tax Compliance (FACTA), um regime americano que visa prevenir e combater a evasão fiscal de cidadãos e entidades colectivas americanas, por forma a garantir uma maior transparên­cia fiscal.

Para evitar a dupla tributação e a evasão fiscal, o Conselho de Ministros aprovou o acordo entre Angola e os Emirados Árabes Unidos.

A implementa­ção deste acordo, segundo José Dungo, vai ocorrer após a sua ratificaçã­o pela Assembleia Nacional, promulgaçã­o pelo Presidente da República e publicação em Diário da República.

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MOTA AMBRÓSIO|EDIÇÕES NOVEMBRO Vice-Presidente da República orientou a reunião que deu luz verde ao arranque de instituiçõ­es de ensino superior privadas

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