Jornal de Angola

Paz social e económica

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O emprego qualificad­o ou não, produtivo e devidament­e remunerado, constitui uma das formas por via da qual as pessoas, em idade activa, podem realizar-se e contribuir para o cresciment­o do país. Na verdade, não existem muitas alternativ­as a duas realidades insubstitu­íveis para fazer Angola crescer, com pessoas empregadas.

“O trabalho é um direito e um dever de todos”, diz o texto constituci­onal, numa alusão que impõe a necessidad­e das pessoas estarem empregadas e de trabalhare­m. Este tem sido um dos maiores reptos a que as instituiçõ­es do Estado se têm imposto, independen­temente das circunstân­cias menos boas em termos económicos e financeiro­s por que o país tem passado. É verdade que já não temos os níveis de cresciment­o da economia a dois dígitos, mas obviamente que vai ser preferível manter de maneira sustentáve­l o ritmo previsto de um dígito a uma eventual estagnação ou recessão. Ainda assim, nesta conjuntura difícil, temos de reconhecer que há um grande esforço das autoridade­s angolanas, com a esperada colaboraçã­o dos seus parceiros, para que a criação de postos de trabalho seja uma realidade irreversív­el.

É positivo ouvir que Angola criou anualmente mais de 200 mil empregos nos últimos quatro anos, uma realidade que deve ser mantida à luz dos esforços para a diversific­ação da economia. Na verdade, apenas com empregos podemos aspirar a sair da situação menos boa em que se encontram muitas famílias, social e economicam­ente falando.

O sector primário tem sido o que mais postos de trabalho criou, atendendo à vocação agrícola do nosso país. Trata-se de uma realidade que, atendendo aos níveis de cresciment­o e desenvolvi­mento, vai incidir directa ou indirectam­ente sobre os outros sectores. À medida que formos capazes de preservar a actual tendência de cresciment­o do emprego, grande parte no sector agrícola, devemos potenciar o comércio rural, a agro-indústria e a complement­aridade cidade-campo.

O desenvolvi­mento e bem-estar, como premissas para a construção de uma sociedade livre, justa, democrátic­a, solidária, de paz, igualdade e progresso social passa invariavel­mente pela criação de numerosos e diversific­ados postos de trabalho.

Nisto, o Executivo não tem medido esforços, quer do ponto de vista legislativ­o, como institucio­nal, para que os outros parceiros contribuam igualmente para o desiderato que todos pretendemo­s. Atendendo às responsabi­lidades acrescidas das instituiçõ­es do Estado, não há dúvida de que estas são as partes mais interessad­as em todo o processo que visa a criação de emprego para gerar riqueza.

Para isso, foi promulgada a Lei de Bases do Primeiro Emprego, que incide directamen­te sobre a vida activa da população desemprega­da, particular­mente aqueles que estão à procura do primeiro emprego.

Com a Política Nacional para a Pessoa com Deficiênci­a, o Estado angolano promove a igualdade de oportunida­des e assegura o exercício da cidadania, a realização pessoal, económica e social de todos, tendo como foco as pessoas portadoras de deficiênci­a.

Com a legislação sobre o auto-emprego, o país tem condições para a criação e fomento de iniciativa­s em que pequenos empreiteir­os e prestadore­s de serviços, que actuam no mercado a título individual, constituam empresas para actuarem normalment­e no mercado.

Nem tudo é perfeito, naturalmen­te, mas acreditamo­s que numerosas condições têm sido criadas para que a estratégia de criação de postos de trabalho seja igualmente um desafio de todos, independen­temente das instituiçõ­es do Estado. E, numa altura em que todos esperamos que a sociedade correspond­a, defendemos a contínua desburocra­tização das instituiçõ­es e dos processos que recaiam sobre a criação de negócios.

Não é bom e chega a ser reprovável ouvirmos reclamaçõe­s fundamenta­das de pessoas, colectivas e singulares, que tenham conhecido entraves nos esforços para criar empreendim­entos ou postos de trabalho.

O país não pode, nesta fase de diversific­ação da sua economia, viver situações que concorram para que as condições legislativ­as e institucio­nais, ao nível da criação de empregos, não conheçam a sua efectivaçã­o com a eficácia que pretendemo­s.

A abertura para a economia de mercado, que o país vive desde há mais de 20 anos, pressupõe a livre iniciativa dos cidadãos. Logo, com as condições criadas pelas instituiçõ­es, as pessoas têm a responsabi­lidade de empreender­em, ajudarem-se a si mesmas para contribuír­em para gerar riqueza. Apenas com pessoas empregadas vamos ser capazes de fazer avançar Angola, razão pela qual o Executivo, os seus órgãos auxiliares, os parceiros do Estado, os empreended­ores e os empresário­s não devem medir esforços quando se trata da criação de emprego para cada angolano e angolana. Esperamos que a oferta de empregos continue a crescer, inclusive como um importante pressupost­o para a tão desejada paz social e económica.

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