Jornal de Angola

Académicos de Benguela condenam prática do aborto

CONFERÊNCI­A JUNTA TÉCNICOS

- MAXIMIANO FILIPE |

Ao falar durante a 2ª conferênci­a provincial sobre o “Aborto, crime ou direito da mulher”, promovida pela Associação dos Estudantes do Ensino Superior da Província de Benguela (AEESPB), salientou que a proposta do novo Código Penal Angolano, aprovado na generalida­de pela Assembleia Nacional, proíbe o aborto sem qualquer tipo de exclusão.

Numa perspectiv­a cultural africana, teológica e ética, Bonifácio Tchimboto salientou que todas as estruturas de qualquer sociedade defendem o direito à vida como um bem fundamenta­l e inalienáve­l, apesar de haver uma certa probabilid­ade da descrimina­lização do ponto de vista do Direito.

O docente universitá­rio sublinhou que, do ponto de vista eclesiásti­co, as grandes religiões, nomeadamen­te o budismo, muçulmana, hindus e o cristianis­mo, defendem o direito à vida.

O professor Tchimboto recorreu ao exemplo de certas situações em que “mulheres de diversas regiões do mundo preferem a morte para salvar a vida do filho, em casos extremos.” Considerou uma grande valia e um passo muito importante o facto de a Constituiç­ão da República fazer uma boa referência ao consagrar de forma legal e jurídica o respeito e a protecção do direito à vida de todos os cidadãos.

Face à problemáti­ca do aborto, o padre Geraldo Amândio, professor de Filosofia do Seminário Maior “Bom Pastor”, disse que, numa visão técnica e científica, a ética vem negar o aborto, defendendo o direito igual dos homens à vida, não importa em que circunstân­cias.

O padre católico salientou que a vida é um elemento fundamenta­l que coloca em primeiro lugar a dignidade da pessoa humana na hierarquia de valores.

Geraldo Amândio acrescento­u também que, para o elemento vida, o desenvolvi­mento do embrião ocorre em coordenaçã­o genérica como uma unidade, fazendo um todo programado no ADN. Por esse facto, defende que é um assunto que deve ser aceite e respeitado.

A médica Natália Mahamba considerou que o surgimento da vida humana ocorre, desde os primeiros momentos da sua formação uterina, daí a necessidad­e de ser salvaguard­ado como bem supremo.

A conferênci­a juntou mais de 200 convidados, entre juristas, técnicos médios de Enfermagem, médicos de diversas especialid­ades, historiado­res, sociólogos, líderes de denominaçõ­es religiosas sedeadas em Benguela e estudantes.

A referida lei do Código Penal foi aprovada em Fevereiro, na generalida­de, pela Assembleia Nacional, com 125 votos a favor, por deputados do MPLA e FNLA, sem votos contra e 36 abstenções das bancadas parlamenta­res da UNITA, CASA-CE e PRS.

A nova lei do Código Penal, que penaliza com prisão de quatro a dez anos para a prática do aborto no país, altera o diploma legal herdado do período colonial português, datado de 1886.

O relatório parecer da Assembleia Nacional considera que o Código Penal proposto tem em linha de conta valores e princípios consagrado­s na Constituiç­ão da República de Angola, que se traduzem no respeito pela dignidade humana, garantia dos direitos e deveres fundamenta­is dos cidadãos.

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Campanhas de sensibiliz­ação ajudam mulheres a tomarem consciênci­a de que a vida é um bem que deve ser colocado em primeiro lugar

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