Satélite angolano em fase de testes
MESA REDONDA SOBRE INVESTIMENTO Vice-Presidente da República analisa alargamento da cooperação com dirigente da Federação russa
O satélite angolano AngoSat deve entrar em órbita ainda este ano, segundo o ministro da Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha. O projecto AngoSat está “em bom andamento” e o estado de avaliação do trabalho já realizado está acima dos 80 por cento, de acordo com o ministro, que falava no final do encontro com o vice-primeiroministro da Federação Russa, Yury Trutnev.
Representantes de instituições angolanas e russas realizam hoje, em Luanda, uma mesa redonda sobre investimento. O objectivo é avaliar as melhores vias de investimento e a identificação de sectores prioritários.
“O que interessa neste momento, é alargar a presença da Alrosa em Angola”, sublinhou Yuri Trutnev que realçou a grandiosidade do Plano Nacional de Geologia (Planageo), como um instrumento com o qual se deve contar para o desenvolvimento do sector das minas no país.
Lançado em Maio de 2014, o Plano Nacional de Geologia está a ser desenvolvido há cinco anos pela Empresa chinesa Citic, que é responsável por 25 por cento da área total, pela brasileira Costa e Negócios (37,5 por cento) e pelo consórcio formado pelas empresas Impulso, Instituto Geológico e Mineiro de Espanha e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia de Portugal, que também detêm 37,5 por cento.
O consórcio formado pela Impulso Industrial Alternativo, Instituto Geológico e Mineiro de Espanha e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia de Portugal é responsável pela pesquisa, para determinar o potencial mineiro da região sul e sudeste, que abrange as províncias do Namibe, Huíla, Cunene, Benguela, Huambo, Bié, parte do Cuando Cubango e parte do Cuanza Sul, numa extensão territorial de quase 470 mil quilómetros. A pesquisa vai também determinar o aquífero existente no deserto, o que pode permitir a prática da agricultura nesta e noutras zonas consideradas áridas.
O Plano Nacional de Geologia é considerado um dos maiores levantamentos geológicos a nível mundial, que consiste no mapeamento dos potenciais recursos mineiros, envolvendo levantamentos aéreos, recolha e análise de amostras.
Até ao próximo ano, vai permitir conhecer os recursos naturais de Angola, caracterizando as potencialidades minerais, ao nível do subsolo, para depois captar investidores estrangeiros, a médio e longo prazo. O estudo já permitiu o levantamento aéreo do potencial geológico numa área equivalente a 48 por cento do território nacional.
Cooperação na Defesa
Ainda ontem, o Vice-primeiro ministro da Federação da Rússia, Yuri Trutnev, teve um encontro com o ministro da Defesa Nacional, João Lourenço. Os mecanismos para o aprofundamento da cooperação no domínio militar entre as autoridades angolanas e russas estiveram em análise na reunião.
Em declarações à imprensa no final dos trabalhos, Yuri Trutnev referiu que o momento serviu para discutir os projectos na área técnico-militar entre os dois países, e outros projectos que o seu país está a implementar, assim como os da diamantífera Alrosa, que opera na exploração deste minério em Angola há vários anos. O encontro teve a presença do embaixador da Rússia em Angola, Dimitry Lopbach, e do responsável pela direcção Europa do Ministério das Relações Exteriores, Francisco da Cruz. Angola e a Rússia cooperam no quadro da Comissão Mista Bilateral nos domínios económico, técnico-cientifico e comercial.
Satélite em testes
Em declarações à imprensa, após a audiência com o Vice-Presidente da República, Yuri Trutnev anunciou que o Angosat está já em fase de testes, o que dá a garantia do cumprimento dos prazos para a colocação em órbita ainda este ano.
O dirigente russo prometeu influenciar para a aceleração da fase de testes. “O satélite está praticamente pronto. Vou conversar com as entidades russas para vermos a possibilidade de acelerar esta fase de testes”, sublinhou Yuri Trutnev.
Para o efeito, informou que o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, tem marcado para breve uma viagem a Moscovo, para ver com os técnicos russos e angolanos questões de pormenor sobre o lançamento do Angosat, cujos módulos estão completamente fabricados e montados.
Níveis de relações
O encontro com Manuel Vicente permitiu analisar os níveis de cooperação mútua entre os dois países. Ao destacar os níveis de relações entre Angola e Rússia, Yuri Trutnev lembrou que no ano passado as transacções comerciais duplicaram, “o que mostra o quanto a cooperação é boa”.
“Temos diversos projectos ao nível da defesa e segurança e também nas telecomunicações e na exploração diamantífera”, disse, para acrescentar: “Espero que as transacções comerciais se multipliquem”. Um memorando de entendimento entre as autoridades angolanas e russas é assinado hoje em Luanda, o que vai permitir alargar a cooperação para outras áreas, além dos diamantes. Yuri Trutnev referiu que, neste momento, a presença da Alrosa no mercado nacional dos diamantes responde às necessidades de prospecção e exploração.
Ao falar do interesse do investimento das empresas russas em Angola, Yuri Trutnev lembrou que este não se circunscreve apenas ao segmento dos diamantes, mas também noutros sectores que podem ser grandes pólos de atracção de investimento para as empresas russas.