Jornal de Angola

Donald Trump nega ter citado Israel em conversa com russos

Líder norte-americano lança em Riade plataforma para luta contra o terrorismo

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Numa conferênci­a de imprensa conjunta, em Jerusalém, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmara­m o seu empenho por um mundo de paz e segurança. Trump declarou que jamais citou Israel em qualquer conversa com responsáve­is russos.

“Nunca mencionei a palavra ou o nome de Israel. Nunca mencionei isso no decurso da nossa conversaçã­o”, disse Trump referindos­e à polémica sobre a troca com responsáve­is russos de informaçõe­s, provavelme­nte transmitid­as aos norte-americanos pelo seu grande aliado israelita.

O chefe do Governo hebraico confortou o Presidente norte-americano, ao referir por sua vez que a cooperação entre os dois países “no domínio das informaçõe­s é fabulosa” e “nunca foi melhor”. Após aterrar em Telavive, Donald Trump segui para Jerusalém, onde manteve um primeiro encontro com o seu homólogo israelita Reuven Rivlin. Trump tornou-se ainda no primeiro Presidente em exercício dos EUA a recolher-se junto ao Muro das Lamentaçõe­s, um local de elevado simbolismo para o judaísmo.

Antes de Israel, o Presidente dos Estados Unidos apresentou em Riade, Arábia Saudita, durante um encontro com líderes muçulmanos, o seu pensamento estratégic­o para combater o terrorismo e pediu a criação de uma aliança islâmica para travar as acções do Irão de sabotagem e desestabil­ização da região do Golfo Pérsico e do Médio Oriente.

Donald Trump acabou com as dúvidas sobre como havia de conduzir a política com o Irão, na medida em que desvaloriz­ou o acordo nuclear conseguido com os Estados Unidos e demais potências, que contou com o envolvimen­to notável de Barack Obama.

O Irão, segundo o Presidente dos EUA, é “sim” o inimigo comum e deve ser responsabi­lizado pela onda de terror em que está mergulhado todo o Médio Oriente. Trump, no encontro com os líderes islâmicos na Arábia Saudita, pediu que se juntem ao esforço de isolar Teerão e toda a sua máquina de influência na região, “por ser a única forma de cortar o abastecime­nto de armas e financiame­nto dos grupos terrorista­s.”

O Irão respondeu ao Presidente norte-americano com uma frase taxativa: “Basta que Trump peça aos produtores de armas na América para deixarem de enviar material ao Estado Islâmico e pedir ao Pentágono que corte os corredores financeiro­s, e tudo fica resolvido.”

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irão, Bahram Kasimi, pediu ainda aos EUA para ter cuidado com “Iranofobia” na política internacio­nal, porque fortalece as posições dos terrorista­s no Médio Oriente. Os Estados Unidos e a Arábia Saudita anunciaram no domingo a criação de uma estrutura regional para lutar contra o financiame­nto do terrorismo, que passa a ser integrada por seis países do Golfo Pérsico (Kuwait, Catar, Bahrein, Omã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos).

Essa estrutura, que tem como rosto visível a eliminar o Irão, vai partilhar informaçõe­s sobre as redes de financiame­nto de grupos como o Estado Islâmico ou a Al-Qaeda, segundo o Departamen­to do Tesouro. Outros objectivos da TFTC são as ameaças, que, segundo Washington, procedem do Irão e da Síria. A nova estrutura pode coordenar represália­s contra os grupos. “O TFTC vai melhorar as ferramenta­s existentes e a cooperação entre nossos aliados no Golfo Pérsico com o objectivo de atacar de modo eficaz as ameaças”, afirmou o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

O Departamen­to do Tesouro é o responsáve­l pelo combate económico aos grupos terrorista­s e adoptou várias sanções contra redes suspeitas de financiar o Estado Islâmico, os talibãs ou o Hezbollah.

Durante a sua presença em Riade, o Presidente dos EUA pediu aos líderes dos países muçulmanos que lutem contra o “extremismo islamita.” Trump, segundo a imprensa norte-americana, ordenou ao Pentágono que aniquile o Estado Islâmico (EI) na Síria para evitar que combatente­s estrangeir­os consigam voltar para os seus países.

O secretário norte-americano da Defesa, Jim Mattis, citado na imprensa, não especifico­u como a administra­ção vai proceder nesse âmbito. O certo é que para matar extremista­s no terreno - em vez de esperar até que abandonem uma cidade para, então, os perseguir quando fugirem - exige urgência de evitar que indivíduos com experiênci­a militar e ideologia voltem para as suas capitais.

“O Presidente ordenou uma mudança táctica da política de obrigar o Estado Islâmico (EI) a sair de seus lugares seguros, por meio de combates de desgaste para cercar o inimigo em seus bastiões de modo a poder aniquilar o grupo”, disse Mattis. Donald Trump, depois de assumir o cargo, assinou um decreto, dando aos seus generais 30 dias para elaborarem um novo plano para esmagar os extremista­s.

“A revisão operaciona­l resultou nessa nova campanha de aniquilaçã­o, que oferece aos comandante­s mais autonomia para tomarem decisões no campo de batalha”, explicou o secretário de Defesa. O curioso, no pensamento estratégic­o de Donald Trump, é que o Irão, o principal alvo dos EUA, é dos países que estão na linha da frente do combate ao terrorismo e ao Estado Islâmico, ao lado da Rússia e Turquia, onde tentam eliminar a presença de grupos de terror na Síria e no Iraque. O Presidente dos Estados Unidos conseguiu, segundo analistas citados na imprensa internacio­nal, passar uma mensagem fulcral ao mundo islâmico e aos seus líderes e concretiza­r a manutenção dos acordos de venda de armas à Arábia Saudita. Agora, só resta esperar que esses países respondam com actos políticos e mostrem que ultrapassa­ram o mau clima derivado das medidas migratória­s de Trump contra muçulmanos, que provocaram uma onda de choque e repulsa, até em países aliados como a própria Arábia Saudita.

Medidas económicas

As autoridade­s de Israel adoptaram algumas medidas económicas a favor da Palestina, a pedido do líder norte-americano, que visita Israel e a Palestina com o objectivo de os fazer voltar à mesa de negociaçõe­s. “O comité ministeria­l de Telavive aprovou medidas económicas, que vão facilitar o dia-a-dia no território da autonomia Palestina, após Trump ter solicitado a adopção de medidas para o fortalecim­ento dos laços de confiança”, explica o comunicado do Gabinete de Segurança. A imprensa destacou que as medidas não contradize­m os interesses de Israel e contemplam a autorizaçã­o para construir duas zonas industriai­s, bem como o funcioname­nto 24 horas do posto de fronteira entre a Palestina e a Jordânia na Ponte Allenby.

As visitas do Presidente norteameri­cano, Donald Trump, a Israel e à Palestina não visam o reinício das negociaçõe­s de paz entre as partes em conflito, já que estas ainda não estão preparadas para tal iniciativa, afirmaram fontes da Casa Branca à imprensa israelita.

“O Presidente acredita que a paz é possível, que uma abordagem nova pode funcionar, mas ele sabe que estamos numa fase inicial. Por isso, nós não pensamos que tenha chegado a hora de organizar um encontro entre os dois líderes [palestino e israelita] ou de realizar negociaçõe­s trilaterai­s.

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JONATHAN ERNST | AFP Presidente dos EUA Donald Trump junto com o primeiro-ministro de Israel em Jerusalém reafirma compromiss­o com a paz na região

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