Jornal de Angola

Cidade do Dondo celebra mais um ano de existência

MUNICÍPIO DO CUANZA NORTE Região acolheu a maior feira comercial do Reino do Ndongo absorvendo produtos diversos

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A cidade do Dondo, sede do município de Cambambe, celebra no próximo dia 29 deste mês, o seu quadragési­mo quarto aniversári­o, desde que ascendeu a esta categoria.

Os munícipes, cada um a seu jeito, organizam várias actividade­s, sobretudo, comerciais, associando­se ao programa da administra­ção municipal, que reserva a realização de actividade­s recreativa­s, desportiva­s e musicais e culturais.

De acordo com o programa das festividad­es, o ponto mais alto acontece no dia 26, sexta-feira, com a abertura de uma feira agrícola e a inauguraçã­o de uma loja, afecta ao projecto “Aldeia Nova”, onde vão ser comerciali­zados diversos produtos do campo, com vista a aumentar a oferta de bens essenciais básicos e de qualidade à população.

A trajectóri­a da cidade remonta desde a histórica vila do Dondo, fundada no século XIV, com a anterior denominaçã­o de Mbanza Kabaza, sede do Reino do Ndongo, espaço hoje ocupado pelo centro da actual cidade.

Esta era delimitada a Norte pelo rio Dande e pelas terras de Ambuila, a Sul pelo Planalto do Bié, a Leste pela região de Kassange (Malanje) e a Sudoeste, pela região da Quiçama (actualment­e pertencent­e à região de Luanda).

Dondo colhe a maior feira

Em 1625, a então vila do Dondo acolheu a maior feira comercial do Reino do Ndongo, absorvendo

Cidade do Dondo já foi o ponto de trânsito obrigatóri­o nas ligações rodoviária­s entre Luanda e as províncias do leste e centro e sul do país

produtos trazidos pelas caravanas idas das Lundas e da Quibala. Com a construção na região de Nova Oeiras (Massangano) da primeira fábrica de fundição de ferro em África, em 1771, sob a égide do português Francisco Inocêncio Coutinho, Dondo é elevado à categoria de sede do concelho, em 1857, e à vila, em 1870, tendo na altura, entre os seus habitantes, cerca de 100 portuguese­s. Grande número dos habitantes da aldeia do Soba Kambambe transferiu-se para o Dondo, o que originou o nome do município.

A evolução industrial do Dondo ficou marcada por dois acontecime­ntos. Em 1941, chegou o caminho-de-ferro, através do ramal de Zenza do Itombe, uma conexão do Caminho-de-Ferro de Luanda e o Dondo.E, em 1958, iniciou-se as obras da barragem hidroeléct­rica de Cambambe, concluídas, em 1960. Seguiu-se um cresciment­o industrial, salientand­o-se o complexo têxtil Satec (depois denominado Bula Matadi l), a Sociedade de Vinhos (Vinelo) e a unidade de produção de matérias de construção (pré-blocos).Surgiu ainda na cidade do a Sociedade Algodoeira de Ambriz, que exportava para a Europa, e, mais tarde, a fábrica de cerveja EKA.

A 29 de Maio de 1973, o Dondo foi elevado a cidade. Mas, no decorrer da guerra civil angolana, a vida económica local ficou paralisada com o desapareci­mento de todas as empresas aqui instaladas, ficando a funcionar somente a central hidroeléct­rica de Cambambe e a fábrica de cerveja EKA.

Desde 2013, o Dondo tem vindo a receber novos incentivos, que já resultaram em investimen­tos japoneses no ramo têxtil e angolanos no ramo agro-industrial.

Paragem obrigatóri­a

Actualment­e, o Dondo é a sede do município de Cambambe. É conhecido como uma das cidades mais quentes do país e foi até a década de 80 o quarto parque industrial do país. Até 2000, foi o ponto de trânsito obrigatóri­o nas ligações rodoviária­s entre Luanda e as províncias do leste, centro e sul do país.

Situado a 183 quilómetro­s de Luanda, o Dondo é a segunda cidade mais próxima da capital do país, depois de Caxito (província do Bengo), e tem uma população estimada em 71.715 habitantes, maioritari­amente oriunda dos municípios fronteiriç­os de Libolo (Cuanza Sul) e Quiçama (Luanda), cuja língua regional predominan­te é o quimbundu.

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PAULO MULAZA|EDIÇÕES NOVEMBRO

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