Forte combate à febre-amarela
FEBRE-AMARELA Angola sem nenhum caso da doença desde Junho do ano passado
O Ministério da Saúde iniciou ontem a sétima fase da campanha de vacinação contra a febre-amarela, que deve atingir mais de 2,7 milhões de habitantes.
A sétima fase da campanha de vacinação contra a febre-amarela arrancou ontem em várias províncias do país.
Uma nota de imprensa do Ministério da Saúde indica que nesta fase se pretende cobrir 2.702.190 habitantes dos 33 municípios não abrangidos antes, de 14 províncias.
Angola não regista casos de febre-amarela desde 23 de Junho de 2016, mas o objectivo das autoridades sanitárias é atingir uma cobertura vacinal de cem por cento.
Segundo o documento, o país conta com três milhões de doses de vacina e outros meios logísticos suficientes para 930 equipas. Cada uma deve vacinar cerca de 330 pessoas por dia.
A campanha vai permitir aumentar o número de municípios vacinados de 85 para 118, elevando desta forma a população vacinada de 18 milhões para cerca de 21 milhões de habitantes. Estes números estão muito próximo da meta estabelecida, que é de 26 milhões de pessoas com idade superior a seis meses.
Nesta senda, o ministro da Saúde, Luís Sambo, apela a todos os cidadãos, famílias e comunidades dos municípios abrangidos para continuarem a aderir à campanha de vacinação. Deste modo, vão ser vacinadas todas as pessoas que não foram vacinadas nas fases anteriores da campanha.
Esta fase de campanha abrange municípios seleccionados, com base em critérios de risco epidemiológico das províncias do Bengo, Bié, Cunene, Cuando Cubango, Huambo, Huíla, Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Uíge, Namibe, Malanje, Cuanza Norte e Cuanza Sul.
Para esta tarefa o Ministério da Saúde conta com a acção dos governos provinciais, administrações municipais e com o apoio dos parceiros nacionais e internacionais.
Angola viveu uma epidemia de febre-amarela, tendo os primeiros casos sido registados no Zango, município de Viana, província de Luanda, em finais de 2015.
A epidemia destapou um problema de saúde pública, que se substancia na fragilidade do saneamento do meio em muitos bairros periféricos, o que levou o Ministério da Saúde a reforçar o apelo ao combate aos focos de lixo, numa altura em que eram registados novos casos da doença noutras províncias do país.
A situação evoluiu negativamente nos primeiros três meses da epidemia, mas nunca saiu do controlo das autoridades sanitárias que, com a ajuda da Organização Mundial da Saúde, realizou uma mega campanha de vacinação contra a doença, processo iniciado em Luanda.
Notícias divulgadas por órgãos de informação sobre uma eventual escassez de doses da vacina fizeram com que, inicialmente, os postos de vacinação ficassem cheios, porque as pessoas, preocupadas com o alastramento de casos de febre-amarela, queriam estar entre os primeiros a serem vacinados contra uma doença de que já não se falava em Angola.
A procura por doses da vacina foi tão grande, nos primeiros dias da campanha, que até foi aproveitada por técnicos de saúde que, gananciosos, começaram a comercializar doses da vacina, um crime travado de imediato com a detenção de presumíveis autores, o que inibiu a sua continuação. O Ministério da Saúde desembolsou milhões de dólares para a aquisição de novas doses da vacina no mercado internacional, o que levou à extensão da campanha de vacinação contra a febre-amarela a outras províncias.
A epidemia, que se alastrou de Luanda para várias províncias, matou mais de trezentas pessoas, entre cerca de quatro mil casos suspeitos, a maioria dos quais em Luanda.
Dados indicam que até ao mês de Junho do ano passado, Angola chegou a receber cerca de 14 milhões de vacinas contra a febre-amarela e vacinou mais de 11 milhões de pessoas desde Fevereiro.