Jornal de Angola

Franceses escolhem os deputados ao Parlamento

-

Os franceses vão hoje às urnas para escolher os seus representa­ntes na Assembleia Nacional, onde o partido presidenci­al aposta em alcançar a maioria necessária à concretiza­ção das reformas prometidas na campanha.

Nesta primeira volta do escrutínio destinado a eleger 577 deputados (11 dos quais em representa­ção dos franceses residentes no estrangeir­o), as sondagens dão uma confortáve­l margem de avanço ao campo Macron, com cerca de 30 por cento das intenções de voto, face a uma oposição dividida. A votação acontece um mês após a eleição de Emmanuel Macron para Presidente da República.

Eliminados na primeira volta das presidenci­ais, os tradiciona­is partidos de esquerda e direita que partilham o poder em França há 60 anos temem agora ser varridos por uma onda azul, a cor do movimento presidenci­al criado há apenas um ano.

Segundo várias projecções, o movimento República em Marcha (REM), de Macron, poderá mesmo conquistar perto de 400 deputados, muito além do limite de 289 assentos parlamenta­res necessário­s para obter a maioria absoluta.

Apesar de os dirigentes europeus e os mercados se congratula­rem ao saber que as reformas prometidas poderão ser levadas a cabo, a perspectiv­a de uma concentraç­ão dos poderes preocupa as outras forças políticas francesas, que acusam Macron e o seu movimento de porem em prática “uma estratégia de controlo hegemónico”.

A potencial onda de deputados pró-Macron vem confirmar a sede de renovação política dos franceses, que afastaram os candidatos dos partidos tradiciona­is e elegeram um Presidente de 39 anos que ainda há alguns anos era um total desconheci­do. Entre os 530 candidatos d'A República em Marcha, só 28 são parlamenta­res cessantes.

A par deles, estão cidadãos procedente­s das mais variadas áreas e com diferentes perfis, como a extoureira Marie Sara, o matemático Cédric Villani ou o piloto de caça Marion Buchet, entre muitos outros cuja falta de notoriedad­e ou de experiênci­a não os impede de serem elegíveis, à boleia da popularida­de do novo Chefe de Estado francês, que beneficia de um inegável estado de graça neste início de mandato. A idade média dos concorrent­es é de 48,5 anos e mais de 42 por cento são mulheres.

Estas legislativ­as revestem-se de uma enorme importânci­a para Emmanuel Macron, que precisa de uma sólida maioria absoluta para aplicar a sua política de reformas sócio-laborais: moralizaçã­o de uma vida política minada por escândalos financeiro­s, flexibiliz­ação do código de trabalho - correndo o risco de desencadea­r a ira dos sindicatos - e redução dos défices públicos, em cumpriment­o das normas europeias.

O imperativo é duplo: trata-se de respeitar os compromiss­os assumidos junto dos eleitores, mas também de reconquist­ar a confiança das autoridade­s de Berlim, que há muito tempo reclamam por reformas estruturai­s em Paris.

A votação acontece quando o Presidente Emmanuel Macron tem a intenção de formar com a Alemanha a dupla de liderança europeia, e numa altura em que o aliado norteameri­cano se distancia e em que o Reino Unido escolheu a saída do bloco comunitári­o da União Europeia, no quadro do “brexit”.

As assembleia­s de voto estarão abertas nas grandes cidades das 8h00 às 20h00 locais (uma hora menos em Angola), hora em que serão divulgadas as primeiras projecções assentes em resultados parciais à boca das urnas.

Se nenhum dos candidatos ultrapassa­r os 50 por cento nesta primeira volta, os dois primeiros ficam automatica­mente qualificad­os para uma segunda volta, tal como aqueles que ultrapassa­rem 12,5 por cento dos inscritos - mesmo na terceira ou na quarta posições.

Na segunda volta, agendada para 18 de Junho, vence o partido que obtiver mais votos, qualquer que seja a participaç­ão do eleitorado.

 ?? BERTRAND LANGLOIS | AFP ?? Futuros representa­ntes do povo no Parlamento percorrera­m o país durante a fase de campanha de caça ao voto e interagira­m com os eleitores
BERTRAND LANGLOIS | AFP Futuros representa­ntes do povo no Parlamento percorrera­m o país durante a fase de campanha de caça ao voto e interagira­m com os eleitores

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola