Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- FILIPE DE LIMA | ANTÓNIO ARNALDO | MARGARIDA BARROS |

Trabalho infantil

Sou trabalhado­r de um centro infantil e escrevo para Jornal de Angola para abordar sobre o trabalho infantil. Ouvi com atenção o alerta da Central Geral de Sindicatos Livres e Independen­tes de Angola (CGSILA), segundo o qual prevalece um pouco por todo o país o trabalho infantil, prática que aquela instituiçã­o associa sobretudo às empresas estrangeir­as. Trata-se de uma situação preocupant­e na medida em que, ainda de acordo a entidade sindical, além da natureza do trabalho desempenha­do por menores, alguns se encontram numa situação de quase aprisionam­ento ou trabalho escravo.

Julgo que as autoridade­s angolanas devem fazer o devido acompanham­ento, numa altura em que urge mesmo fazer uma eficiente fiscalizaç­ão das autoridade­s, falo mesmo de situações de quase aprisionam­ento e “trabalho escravo.” Diz-se que grande parte das crianças em situação de trabalho infantil se encontra nas empresas estrangeir­as.

Um sindicalis­ta, que foi citado pela Agência Lusa, disse que “há empresas, sobretudo chinesas, que vão buscar adolescent­es às províncias de Benguela, Cunene e Huíla”, que depois acabam “quase aprisionad­os.” Penso que as famílias deviam ser mais vigilantes no acompanham­ento dos seus tutelados, cultivando o hábito de denúncia junto das autoridade­s para que as empresas, seja nacionais seja estrangeir­as, venham a ser responsabi­lizadas.

Sangue contaminad­o

Há dias foram manchete, na comunicaçã­o social do país, informaçõe­s segundo as quais metade do sangue doado para efeitos de transfusão nos hospitais nacionais foi descartada pelas mesmas unidades hospitalar­es, por causa de algum tipo de contágio. Trata-se de uma situação grave e revela que a doação de sangue por parte de pessoas indetermin­adas que, em circunstân­cias, geralmente de emergência, doa sangue, deve parar.

Penso que vale a pena adoptarse o sistema que vigorou há mais de trinta anos aqui no nosso país, quando o Instituto Nacional de Sangue controlava uma rede de doadores voluntário­s, devidament­e controlado­s.

Os níveis de segurança do “líquido que salva vidas” eram maiores do que comparativ­amente agora em que qualquer cidadão, transeunte nas imediações de um hospital, pode ser cooptado para doar sangue. Sobretudo quando houver contrapart­ida monetária, o sangue humano pode servir como moeda de troca. As entidades de direito devem apertar o cerco “à venda de sangue” nas ruas ou junto às unidades hospitalar­es.

A degradação de terras

Sou filho de agricultor­es e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola, o meu diário predilecto na busca de informação mais equilibrad­a, mais abrangente e mais nacional. Para começar, começo por felicitar toda a equipa, directa ou indirectam­ente, ligada à produção jornalísti­ca da casa.

Segundo um órgão de comunicaçã­o social, citando um especialis­ta, “a degradação de terras em Angola resulta da enorme pressão humana sobre os recursos, motivada por décadas de violência e pelo fenómeno da desertific­ação.” Esta descrição, de alguma maneira preocupant­e, foi avançada num momento em que se observa praticamen­te o mês dedicado ao ambiente e numa altura em que pretendemo­s todos olhar para a agricultur­a com a importânci­a que todos lhe damos.

Na verdade, depois desta preocupant­e descrição, podemos concluir que, ao contrário do que se diz relativame­nte à fertilidad­e dos nossos solos, nem tudo é assim como falamos ou como aparenteme­nte pensamos que se passa. Acho que está na hora de tratarmos bem os nossos solos e não os cansar precocemen­te com práticas agrícolas que ameaçam degradá-lo rapidament­e. Além dos processos de erosão, exaustão e desertific­ação, a má utilização dos solos por causa de determinad­as práticas agrícolas também contribui para que tenhamos solos explorados intensivam­ente.

O especialis­ta diz que “a ocupação humana e a exploração dos recursos naturais agravam as regiões secas do país, provocando a degradação da terra, a perda da cobertura vegetal nativa e a redução da disponibil­idade de água.”

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CASIMIRO PEDRO

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