CARTAS DO LEITOR
Trabalho infantil
Sou trabalhador de um centro infantil e escrevo para Jornal de Angola para abordar sobre o trabalho infantil. Ouvi com atenção o alerta da Central Geral de Sindicatos Livres e Independentes de Angola (CGSILA), segundo o qual prevalece um pouco por todo o país o trabalho infantil, prática que aquela instituição associa sobretudo às empresas estrangeiras. Trata-se de uma situação preocupante na medida em que, ainda de acordo a entidade sindical, além da natureza do trabalho desempenhado por menores, alguns se encontram numa situação de quase aprisionamento ou trabalho escravo.
Julgo que as autoridades angolanas devem fazer o devido acompanhamento, numa altura em que urge mesmo fazer uma eficiente fiscalização das autoridades, falo mesmo de situações de quase aprisionamento e “trabalho escravo.” Diz-se que grande parte das crianças em situação de trabalho infantil se encontra nas empresas estrangeiras.
Um sindicalista, que foi citado pela Agência Lusa, disse que “há empresas, sobretudo chinesas, que vão buscar adolescentes às províncias de Benguela, Cunene e Huíla”, que depois acabam “quase aprisionados.” Penso que as famílias deviam ser mais vigilantes no acompanhamento dos seus tutelados, cultivando o hábito de denúncia junto das autoridades para que as empresas, seja nacionais seja estrangeiras, venham a ser responsabilizadas.
Sangue contaminado
Há dias foram manchete, na comunicação social do país, informações segundo as quais metade do sangue doado para efeitos de transfusão nos hospitais nacionais foi descartada pelas mesmas unidades hospitalares, por causa de algum tipo de contágio. Trata-se de uma situação grave e revela que a doação de sangue por parte de pessoas indeterminadas que, em circunstâncias, geralmente de emergência, doa sangue, deve parar.
Penso que vale a pena adoptarse o sistema que vigorou há mais de trinta anos aqui no nosso país, quando o Instituto Nacional de Sangue controlava uma rede de doadores voluntários, devidamente controlados.
Os níveis de segurança do “líquido que salva vidas” eram maiores do que comparativamente agora em que qualquer cidadão, transeunte nas imediações de um hospital, pode ser cooptado para doar sangue. Sobretudo quando houver contrapartida monetária, o sangue humano pode servir como moeda de troca. As entidades de direito devem apertar o cerco “à venda de sangue” nas ruas ou junto às unidades hospitalares.
A degradação de terras
Sou filho de agricultores e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola, o meu diário predilecto na busca de informação mais equilibrada, mais abrangente e mais nacional. Para começar, começo por felicitar toda a equipa, directa ou indirectamente, ligada à produção jornalística da casa.
Segundo um órgão de comunicação social, citando um especialista, “a degradação de terras em Angola resulta da enorme pressão humana sobre os recursos, motivada por décadas de violência e pelo fenómeno da desertificação.” Esta descrição, de alguma maneira preocupante, foi avançada num momento em que se observa praticamente o mês dedicado ao ambiente e numa altura em que pretendemos todos olhar para a agricultura com a importância que todos lhe damos.
Na verdade, depois desta preocupante descrição, podemos concluir que, ao contrário do que se diz relativamente à fertilidade dos nossos solos, nem tudo é assim como falamos ou como aparentemente pensamos que se passa. Acho que está na hora de tratarmos bem os nossos solos e não os cansar precocemente com práticas agrícolas que ameaçam degradá-lo rapidamente. Além dos processos de erosão, exaustão e desertificação, a má utilização dos solos por causa de determinadas práticas agrícolas também contribui para que tenhamos solos explorados intensivamente.
O especialista diz que “a ocupação humana e a exploração dos recursos naturais agravam as regiões secas do país, provocando a degradação da terra, a perda da cobertura vegetal nativa e a redução da disponibilidade de água.”