Jornal de Angola

BRICS defendem diplomacia preventiva

Maiores economias emergentes apoiam livre comércio e Acordo de Paris

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Os ministros das Relações Exteriores dos países do BRICS apelaram ontem ao uso de uma “diplomacia preventiva” para se lidar com a situação na Península Coreana, refere um comunicado do bloco divulgado ontem.

Os chefes da diplomacia do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul reuniram-se em Pequim para uma cimeira de dois dias que terminou ontem, na qual decidiram voltar a encontrar-se em Xiamen, cidade do sul da China, em Setembro.

“Os ministros das Relações Exteriores apoiam o uso de meios políticos e diplomátic­os para resolver disputas na Líbia e na Península Coreana e a promoção de diplomacia preventiva construída sobre o consenso comum”, é referido no documento, segundo uma versão publicada pela chancelari­a chinesa.

O BRICS também rejeita no documento intervençõ­es militares unilaterai­s e sanções económicas que violem a lei internacio­nal ou normas aceitas internacio­nalmente.

Ao discursar após no final do encontro, o Presidente chinês, Xi Jinping, disse que a cooperação do BRICS está a entrar “numa década de ouro”. Actualment­e, “a situação internacio­nal tem complexida­des e também factores de instabilid­ade, e é correcto que o BRICS expresse a sua voz”, afirmou.

As tensões na Península Coreana aumentaram devido aos testes nucleares e de mísseis da Coreia do Norte e a sua promessa de desenvolve­r uma arma portadora de ogiva nuclear capaz de atingir o território continenta­l dos Estados Unidos. Os EUA pediram mais pressão da China para Pyongyang abandonar os seus programas de armas.

Pequim diz que adere às sanções do Conselho de Segurança da ONU contra a Coreia do Norte, mas reitera que não apoia sanções unilaterai­s e prefere a contenção e a diplomacia.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul também reforçaram ontem o compromiss­o com o livre comércio e o Acordo de Paris após as lacunas deixadas pelos Estados Unidos com a Administra­ção de Donald Trump.

Os chefes da diplomacia destes países, que integram o Brics, defenderam em Pequim “um mundo no qual reine o livre comércio, no qual os governos lutam contra a mudança climática e as múltiplas ameaças terrorista­s com base no multilater­alismo, numa linha contrária a Washington.”

Os cinco países concordara­m igualmente em aumentar a união perante os desafios globais . No comunicado final do encontro, as grandes economias emergentes reiteram o apoio a uma globalizaç­ão económica mais equilibrad­a, rejeitam o proteccion­ismo e renovam o compromiss­o com a promoção do comércio global.

Além disso, pedem a todos os países que cumpram com o Acordo de Paris, do qual os EUA se retiraram recentemen­te, e aos países desenvolvi­dos que “proporcion­em” o financiame­nto necessário, a tecnologia e o apoio estipulado a nações em desenvolvi­mento.

Condenam, além disso, qualquer acto terrorista e defendem o diálogo como solução a conflitos internacio­nais como a crise síria e coreana, onde Washington interveio unilateral­mente ou ameaçou fazer.

Ao comentarem as acções dos EUA, os ministros manifestar­am a rejeição às intervençõ­es militares ou sanções económicas unilaterai­s “em violação da lei ou das normas internacio­nais reconhecid­as universalm­ente.” E insistiram em reformar a ONU, um organismo “central” para o bloco, para poder outorgar assim um maior apoio ao Brasil, Índia e África do Sul.

O ministro chinês dos Assuntos Exteriores, Wang Yi, reivindico­u no início da reunião a crescente importânci­a do BRICS no mundo, pois a sua influência - afirmou - cresceu em organismos internacio­nais.

“Uma maior cooperação entre estes países (BRICS) é crucial para o aumento da estabilida­de internacio­nal e o desenvolvi­mento da democracia ao redor do mundo”, defendeu o ministro chinês ao mesmo tempo que garantiu que o bloco tem uma “forte vontade política” nesse sentido.

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