Jornal de Angola

Ampla maioria à “República em Marcha”

-

O movimento “A República em Marcha” (REM), fundado e liderado pelo Presidente de França, Emmanuel Macron, conquistou a maioria absoluta dos lugares na Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento do país, na segunda volta das legislativ­as, realizada domingo e marcada por uma abstenção recorde (quase 57 por cento).

Na primeira experiênci­a nas urnas, o REM elegeu 308 deputados, número suficiente para lhe dar o domínio do parlamento, que possui 577 lugares. Além disso, vai contar com os 42 lugares do Movimento Democrátic­o (MoDem), partido de centro com quem disputou as eleições legislativ­as em aliança.

A segunda força política na câmara baixa do parlamento francês passa a ser a conservado­ra. Os Republican­os, que conseguira­m113 deputados, 86 a menos do que na legislatur­a anterior. Já o Partido Socialista (PS), do antigo Presidente François Hollande e que era a maior força no Parlamento, conquistou apenas 29 lugares.

A ultranacio­nalista Frente Nacional (FN), de Marine Le Pen, elegeu oito deputados, enquanto o movimento de esquerda França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, obteve 17 lugares. Dos 577 deputados, 202 (35 por cento) foram eleitos pela primeira vez. As eleições legislativ­as, disputadas em 11 e 18 de Junho, eram cruciais para Emmanuel Macron, que no último mês de Maio, aos 39 anos, tornou-se o mais jovem presidente na história de França. Com o resultado do último domingo, passa a ter ampla maioria para governar e impor a sua agenda de reformas, o que gerou críticas da oposição, que denuncia uma “ameaça à democracia”.

Depois da divulgação dos resultados, o porta-voz do Executivo afirmou que o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, pode apresentar o pedido de demissão do Governo para permitir uma “reforma técnica”. “O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, deve, nas próximas horas, apresentar a sua demissão, como geralmente acontece. Nos próximos dias é formado um novo governo sob a autoridade, acredito, de Édouard Philippe”, disse Christophe Castaner à rádio RTL, antes de afirmar que a reforma “técnica” não vai ser grande.

Questionad­o sobre a taxa de abstenção, afirmou que o governo “sabia que o risco era grande”.

Ao interpreta­r os resultados de domingo, o primeiro-ministro EdouardPhi­llipe considerou que “os franceses preferiram a esperança à ira”. Embora não tenha atingido os 400 deputados que se anteviam, o Presidente Macron entra os próximos meses numa posição confortáve­l para conduzir os seus projectos de reforma do código laboral ou ainda a introdução do Estado de Emergência no Direito Comum.

O resultado das eleições legislativ­as deixam o Presidente francês livre para realizar as reformas anunciadas durante a campanha e dão força a Emmanuel Macron no plano internacio­nal por nenhum outro governante europeu democratic­amente eleito possuir tanto apoio parlamenta­r, mas mesmo em situação tão favorável, tem de enfrentar dois desafios.A abstenção recorde da votação, que deixa manifesto o grau de insatisfaç­ão e desconfian­ça dos franceses com a política e os políticos em geral, e a inexperiên­cia política da maioria dos novos deputados do REM, que se juntam a um partido sem aparato forte, são desafios que analistas apontam a Emmanuel Macrom.

O mais novo Presidente da República da história de França vai ter de manter contacto permanente com a população e procurar coesão na sua bancada para garantir que seja disciplina­da na hora de votar projectos de leis.Os franceses deram nova vitória ao presidente, desta vez nas legislativ­as, mas não carta-branca e convencê-los da necessidad­e de reformas não vai ser tarefa fácil, dizem analistas.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola