Confrontos provocam centenas de mortos
Pelo menos 92 pessoas, entre as quais 18 crianças, foram mortas sexta-feira em confrontos entre as forças governamentais e milicianos em Kananga e Kasai Central, centro-sul da República Democrática do Congo (RDC), noticiaram ontem meios de comunicação sociais congoleses.
Segundo as mesmas fontes, um inquérito especial do Gabinete Conjunto das Nações Unidas para os Direitos Humanos (BCNUDH) concluiu no mesmo dia que asvítimas pereceram devido à sua pertença à milícia de KamuinaNdapu, em Kananga, e nos territórios de Dibaya e Kaumba, na província do Kasai Central.
O relatório do BCNUDH, referiram as fontes congolesas, indica que 42 pessoas, das quais 20 crianças, ficaram feridas, 46 crianças foram detidas e sequestradas arbitrária e ilegalmente, ao passo que pelo menos sete crianças foram dadas como desaparecidas, actos imputados a soldados das Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC).
Em retaliação, milícias de KamuinaNsapu mataram dois chefes religiosos e feriram uma criança com arma branca, raptaram uma pessoa e incendiaram várias habitações privadas, bem como dois comissariados de polícia e duas escolas.
O gabinete da ONU encontrou pelo menos duas valas comuns nas quais teriam sido enterrados vários mortos por soldados das FARDC em Fevereiro de 2017 em Tshimbulu e cujos corpos foram transportados por camiões militares depois dos confrontos.
O BCNUDH condena os ataques violentos das milícias de KamuinaNsapu contra os símbolos e instalações do Estado, bem como o recrutamento e uso de crianças nas suas fileiras.
Este órgão deplorou também a utilização excessiva e desproporcionada da força por soldados das FARDC em resposta aos ataques levados a cabo em grande parte com armas brancas contra civis, devido à sua suposta pertença à milícia. Há vários meses, esta região foi abalada por actos de violência entre as forças governamentais e as milícias do chefe Kamuina Nsapu, morto numa operação policial em Agosto do ano passado depois de ter contestado a autoridade do poder central.