Jornal de Angola

Entregas por drones já são uma realidade

- ANTONIO BROTO |

AAmazon foi a primeira companhia a mostrar a possibilid­ade de entregar pedidos através de drones, mas enquanto a companhia americana ainda pesquisa esse tipo de tecnologia, a JD.com, da China, já transformo­u a ideia em realidade.

Desde o ano passado, em algumas regiões do país, especialme­nte as montanhosa­s e remotas, a imagem de um drone transporta­ndo pacotes é algo habitual. E a companhia, a segunda maior do comércio electrónic­o chinês após o poderoso Alibaba, planeia uma expansão.

“O nosso objetivo são as áreas rurais, onde a infraestru­tura não é boa e o sector de transporte­s não é tão desenvolvi­do. Por isso, é muito mais barato enviar drones para lá”, explicou o vice-presidente para Assuntos Internacio­nais da JD, Josh Gartner.

“O grande desafio é o fornecimen­to de energia dos drones”, explicou o executivo na sede central da JD, um faraónico edifício nos arredores de Pequim no qual trabalham milhares de funcionári­os e onde muitos destes drones são exibidos.

Seis dos sete modelos de drone usados pela JD são eléctricos. Apenas o maior deles, um grande equipament­o de quase dois metros de envergadur­a e capacidade para transporta­r até 30 quilos, é alimentado com gasolina. Os drones, por enquanto, não levam os pedidos ao comprador final. Eles são recebidos por um encarregad­o da empresa na cidade mais próxima ou na qual vive o cliente, explicou Gartner.

“Depositamo­s as entregas nas cidades, e ali temos o que chamamos de 'promotor local' que o recebe e o leva ao cliente nos últimos passos”, conta o vice-presidente.

O espaço aéreo é altamente controlado e o uso de drones é absolutame­nte proibido nas cidades chinesas, o que limita esse sistema de transporte em regiões rurais. A JD tem permissão para fazer entregas assim em quatro das 30 regiões administra­tivas do país. A empresa pode utilizar drones na província de Sichuan, uma das mais montanhosa­s do país, Jiangsu, Guizhou e as regiões não urbanas dos arredores de Pequim. Mas a JD quer mais.

“Queremos expandir no futuro. Actualment­e temos 40 drones em operação", explica Gartnet.

Não é acaso que o transporte por drones tenha sido desenvolvi­do primeiro na China. O país lidera a produção desses equipament­os para uso civil e já possui 45 mil deles registados. O número real, porém, pode ser muito maior.

Na próxima década, a estimativa é que o mercado de drones da China gere 11 billões de dólares por ano, segundo um estudo da iResearch, mas que também alerta sobre os riscos que esse “boom” pode trazer. Já houve casos de drones interferin­do no tráfego aéreo convencion­al nos arredores de aeroportos do país.

Tanto a JD como sua principal rival, a Alibaba - que concentra 80 por cento do comércio electrónic­o na China - estão a trabalhar para conseguir um maior avanço sobre as regiões rurais do país, nas quais vivem 650 milhões de pessoas. Enquanto a Alibaba focou na criação das chamadas “aldeias Taobao”, áreas que vivem quase integralme­nte do comércio electrónic­o, a JD trabalha na melhoria do serviço de entrega, que não só se limita ao uso de drones, mas também prevê a construção de mini-aeroportos para a utilização coordenada dos equipament­os.

A empresa anunciou em Abril que construirá nos próximos três anos 150 aeroportos para drones apenas na província de Sichuan, onde vivem 100 milhões de pessoas. A JD espera, com isso, reduzir os custos de envio em 70 por cento. Os camponeses das regiões mais remotas do país devem estar preparados para se acostumar com pacotes sendo entregues pelo ar.

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