Jornal de Angola

Governo e rebeldes assinam acordo de paz

REPÚBLICA CENTRO AFRICANA Entendimen­to resulta de diálogo mediado por organizaçã­o da Igreja Católica

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O Governo da República Centro Africana (RCA) e representa­ntes de 13 dos 14 grupos armados activos no país assinaram ontem um acordo que estabelece um cessar-fogo imediato, três anos depois de um conflito sectário que fez milhares de mortos.

O anúncio, feito em Roma, resultou das negociaçõe­s entre o Governo centro-africano e os grupos rebeldes mediadas pela comunidade de Sant'Egídio, uma organizaçã­o católica sedeada em Roma.

Os negociador­es saudaram o acordo como um passo importante, mas lembraram que o Governo da República Centro Africana assinou na última “década dezenas de acordos com vários grupos rebeldes, apenas para os ver desmoronar.”

“Nem sempre os guerrilhei­ros no terreno respeitam os termos e as questões sobre o desarmamen­to e a reintegraç­ão nas forças armadas nacionais são delicadas”, afirmaram.

Uma questão que se coloca após cinco dias de negociaçõe­s sob o patrocínio da comunidade católica Sant'Egídio é saber se o compromiss­o põe fim aos conflitos que devastam a antiga colónia francesa desde 2013.

Já várias tentativas de mediação africana tentaram pacificar este país pobre, com 4,5 milhões de habitantes, dos quais, 900.000 deslocados e refugiados do conflito.

O acordo de paz entre Bangui e os grupos rebeldes foi anunciado um dia depois de a Organizaçã­o Nações Unidas (ONU) revelar que pelo menos 600 soldados da República do Congo, que integram as forças de paz das Nações Unidas na República Centro Africana, vão voltar para casa após terem sido acusados de abuso sexual e outros crimes. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, anunciou ontem a retirada numa conferênci­a de imprensa na sede da ONU.

A decisão chega após um relatório apresentad­o pelo chefe da Minusca, a missão de paz das Nações Unidas na República Centro Africana, que advertiu que Brazzavill­e devia tomar medidas para travar os seus soldados acusados de delitos ou repatriá-los.

O tenente-general senegalês Balla Keita disse às mais altas autoridade­s da ONU que só este ano enviou seis cartas ao comandante do batalhão da República do Congo, nas quais dava conta de acusações de abuso sexual, tráfico de combustíve­l e faltas disciplina­res cometidas pelos seus subordinad­os.

Os 629 soldados em Berbérati, a terceira maior cidade da República Centro Africana, são a única contribuiç­ão de Brazzavill­e à Minusca.

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FILIPPO MONTEFORTE|AFP Milícias centro africanas aceitam o desarmamen­to e a reintegraç­ão nas Forças Armadas nacionais depois de definirem o cessar-fogo

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