Jornal de Angola

Propostas soluções na Tunísia e no Egipto

-

O ministro australian­o das Relações Exteriores propõe fechar a rota de emigração mais mortífera do mundo com um plano para levar os migrantes resgatados no Mediterrân­eo a campos na Tunísia e no Egipto.

Sebastian Kurz tenta capitaliza­r o sucesso obtido no ano passado, quando negociou com a Turquia uma solução que conteve o fluxo irregular de refugiados potenciais e emigrantes económicos para a Europa pela rota dos balcãs.

O plano de conter o tráfico através do Mediterrân­eo - onde milhares e milhares de emigrantes têm morrido afogados - passa em grande parte pelo enfoque adoptado pela Austrália para impedir que as embarcaçõe­s dos traficante­s do sudeste asiático cheguem à sua costa.

“A única solução para não alimentar o negócio dos traficante­s - e acabar com as mortes no Mediterrân­eo - é garantir que quem entre ilegalment­e não chegue à Europa Central”, defendeu Sebastian Kurz numa entrevista à agência de notícias austríaca “APA”.

Com o plano de Sebastian Kurz, os imigrantes resgatados no Mediterrân­eo central eram levados directamen­te a campos na Tunísia e no Egipto. A ideia é lidar com eles antes de atravessar­em a fronteira da União Europeia. E a única forma de entrar na Europa era através de programas oficiais de reassentam­ento.

O plano do ministro australian­o é similar ao adoptado pela Austrália para evitar que os barcos de traficante­s atraquem em terra firme, aplicado desde 2013. Sebastian Kurz acredita que, com incentivos adequados da União Europa, tanto a Tunísia como o Egipto concordava­m com o seu plano. Também acredita que os campos propostos no norte da África “eram um elemento de dissuasão crucial.”

O ministro australian­o não acredita que tenham que ficar abertos por muito tempo, pois os refugiados e migrantes rapidament­e dariam conta de que não entrariam na Europa se embarcasse­m nos botes dos traficante­s. Em Fevereiro de 2016, o ministro austríaco das Relações Exteriores lançou um esforço que levou a Macedónia e a Sérvia, animadas pela Áustria, a fecharem as suas fronteiras terrestre aos refugiados, a maioria dos quais da Síria. Após o encerramen­to das fronteiras dos países ocidentais dos balcãs, a situação ficou dramática na Grécia, onde ficaram presas dezenas de milhares de pessoas que planejavam continuar essa rota para a Áustria e para a Alemanha. Naquele momento, alguns observador­es previram que em dez dias a Grécia teria 150 mil pessoas presas, mas em pouco tempo o fluxo de migrantes reduziu considerav­elmente.

O acordo que Bruxelas conseguiu com a Turquia algumas semanas depois, em Março de 2016 (devolução de migrantes em troca de ajudas de seis mil milhões de euros) terminou de fechar a rota. Sebastian Kurtz acredita que o seu plano de estabelece­r campos no norte da África vai ter o mesmo efeito dissuasor na rota do Mediterrân­eo central, utilizada pelos líbios para chegar às costas da Itália.

 ?? CARLO HERMANN|AFP ?? Ministro australian­o defende plano para conter o fluxo irregular de refugiados africanos
CARLO HERMANN|AFP Ministro australian­o defende plano para conter o fluxo irregular de refugiados africanos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola