Jornal de Angola

Revisão da Constituiç­ão causa protestos no Mali

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Milhares de pessoas têm-se manifestad­o em Bamako, capital do Mali, contra um referendo sobre um projecto de revisão constituci­onal previsto para nove de Julho. Os protestos são convocados pela oposição e organizaçõ­es da sociedade civil.

Na mais recente marcha, realizada no sábado, os manifestan­tes – cerca de 300 mil segundo os organizado­res e 9 mil segundo a polícia – gritaram palavras de ordem como “não à revisão da Constituiç­ão” e “não toquem na minha Constituiç­ão”, vestindo t-shirts e bonés vermelhos, em sinal de revolta.

De acordo com a polícia maliana, não houve quaisquer incidentes na manifestaç­ão. Um protesto anterior contra a revisão constituci­onal, a de 8 de Junho, juntou cerca de cem pessoas na capital maliana e foi dispersado pelas forças de segurança.

As autoridade­s de Bamako afirmam que a revisão da Constituiç­ão de 1992, a primeira em 25 anos, visa “pôr em prática alguns compromiss­os do Acordo de Paz e Reconcilia­ção do Mali” assinado entre Maio e Junho de 2015, entre o Governo e a antiga rebelião maioritari­amente tuaregue, no norte do país. A revisão prevê a criação de um Senado e de um Tribunal de Contas. A oposição e parte da sociedade civil estão contra o referendo sobre a revisão constituci­onal, que, afirmam, reforça os poderes do Presidente, E dizem que este não é o momento de rever a Constituiç­ão.

Entre outras críticas, condenam o facto de o projecto dar ao Presidente Ibrahim Keita a responsabi­lidade de nomear um terço do Senado que vai substituir o Alto Conselho das Colectivid­ades e designar o presidente do Tribunal Constituci­onal.

O último acto eleitoral do Mali, as eleições autárquica­s, foi adiado várias vezes antes de ter lugar em Novembro do ano passado e em apenas parte do território, devido à violência no país, particular­mente no norte.

O norte do Mali caiu em 2012 nas mãos de grupos radicais islâmicos ligados à Al-Qaeda que foram mais tarde expulsos por militares de uma operação francesa lançada em Janeiro de 2013.

No entanto, várias zonas continuam fora do controlo das forças malianas, francesas e da ONU e são regularmen­te palco de ataques, apesar da assinatura do acordo de paz, cujo objectivo é isolar definitiva­mente os extremista­s.

No sábado, cinco soldados malianos morreram e oito ficaram feridos no mais recente ataque dos radicais islâmicos a um campo militar no norte do país.

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