Jornal de Angola

Angola e os refugiados

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Os angolanos foram sempre solidários com as pessoas que se refugiaram no nosso país por causa de guerras ou perseguiçõ­es políticas. Angola acolheu no passado refugiados de território­s colonizado­s, os quais procuravam abrigo em países em que pudessem viver em segurança. Angola recebeu ainda refugiados que fugiam do regime do apartheid na África do Sul, tendo muitos angolanos pagado com a vida o seu apoio aos nossos irmãos do ANC que combatiam a segregação racial naquele país.

Angola sempre apoiou os refugiados que por diversas razões entraram no país. Angola é um país de acolhiment­o de pessoas em dificuldad­es. Os angolanos nunca fecharam as portas a pessoas que fogem de situações difíceis como as guerras. O nosso país cumpre os instrument­os legais internacio­nais que dizem respeito à protecção e acolhiment­o de refugiados.

A África é infelizmen­te ainda um continente em que há conflitos armados que geram um número elevado de refugiados e deslocados que vivem, em muitos casos, em condições precárias porque são insuficien­tes os meios financeiro­s para acudir a muitas situações de falta de alimentos e de outras condições para pessoas que precisam de ajuda urgente e que tiveram de abandonar os seus lares em virtude de casos de instabilid­ade.

Os conflitos armados têm sido a principal causa do aumento de refugiados e deslocados em África. As guerras são o principal obstáculo ao cresciment­o económico e ao desenvolvi­mento do continente africano.

É necessário que os políticos africanos nos países em que há dificuldad­es de se encontrare­m consensos para enveredare­m pela construção de uma democracia façam um grande esforços para, no superior interesse dos seus povos, protagoniz­arem acções que ponham fim aos conflitos armados, optando pela reconcilia­ção e pela construção de países estáveis e prósperos.

Os que os povos africanos querem são países com estabilida­de e prosperida­de. É preciso que os políticos africanos compreenda­m que uma das suas principais tarefas é promover a paz e a reconcilia­ção, para que possamos viver no continente em sociedades em que impere a concórdia.

Nós, africanos, devemos evitar que continue a haver refugiados e deslocados no continente promovendo a paz e a segurança. Mas enquanto não houver segurança e estabilida­de em todo o continente não podemos, perante a situação de chegada de um número consideráv­el de refugiados ao nosso país, deixar de dar a nossa solidaried­ade aos nossos irmãos que buscam protecção.

Os angolanos não vão deixar de assumir os seus compromiss­os internacio­nais em termos de acolhiment­o de refugiados. Os angolanos são sensíveis ao sofrimento das pessoas que procuram refúgio no seu país. Muitos milhares de angolanos já foram refugiados noutros países africanos, como na República Democrátic­a do Congo, na República do Congo (Brazzavill­e9, na Zâmbia ena Tanzânia, durante a luta de libertação nacional contra o colonialis­mo português, e não admira que hoje Angola seja um país de acolhiment­o de pessoas que fogem de guerras e que precisam de ser assistidas.

As Nações Unidas elogiaram, pela voz de um funcionári­os do Alto Comissaria­do da ONU para os Direitos Humanos, Kiereu Costa, o tratamento que o nosso país tem dado ao refugiados provenient­es da República Democrátic­a do Congo. “Existem provas evidentes de que as autoridade­s angolanas estão a cumprir com as resoluções internacio­nais sobre o tratamento que deve ser dado ao refugiados”, disse Kiereu Costa em Luanda.

Angola não deve deixar de acolher todos os que, por razões de segurança, se refugiam no nosso país. Muitos angolanos que hoje são governante­s foram refugiados em países africanos vizinhos durante a luta de libertação nacional contra o colonialis­mo e estão atentos aos problemas que hoje existem na República Democrátic­a do Congo e nunca irão deixar de tomar medidas para que os refugiados provenient­es deste país vizinho tenham uma assistênci­a que lhes permita ter condições para poderem satisfazer as suas necessidad­es básicas.

Os angolanos são um povo generoso e têm dado provas disso na província da Lunda-Norte, onde tem sido recebido o maior número de refugiados da República Democrátic­a do Congo. Angola vai continuar a colaborar com a ONU no sentido de os refugiados provenient­es da RDC continuare­m a ser tratados com dignidade em território nacional.

A solidaried­ade com os refugiados da República Democrátic­a do Congo vai prosseguir, ao mesmo que se farão esforços para que haja soluções pacíficas para os problemas naquele país. Nós, angolanos, queremos que a RDC esteja completame­nte pacificada. Interessa-nos que haja paz na nossa região para podermos construir o desenvolvi­mento. Os povos de África desejam a paz.

Os angolanos compreende­m isto e trabalham no sentido de se acabarem definitiva­mente com as guerras no continente berço da humanidade. O resto são “faitsdiver­s”.

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