RELATÓRIO DA ONU
Novas drogas e mais potentes num mercado em crescimento
Existem novos e mais potentes tipos de drogas e cada vez mais disponíveis, segundo a ONU, que ontem divulgou, em Viena, o seu relatório anual sobre drogas. O documento informa que enquanto as drogas estão mais disponíveis e são cada vez mais potentes, o número de consumidores permanece estável há cinco anos. São 250 milhões de pessoas, 5 por cento da população do planeta.
O “florescimento” do mercado das drogas é o aspecto mais destacado do relatório, que aponta ainda que 29,5 milhões de pessoas têm transtornos graves pelo consumo dessas substâncias.
Segundo ainda o documento, apenas uma em cada seis pessoas que precisam de tratamento por estes transtornos recebe assistência, a maioria nos países desenvolvidos. “Aumentou a situação de risco para a saúde pela diversificação e a potência de novas substâncias”, explicou Angela Me, coordenadora do relatório, numa conferência de imprensa.
A especialista usou como exemplo o “fentanil”, um novo analgésico em pó 50 vezes mais potente que a heroína e que causou numerosas overdoses nos EUA nos últimos anos. “O mercado das drogas continua a evoluir e o número de substâncias também aumenta”, acrescentou Me, antes de sustentar que a situação muda a uma velocidade tão rápida que é um grande desafio dar uma resposta legal ao mesmo ritmo.
O relatório fala ainda em novas substâncias psicotrópicas que imitam drogas tradicionais de origem vegetal, como os canabinóides sintéticos, que são um risco porque são muito mais potentes e a sua composição pode ser especialmente nociva. Entre 2009 e 2016, a ONU contabilizou 739 destas substâncias, que aparecem e desaparecem com muita rapidez e cujos componentes químicos variam muito.
O grupo de drogas mais letais são os opioides, como a heroína e os seus análogos sintéticos, que causam, por overdose, a maior parte das mortes.
O seu consumo com seringas é além disso especialmente arriscado porque é mais fácil contrair doenças como hepatite C ou o vírus HIV.