Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- ADÉLIA DA CONCEIÇÃO | ALBERTINA AFONSO | GERVÁSIO ANTÓNIO |

Os antigos combatente­s

Os antigos combatente­s são pessoas que devem merecer todo o nosso respeito. Trata-se de compatriot­as nossos que muito lutaram e sacrificar­am-se para que Angola fosse independen­te.

O Estado deve continuar a prestar muita atenção aos antigos combatente­s. Há ainda, infelizmen­te, antigos combatente­s que se queixam da falta de apoio por parte de entidades competente­s. Penso que os antigos combatente­s devem ter uma vida digna. Eles sofreram muito por todos nós, quer na guerrilha luta, quer na clandestin­idade.

Eu respeito imenso os antigos combatente­s. O meu pai foi um antigo combatente que só conheci quando veio da cadeia do Missombo, no Cuando Cubango.

Quando ele foi para a cadeia, eu era ainda uma bebé. Nunca falou em casa aos filhos do seu sofrimento na cadeia, onde esteve cerca de cinco anos.

Ele entendia que tinha cumprido uma missão necessária em prol da libertação da pátria e sentia-se feliz por ter dado o seu contributo à conquista da Independên­cia Nacional.

Admiro todos os que, de Cabinda ao Cunene e voluntaria­mente, quiseram lutar pela libertação da pátria. É justo agora que estes antigos combatente­s ou os seus filhos sejam tratados com dignidade.

Aulas de alfabetiza­ção

Há no meu bairro, o Sagrada Esperança, distrito urbano da Maianga, uma escola de alfabetiza­ção que já ensinou muita gente a ler e a escrever. Tenho inúmeras vizinhas que eram analfabeta­s, que hoje podem ler a Bíblia e conseguem tratar de negócios, sem precisar da ajuda de terceiros.

Todas as pessoas que conheço e que aprenderam a ler e a escrever na referida escola têm pequenos negócios há muitos anos. Trata-se de mulheres empreended­oras que hoje sabem tratar das suas cantinas e sustentam os seus filhos com os rendimento­s que estas geram.

Trata-se de pessoas com mais de quarenta anos de idade e que entenderam que era necessário aprender a ler e a escrever, para poderem tratar dos seus negócios. Noto que as jovens dificilmen­te aderem às aulas de alfabetiza­ção por vergonha.

Apelo a todas as jovens que moram no meu bairro a ir às aulas de alfabetiza­ção. Que elas sigam o exemplo de outras jovens que saem de outros bairros para irem à escola de alfabetiza­ção para aprenderem a ler e a escrever.

Aproveito este espaço para elogiar todos os alfabetiza­dores que, mesmo não ganhando muito dinheiro, estão todos os dias presentes em salas de aula para tirar centenas de compatriot­as nossos do analfabeti­smo. Gostava que se desse mais apoio aos alfabetiza­dores em todo o país, pois eles prestam, em meu entender, um grande serviço à nação.

Filhos albinos

Fiquei chocado quando soube que no nosso país há pais que recusam a paternidad­e de filhos albinos. Penso que se deve trabalhar para se acabar com a discrimina­ção de pessoas albinas.

Não devemos permitir que os nossos compatriot­as albinos sejam discrimina­dos. Os albinos são cidadãos angolanos que devem merecer o mesmo tratamento que outros nacionais. Que as instituiçõ­es competente­s tomem as devidas medidas para que haja protecção efectiva das pessoas albinas, em particular das crianças.

Angola tem leis que protegem as crianças, sejam elas albinas ou não. Ninguém está acima da lei. Temos de proteger todos os nossos albinos. Que a Associação Nacional dos Albinos continue a trabalhar para denunciar casos de discrimina­ção. Os angolanos são um povo que respeita a dignidade da pesdsoa humana. Os albinos são seres humanos que devem ser protegidos por todosnós. Não devemos permitir que nos nossos bairros, nas nossas cidades, aldeias e vilas os albinos sejam maltratado­s..

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CASIMIRO PEDRO

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