CARTAS DO LEITOR
Os antigos combatentes
Os antigos combatentes são pessoas que devem merecer todo o nosso respeito. Trata-se de compatriotas nossos que muito lutaram e sacrificaram-se para que Angola fosse independente.
O Estado deve continuar a prestar muita atenção aos antigos combatentes. Há ainda, infelizmente, antigos combatentes que se queixam da falta de apoio por parte de entidades competentes. Penso que os antigos combatentes devem ter uma vida digna. Eles sofreram muito por todos nós, quer na guerrilha luta, quer na clandestinidade.
Eu respeito imenso os antigos combatentes. O meu pai foi um antigo combatente que só conheci quando veio da cadeia do Missombo, no Cuando Cubango.
Quando ele foi para a cadeia, eu era ainda uma bebé. Nunca falou em casa aos filhos do seu sofrimento na cadeia, onde esteve cerca de cinco anos.
Ele entendia que tinha cumprido uma missão necessária em prol da libertação da pátria e sentia-se feliz por ter dado o seu contributo à conquista da Independência Nacional.
Admiro todos os que, de Cabinda ao Cunene e voluntariamente, quiseram lutar pela libertação da pátria. É justo agora que estes antigos combatentes ou os seus filhos sejam tratados com dignidade.
Aulas de alfabetização
Há no meu bairro, o Sagrada Esperança, distrito urbano da Maianga, uma escola de alfabetização que já ensinou muita gente a ler e a escrever. Tenho inúmeras vizinhas que eram analfabetas, que hoje podem ler a Bíblia e conseguem tratar de negócios, sem precisar da ajuda de terceiros.
Todas as pessoas que conheço e que aprenderam a ler e a escrever na referida escola têm pequenos negócios há muitos anos. Trata-se de mulheres empreendedoras que hoje sabem tratar das suas cantinas e sustentam os seus filhos com os rendimentos que estas geram.
Trata-se de pessoas com mais de quarenta anos de idade e que entenderam que era necessário aprender a ler e a escrever, para poderem tratar dos seus negócios. Noto que as jovens dificilmente aderem às aulas de alfabetização por vergonha.
Apelo a todas as jovens que moram no meu bairro a ir às aulas de alfabetização. Que elas sigam o exemplo de outras jovens que saem de outros bairros para irem à escola de alfabetização para aprenderem a ler e a escrever.
Aproveito este espaço para elogiar todos os alfabetizadores que, mesmo não ganhando muito dinheiro, estão todos os dias presentes em salas de aula para tirar centenas de compatriotas nossos do analfabetismo. Gostava que se desse mais apoio aos alfabetizadores em todo o país, pois eles prestam, em meu entender, um grande serviço à nação.
Filhos albinos
Fiquei chocado quando soube que no nosso país há pais que recusam a paternidade de filhos albinos. Penso que se deve trabalhar para se acabar com a discriminação de pessoas albinas.
Não devemos permitir que os nossos compatriotas albinos sejam discriminados. Os albinos são cidadãos angolanos que devem merecer o mesmo tratamento que outros nacionais. Que as instituições competentes tomem as devidas medidas para que haja protecção efectiva das pessoas albinas, em particular das crianças.
Angola tem leis que protegem as crianças, sejam elas albinas ou não. Ninguém está acima da lei. Temos de proteger todos os nossos albinos. Que a Associação Nacional dos Albinos continue a trabalhar para denunciar casos de discriminação. Os angolanos são um povo que respeita a dignidade da pesdsoa humana. Os albinos são seres humanos que devem ser protegidos por todosnós. Não devemos permitir que nos nossos bairros, nas nossas cidades, aldeias e vilas os albinos sejam maltratados..