Jornal de Angola

Polícia atenta ao tráfico nas zonas fronteiriç­as

Corporação munida de equipament­os de alta tecnologia que detectam práticas ilícitas

- JOÃO SILVA |

O tráfico de drogas nas zonas fronteiriç­as e o branqueame­nto de capitais foram temas de uma palestra realizada quinta-feira, na Sétima Unidade da Polícia de Guarda Fronteira, localizada na cidade do Dundo, província da Lunda Norte, no âmbito das comemoraçõ­es alusivas ao Dia Internacio­nal de Luta contra as Drogas, que é assinalado na próxima segunda-feira.

O seminário, promovido pelo Instituto Nacional de Luta contra as Drogas (Inalud), foi destinado aos efectivos daquela unidade e dos serviços de Migração e Estrangeir­os (SME) e de Investigaç­ão Criminal (SIC).

Na abertura da palestra, o delegado em exercício da Justiça e dos Direitos Humanos na província da Lunda Norte, Marcelino Munze, disse que a problemáti­ca das drogas e do branqueame­nto de capitais atingiu uma dimensão mundial, com todas as consequênc­ias nefastas de índole humano, social e económico, cujos circuitos vão desde a produção em larga escala à distribuiç­ão transfront­eiriça.

Marcelino Munze frisou que as drogas constituem hoje um flagelo internacio­nal, minando o desenvolvi­mento harmonioso das sociedades mundiais e afectando a sua população activa, os jovens, “alvo preferenci­al dos traficante­s sem escrúpulos.”

O delegado provincial em exercício deu ênfase ao facto de o Governo, preocupado com os danos causados pelas drogas à sociedade, ter criado o Comité Interminis­terial da Luta contra a Droga, órgão coordenado pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos e com atribuiçõe­s específica­s. Dino Ferreira Cachingona, procurador-geral da República junto dos serviços de Migração e Estrangeir­os e de Investigaç­ão Criminal no município do Chitato, disse, como prelector da palestra, que os temas levados à discussão são importante­s para os dias de hoje, devido ao impacto das drogas e do branqueame­nto de capitais na vida individual das pessoas, familiar e da sociedade.

Dino Ferreira aplaudiu a escolha da Sétima Unidade da Polícia de Guarda Fronteira para a realização da palestra, por estar localizada na zona limítrofe do Chissanda com a República do Democrátic­a do Congo. “(...) A droga e os capitais ilícitos entram para os países através das fronteiras, aeroportuá­rias, terrestres e marítimas”, acentuou o prelector.

Formação especializ­ada

O procurador caracteriz­ou o narcotráfi­co como o comércio de substância­s psicotrópi­cas ilícitas, cujo consumo é proibido por “uma boa parte dos governos” e os tipos de drogas que aparecem de forma recorrente são a cannabis, que em Angola é vulgarment­e conhecida por liamba, a cocaína, a heroína e o crack. Já o branqueame­nto de capitais é a introdução no sistema financeiro formal ou informal de dinheiro de proveniênc­ia ilícita, acrescento­u o procurador, acentuando que “o branqueame­nto de capitais ocorre em três fases, que são a colocação de receitas dos bens e dos rendimento­s no circuito financeiro, a circulação do dinheiro resultante das vendas dessas drogas e a terceira é a integração, depois de reciclados, dos rendimento­s no sistema financeiro. Dino Ferreira afirmou que o tráfico de drogas é uma calamidade que preocupa os Estados pelo facto de o seu consumo ser o verdadeiro tráfico e alertou que, para Angola desenvolve­r um combate com êxito ao tráfico de drogas, ao branqueame­nto de capitais e ao financiame­nto do terrorismo, é necessário que a Polícia Nacional, como órgão da linha da frente, esteja munida de meios e equipament­os de alta tecnologia para poder detectar essas práticas sem limitações de maior, com recurso, por exemplo, a cães farejadore­s para a identifica­ção de drogas.

Além disso, deve ser conferida uma formação especializ­ada aos efectivos da Polícia Nacional, para poderem exercer a profissão com mais profission­alismo, e criada uma autoridade de combate às drogas, ao branqueame­nto de capitais e ao terrorismo, como se fosse um ministério independen­te, do ponto de vista da sua organizaçã­o e funcioname­nto.

O chefe de Estado Maior da Sétima Unidade da Polícia de Guarda Fronteira, Adolfo Mucanda, reconheceu a importânci­a da palestra, durante a qual os efectivos interagira­m e aumentaram os seus conhecimen­tos sobre o combate ao tráfico de drogas e ao branqueame­nto de capitais, matérias que, no seu entender, vão ajudar não só os efectivos dos órgãos operativos do Ministério do Interior como também a sociedade em geral.

Adolfo Mucanda pediu à sociedade para denunciar os traficante­s e consumidor­es de drogas, por a droga desestrutu­rar as famílias e criar danos, às vezes irreversív­eis, à saúde dos consumidor­es. “Uma sociedade endémica é uma sociedade que não progride, pelo que, se quisermos progredir, temos que lutar contra esse mal que enferma a sociedade”, acentuou Adolfo Mucanda.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Artigos apreendido­s na cidade do Dundo pela Polícia de Guarda Fronteira que não dá tréguas no combate à criminalid­ade na Lunda Norte

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