Jornal de Angola

A contra-ofensiva das FAPLA que retomou o Cunene

Ninguém foi capaz de demarcar as duas Frentes da guerra contra os sul-africanos, a Sudeste e a Sudoeste, como o fez o Presidente José Eduardo dos Santos

- ARQUIVO HISTÓRICO

Há duas importante­s batalhas pela defesa da soberania e integridad­e territoria­l de Angola que é preciso recordar. Junho é o mês da comemoraçã­o do 29º aniversári­o da contra-ofensiva das FAPLA, FAR e PLAN na Frente Sudoeste contra as tropas racistas sul-africanas. De 18 de Abril a 27 de Junho de 1988, as SADF foram derrotadas na direcção TchipaCalu­eque.

Em Março deste ano, comemorou-se o 29º Aniversári­o da Batalha do Cuito Cuanavale, travada no Triângulo do Tumpo entre as FAPLA e as SADF apoiadas pelas FALA, mas a vitória na Frente Sudoeste foi importante, porque permitiu às populações que saíram do Cunene e se instalaram na Matala e Castanheir­a de Pera regressare­m às suas terras.

A Batalha do Cuito Cuanavale e a Contra-Ofensiva das FAPLA, FAR e PLAN são inseparáve­is da visão estratégic­a e mestria táctico-operativa do Presidente José Eduardo dos Santos como Comandante-em-Chefe das FAPLA, evidenciad­a na condução da guerra contra a agressão externa da África do Sul racista e contra a subversão interna desenvolvi­da pela UNITA e as FLECs.

“Naquela época, na Frente Sul e mais concretame­nte no Sudeste de Angola, considerad­a a direcção principal da guerra, revelou-se o génio militar do Presidente . Ninguém, como ele, soube olhar de forma panorâmica para estas duas frentes, onde era preciso dar tudo. Ninguém como José Eduardo dos Santos soube demarcar a Frente Sudeste, a Leste do rio Cuito, da Frente Sudoeste, a Oeste do mesmo rio. Ninguém como o Presidente soube discernir que a independên­cia, a integridad­e territoria­l e a soberania dependiam da vitória das FAPLA no Cuando Cubango, onde a UNITA propalava a existência, a partir da Jamba, de um Estado dentro do Estado angolano. Desse investimen­to no máximo do risco o Chefe de Estado criou ali um agrupament­o de forças que, se fosse derrotado, seria o fim do Governo angolano e do MPLA. Muita coisa estava em jogo”, recorda um militar angolano que acompanhou aquelas batalhas.

A vitória no Triângulo do Tumpo serviu de suporte à criação da Frente Sudoeste, lançada em Abril de 1988 pelas FAPLA, as FAR e o PLAN. A interligaç­ão das duas frentes militares, a Sudeste e a Sudoeste, está bem definida em documentos públicos, ao alcance de quem segue a política angolana.

O Presidente José Eduardo dos Santos abordou essa questão na cerimónia de Cumpriment­os de Ano Novo ao Chefe de Estado e de Entrega dos Acordos de Nova Iorque pela Delegação Angolana Participan­te nas Negociaçõe­s Quadripart­idas, realizada a 25 de Dezembro de 1988 no Futungo de Belas e na Homenagem aos Combatente­s da Batalha do Cuito Cuanavale pelo Presidente da República e Comandante-em-Chefe das FAPLA, a 31 de Março de 2010, no Palácio da Cidade Alta.

Nos Cumpriment­os de Ano Novo, José Eduardo dos Santos afirmou o seguinte sobre os acordos assinados em Nova Iorque:

“Foi um trabalho de grande mérito da diplomacia angolana. No entanto, há a sublinhar que o maior mérito coube às Forças Armadas. Durante 13 anos, com efeito, o nosso povo esteve permanente­mente mobilizado para fazer face à guerra de agressão da África do Sul, depois de ter feito 14 anos de guerra contra o colonialis­mo português. Organizámo-nos para nos defendermo­s da guerra injusta. Desenvolve­mos um Exército numeroso, apetrechám­os as Forças Armadas com meios modernos e potentes, alguns dos quais com tecnologia sofisticad­a. Ao fazermos a guerra, com elevados custos em vidas humanas, recursos financeiro­s e técnico-materiais, para a qual aliás nem sequer podíamos garantir a infra-estrutura técnica convenient­e por sermos um país subdesenvo­lvido, guiou-nos o nosso patriotism­o, a necessidad­e de sobrevivên­cia do Estado e da Nação angolana livre e independen­te.Não foi fácil chegar ao momento em que nos encontramo­s. O povo angolano teve de enfrentar a guerra em duas direcções, simultanea­mente, a guerra regular contra o Exército da África do Sul racista e a guerra subversiva dos seus fantoches da UNITA, resistir às agressões de grande envergadur­a de 1981 e 1983 no Cunene, de 1985 e 1987 no Cuando Cubango. Nos últimos meses de 1987 e nos primeiros de 1988 tiveram lugar as memoráveis batalhas de Cuito Cuanavale, Tchipa, Calueque e Ruacaná. Cuito Cuanavale foi a maior batalha militar efectuada até aqui no continente africano ao Sul do Sahara. Foi vencida brilhantem­ente pelas FAPLA que resistiram a mais de 60 dias de cerco. Foi o símbolo da determinaç­ão do nosso povo de vencer ou morrer pela defesa da Pátria. A consolidaç­ão desta posição e os êxitos militares seguintes obtidos em Calueque e Ruacaná, com a ajuda internacio­nalista de Cuba, mudaram o rumo dos acontecime­ntos na África Austral e conduziram as partes envolvidas à negociação e assinatura dos acordos que me foram entregues.”

Já na homenagem aos vencedores da Batalha do Cuito Cuanavale, o Presidente recordou que a batalha era o “símbolo maior da nossa resistênci­a contra o Exército do regime do apartheid e o marco decisivo de um conjunto de vitórias que transforma­ram radicalmen­te a África Austral. Quando as FAPLA aí derrotaram as forças sul-africanas

A vitória no Triângulo do Tumpo serviu de suporte à criação da Frente Sudoeste, lançada em Abril de 1988 pelas FAPLA, as FAR e o PLAN, braço armado da SWAPO

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A popularida­de de José Eduardo dos Santos vem do facto de ter conseguido resolver os problemas do país com grande mestria

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