Jornal de Angola

SECTOR ELÉCTRICO

Vice-Presidente da República inaugura hoje uma nova central que eleva a capacidade de produção do empreendim­ento que passa a responder, por sí só, às necessidad­es de cerca de oito milhões de pessoas

- André dos Anjos

Barragem de Capanda reforça a rede nacional de energia eléctrica

A funcionar em regime experiment­al há seis meses, a segunda central da barragem hidroeléct­rica de Cambambe, que eleva a capacidade de produção do empreendim­ento de 260 para 960 megawatts (MW) é inaugurada hoje pelo Vice-Presidente da República, Manuel Vicente. Inserida nos esforços de redução do deficit de energia que se verifica no país, a nova central de Cambambe começou a ser construída em 2013 e, apesar dos constrangi­mentos financeiro­s resultante­s da queda do preço do petróleo no mercado internacio­nal, as obras ficaram concluídas em Dezembro de 2016, altura em que entra em funcioname­nto a última das quatro turbinas, com capacidade de 175 MW cada, que a compõem. A cerimónia de hoje marca a passagem formal da obra do empreiteir­o (Odebrecht) para o proprietár­io (Governo angolano). A nova central constitui a segunda e a última etapa da barragem de Cambambe, que começou a ser construída em 1959. A primeira fase ficou concluída em 1963, com a entrada em funcioname­nto de uma central com duas turbinas de 45 megawatts cada, elevadas a quatro em 1969. O fim da segunda e última etapa, que inclui o alteamento e o reforço da potência da barragem, chegou a estar previsto para 1975 e, depois, para 1982, mas a situação político-militar que se seguiu à Independên­cia Nacional assim não permitiu.

Entre as décadas 80 e 90, por falta de manutenção, devido igualmente à situação político militar, a barragem chegou perder cerca de metade da capacidade instalada. Em 2007, o Governo procede à primeira intervençã­o de vulto na barragem, repondo os níveis de produção inicialmen­te instalados (180 MW).

Dois anos depois, em 2009, o Governo faz a segunda intervençã­o na barragem, que consiste, entre outros arranjos, na substituiç­ão das quatro antigas tur- binas de 45 MW por outras de 65 megawatts cada, o que resultou no aumento da oferta, de 180 para 260 megawatts.

Além da nova central, a segunda fase chamada Cambambe II, incluiu a construção de três subestaçõe­s de transforma­ção de energia, uma com capacidade para 400 Kilovolts, destinada ao reforço do circuito Cambambe/Luanda, com ramal para Catete, outra de 220 kv, que vai alimentar as linhas de Cambambe/Ndalatando, no Cuanza Norte, Gabela, no Cuanza Sul, e Benguela.

Outra subestação de 60 kv está reservada ao abastecime­nto de energia à sede do município do Dondo, e também a Cassoalala e sedes comunais de Zenza do Itombe e Massangano, que recebem energia pela primeira vez.

A atestar o volume e a complexida­de das obras concorrem vários pormenores, a começar pelo número de pessoas que deram corpo à empreitada. O Ministério da Energia e Águas fala em cerca dez mil trabalhado­res, 93 por cento de nacional angolana e sete por cento oriundos de outros países.

Para além dos desafios técnicos típicos e habituais em obras de alteamento de barragem, tais como a resistênci­a da obra alteada ou a adaptação dos órgãos de descarga de cheias extremas, a empreitada distinguiu-se pela complexida­de da logística, muito condiciona­da pelas estações do ano e da hidrologia local.

Barragem de Laúca

Erguido também sobre o médio Kwanza, mas na província de Malanje, Laúca é para já a maior barragem já construída em Angola. Quando atingir a capacidade máxima, vai produzir acima do dobro do somatório das duas anteriores grandes barragens que a precederam: a de Cambambe e a de Capanda. Dito de outro modo, o empreendim­ento surge com potencial para aumentar substancia­lmente a oferta de energia no país.

Trata-se de um gigante de betão ainda sem paralelo na história da engenharia civil do país. Os números que entram na sua descrição técnica seriam exagerados senão fossem reais. Em termos de ar-

A cerimónia de hoje marca a passagem formal da obra do empreiteir­o (Odebrecht) para o proprietár­io (Governo angolano) e, por via disso, ao povo angolano, beneficiár­io último dos investimen­tos públicos em curso no país.

gamassa, os cálculos andam à volta de 600 mil metros cúbicos de betão. As escavações a céu aberto atingiram os seis milhões de metros cúbico, enquanto as escavações subterrâne­as atingiam 1,6 milhões de metros cúbicos.

Referindo-se recentemen­te ao empreendim­ento, o ministro da Energia e Águas, Trata-se de um gigante de betão ainda sem paralelo na história da engenharia civil do país. Os números que entram na sua descrição técnica seriam exagerados senão fossem reais. Em termos de argamassa, os cálculos andam à volta de 600 mil metros cúbicos de betão. As escavações a céu aberto atingiram os seis milhões de metros cúbico, enquanto as escavações subterrâne­as atingiam 1,6 milhões de metros cúbicos.

Laúca, é o que se pode chamar um gigante à parte. Os números que entram na sua descrição técnica seriam exagerados senão fossem reais. Só de argamassa, consumiu à volta de 600 mil metros cúbicos de betão.

João Baptista Borges, vaticina que, quando estiver em pleno funcioname­nto, em 2018, a barragem de Laúca vai ajudar o país a ultrapassa­r o deficit de energia.

A albufeira de Laúca começou a ser enchida a 11 de Março, numa cerimónia orientada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. A última etapa do processo fica concluída Bem 2018.

Orçadas em 4,5 mil milhões de dólares, as obras de construção da barragem tiveram início em 2012.

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Construção e reabilitaç­ão de barragens é acompanhad­a da criação de novas subestaçõe­s
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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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