Dramaturgo Mena Abrantes recebe distinção
O Circuito Internacional de Teatro abre hoje às 18h30 no Camões com uma homenagem a José Mena Abrantes
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Para além de ter o maior número de peças de teatro publicadas no país, José Mena Abrantes tem um percurso de ouro também como ficcionista, poeta, jornalista, actor, director de cena e outros tantos ofícios no teatro
A cerimónia de abertura
da segunda edição do Circuito Internacional de Teatro (CIT), que vai celebrar “50 anos de mena”, como dramaturgo e encenador, realiza-se hoje, às 18h30, no Camões-Centro Cultural Português, em Luanda.
Nesta singela homenagem feita por “homens do Teatro” a uma grande Figura das artes dramáticas angolana, é apresentada a peça de teatro “A Mesa”, de Mena Abrantes, seguindo-se um momento de dança tradicional com o grupo Tremura Show, um momento musical com Nell Jazz e projecção de um vídeo com vários testemunhos sobre Mena Abrantes.
Para além de ter o maior número de peças de teatro publicadas, José Mena Abrantes tem um percurso de ouro também como ficcionista, poeta, jornalista, actor, director de cena e outros tantos ofícios no teatro, destacando-se também como membro fundador do Teatro Elinga, que, segundo o escritor Manuel Rui “é um grupo militante do teatro. Como necessidade vital”. Acrescenta ainda a propósito do 1.º volume da obra “O Teatro em Angola” de Mena Abrantes “(…) os trabalhos desta obra de Mena Abrantes fluem sobre uma torrente que evidencia que o teatro decorre de uma necessidade vital, apontando sinais de que a representação está em toda a vida, enquanto acontecimento social de estética, como encontro, comunhão de proximidade ou distância de frente a frente”.
Depois da homenagem, é inaugurada no Camões a primeira exposição individual de pintura de José Mena Abrantes, que vai dar a conhecer ao público de Luanda mais uma faceta da sua criação multidisciplinar. Mena Abrantes é também reconhecido e admirado pela sua humildade e pelo perfil humanista e solidário.
Perfil do dramaturgo
José Mena Abrantes, dramaturgo, poeta, escritor e jornalista, é natural de Malange, onde fez os estudos primários. Concluiu o ensino secundário em Luanda e a Licenciatura em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Aí, estabeleceu os primeiros contactos com o teatro, que viria a ocupar um espaço predominante na sua vida, primeiro como actor e, posteriormente, como dramaturgo, encenador, director e ensaísta.
Tem participado com regularidade em Festivais Internacionais de Teatro em vários países de África, Europa e América, como autor, encenador e director. Como jornalista, tem colaborado com vários órgãos de comunicação social angolanos, portugueses, moçambicanos e franceses. É assessor do Presidente da República há trinta anos. José Mena Abrantes é detentor de uma vasta e diversificada obra literária, com perto de trinta obras publicadas. Foi distinguido com vários Prémios, entre os quais, três edições do Prémio Sonangol de Literatura e uma vez com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na modalidade de Literatura, em 2012.
Grupo Girassol
O grupo de teatro Girassol de Moçambique, organizador do Festival Internacional de Inverno em Maputo, apresenta amanhã e domingo, às 20h00, na Liga Africana, em Luanda, os espectáculos dramáticos “Ciclo Vicioso” e “Nkaticuloni”.
As exibições do grupo moçambicano na capital angolana estão inseridas no programa da edição 2017 do Circuito Internacional de Teatro (CIT), que arranca hoje, às 18h30, no Camões - Centro Cultural Português, com uma homenagem ao dramaturgo José Mena Abrantes, pelo seu contributo em prol das artes dramáticas.
A peça “Ciclo Vicioso”, a ser exibida amanhã para o público luandense, retrata o quotidiano dos moçambicanos, desde as privatizações de empresas, o dumba-nengue como local de sobrevivência, a morosidade da justiça e a traição entre amigos, num enredo que se movimenta entre a sátira e a tragédia.
A peça “Nkatikuloni”, premiada como Melhor Espectáculo Estrangeiro no Festeca, é uma reflexão em torno da condição de ser-se esposa e de ser-se a “outra” esposa do mesmo marido, numa sociedade globalizada em que os valores, hábitos e costumes, associados à cultura dos povos africanos, se vêem na encruzilhada de um reconhecimento ou legitimidade sob o ponto de vista dos conceitos ocidentais.