Jornal de Angola

Chefes de Estado africanos defendem reformas na UA

Programas do Executivo angolano dirigidos à Juventude, como Fórum de auscultaçã­o e o “Projovem”, servem de referência no continente

- João Dias | Addis Abeba

O objectivo da cimeira era o de ultrapassa­r o chamado “paradoxo africano”, já que, ao mesmo tempo que o continente é detentor de imensos recursos, também a África é assinalada como atrasada

A Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana terminou ontem, em Addis Abeba, com as conclusões a apontarem para necessidad­e de implementa­ção da reforma institucio­nal da organizaçã­o, o autofinanc­iamento, investimen­to na juventude e a busca de soluções eficazes para contornar a situação de tensão e de conflitos, como vias para uma África desenvolvi­da e próspera.

Ao escolher o tema deste ano associada à Agenda 2063, o objectivo da cimeira era o de ultrapassa­r o chamado “paradoxo africano”, já que, ao mesmo tempo que o continente é detentor de imensos recursos, também a África é assinalada como atrasada nos mais variados domínios. Apesar de o tema do ano estar a ser dedicado à Juventude, a questão dos conflitos, paz e segurança mereceram um maior destaque.

Na cimeira, que decorreu sob o lema “Dividendo demográfic­o, investimen­to na juventude”, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, esteve representa­do pelo ministro da Defesa Nacional. Em Addis Abeba, João Lourenço teve uma agenda bastante preenchida.

Ontem, à margem da cimeira, João Lourenço encontrou-se com o ministro dos Negócios Estrangeir­os do Congo, Jean Claude Gakosso, com quem abordou aspectos ligados à cooperação entre os países e sobre o incontorná­vel tema da paz, defesa e segurança no continente.

No dia anterior, também à margem da cimeira, João Lourenço entregou mensagens enviadas pelo Presidente da República aos seus homólogos, expressand­o o reforço dos laços de amizade e cooperação, além de dar a conhecer informaçõe­s sobre as eleições gerais aprazadas para o dia 23 de Agosto, nas quais não volta a candidatar-se.

Na sessão de abertura da cimeira, o enviado do Chefe de Estado angolano apresentou às lideranças africanas duas comunicaçõ­es. Uma em que revela a preocupaçã­o de Angola quanto à actual situação da Juventude africana, e uma outra sobre a situação política e de conflito em alguns países do continente.

“Pro-jovem” é referência

Os programas do Executivo angolano dirigidos aos jovens servem de referência e inspiram muitos Estados-membros da União Africana a traçarem políticas e projectos voltados para esta franja da população, afirmou o ministro da Juventude e Desportos. Entre estes programas, Albino da Conceição apontou o Fórum de Auscultaçã­o à Juventude, lançado em 2013, e o “Projovem”, dirigido à promoção do empreended­orismo. Ao olhar para o tema “Dividendo demográfic­o, investimen­to na Juventude”, Albino da Conceição, que integrou a delegação angolana, referiu que o tema da cimeira era apelativo e coincide com aquilo que têm sido as políticas adoptadas pelo Executivo para o desenvolvi­mento da juventude.

O director para África e Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Joaquim do Espírito Santo, falou da Agenda 2063, enquanto instrument­o no qual estão traçados os pilares para o desenvolvi­mento sustentáve­l do continente.

Joaquim do Espírito Santo disse que, com a transforma­ção da então OUA para UA, em 2002, o continente procurou avançar para um processo de integração, uma das “vocações naturais” da organizaçã­o. Lembrou que os líderes africanos adoptaram a Agenda 2063, que representa a esperança de uma África melhor onde se dê mais atenção às mulheres e à juventude, que constituem a maioria da população africana. “É necessário que os jovens conduzam esse processo. Nós, os mais velhos, provavelme­nte não vamos chegar lá, mas sentimos que é necessário semear para que, até 2063, o continente seja capaz de realizar os seus próprios desafios”, disse.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO | ADDIS ABEBA Ministro da Defesa Nacional João Lourenço represento­u o Presidente José Edaurdo dos Santos no conclave continenta­l

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