China faz apelo à contenção
Mundo manifesta apreensão enquanto Pyongyang celebra “êxito” da indústria de armamento com a apresentação do novo míssil intercontinental balístico “capaz de alcançar qualquer parte” do globo terrestre em pouco tempo
A China apelou ontem à contenção de todas as partes envolvidas e à solução pacífica do problema norte-coreano após o anúncio do teste de um míssil balístico intercontinental pela Coreia do Norte.
A Coreia do Norte anunciou ontem ter testado com sucesso o primeiro míssil balístico intercontinental (ICBM), “capaz de alcançar qualquer parte do mundo”, segundo a emissora estatal de televisão KCTV.
A emissora afirmou que se trata de um míssil novo baptizado como Hwasong14 que alcançou uma altura máxima de 2.802 quilómetros e percorreu 933 quilómetros em 39 minutos.
O ensaio do Hwasong-14 foi supervisionado pelo líder norte-coreano Kim JongUn, anunciou a televisão pública norte-coreana num noticiário especial.
“A República Popular Democrática da Coreia tornou-se uma potência nuclear imponente com o mais poderoso dos ICBM capaz de atingir qualquer parte do mundo”, disse a apresentadora de televisão.
O anúncio da Coreia do Norte surgiu depois da informação divulgada por Seul e Washington de que Pyongyang tinha lançado um míssil de médio alcance.
O teste pode ter sido o mais bem-sucedido até à data.
Um analista de armas considerou que o míssil pode ser suficientemente poderoso para chegar ao Alasca, nos Estados Unidos.
O lançamento do míssil foi realizado às 9h40 locais de segunda-feira (1h40 de ontem em Angola), a partir da província norte-coreana de Pyongyang Norte, segundo informação do comando conjunto das Forças Armadas sul-coreanas, citado pelas agências internacionais. O Presidente norte-americano, Donald Trump, reagiu no Twitter, ao perguntar se o líder norte-coreano “não tem nada melhor para fazer na vida”.
Donald Trump instou ainda as autoridades chinesas a endurecerem a posição em relação à Coreia do Norte. Moscovo reage com cautela Ao reagir à notícia sobre o teste de Pyongyang, o Ministério russo da Defesa declarou que o míssil é de alcance médio, e não intercontinental como o anunciado pelo Governo norte-coreano.
“Os parâmetros de voo correspondem às características de um foguete balístico de alcance médio”, afirmou o Ministério russo em comunicado.
A nota oficial do Governo russo refere que o lançamento do míssil foi em direcção oposta à fronteira entre o território russo e a Coreia do Norte e “não representou perigo para a Rússia”.
O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros afirmou que o Sistema de Alerta de Ataque com Mísseis detectou o lançamento do foguete norte-coreano e seguiu toda a sua trajectória.
“O foguete atingiu uma altura de 535 quilómetros, percorreu cerca de 510 quilómetros e caiu na parte central de Mar do Japão”, segundo a nota.
O anúncio norte-coreano do lançamento do seu primeiro míssil intercontinental foi recebido com cautela nos meios políticos russos, ainda que haja quem o considere um “bluf”.
“As declarações do Governo de Pyongyang de que podem atacar qualquer lugar no mundo são, claro, um delírio. É preciso leválas a sério mas não deixam de ser um ‘bluf’", disse o vice-presidente do Comité de Relações Internacionais da Duma, a Câmara dos Deputados da Rússia, Alexei Chepa. Seul e Tóquio O teste balístico nortecoreano, o primeiro desde 8 de Junho, quando Pyongyang disparou um míssil de cruzeiro, ocorre logo depois de o novo Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se terem reunido em Washington para conversar “sobre a ameaça norte-acoreana.” No início do ano, o líder norte-coreano, Kim Jongun, anunciou que o seu país estava perto de desenvolver um ICBM, uma arma que permite alcançar qualquer parte do mundo, incluindo o território dos EUA.
Uma fonte militar sulcoreana citada pela agência “Yonhap” afirmou que o míssil pode ter percorrido uma distância de 6 mil quilómetros. O comando militar sul-coreano disse que o teste foi realizado próximo da base aérea de Panghyon, onde, em Fevereiro desde ano, o Exército norte-coreano disparou pela primeira vez o seu novo míssil Pukguksong-2, também conhecido como KN-15, com um alcance estimado de 3 mil quilómetros.
O porta-voz do Governo do Japão, Yoshihide Suga, disse em conferência de imprensa que acredita que o projéctil caiu nas águas da Zona Económica Especial, que abrange uma área de 200 quilómetros além da costa do país.
A notícia do lançamento do míssil balístico intercontinental norte-coreano ocupou as páginas de principais jornais do mundo e as televisões e agências de notícias internacionais destacaram o facto. Na Europa e nos Estados Unidos, as reacções não se fizeram esperar.
Teste balístico norte-coreano ocorre logo depois de o novo Presidente da Coreia do Sul ter viajado a Washington para um encontro com o seu homólogo norte-americano