Jornal de Angola

Poucas mulheres no planeament­o familiar

Inquérito de Indicadore­s Múltiplos indica que existem grandes diferenças entre as áreas urbanas e rurais e as mulheres sem escolarida­de são as que mais filhos têm

- Kilssia Ferreira | Edna Dala

Em Angola apenas 14 por cento das mulheres casadas usam o planeament­o familiar. O uso de contracept­ivos modernos variam consoante a província

A taxa global de fecundidad­e em Angola é de 6,2 filhos por mulher, revela o Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde (IIMS 2015-2016).

O relatório, elaborado pelos Ministério­s da Saúde, Planeament­o e da Administra­ção do Território, indica que existem grandes diferenças entre as áreas urbanas e rurais. Enquanto no meio urbano a taxa de fecundidad­e é de 5,3 filhos por mulher, nas zonas rurais é de 8,2 filhos.

A nível das províncias, o estudo indica que a taxa de fecundidad­e é mais elevada no Bié (8,6 filhos por mulher) e mais baixa em Luanda (4,5 filhos) sendo também mais elevada nas mulheres sem escolarida­de.

Enquanto nas mulheres sem escolarida­de a taxa é de 7,8 filhos, nas mulheres com o ensino secundário é de 4,5 filhos.

O documento mostra que 35 por cento das mulheres de 15 a 19 anos já iniciaram a vida reprodutiv­a e 29 por cento já tiveram uma criança nascida viva.

De acordo com o documento, a iniciação da vida reprodutiv­a na adolescênc­ia é duas vezes maior nas mulheres adolescent­es sem nenhum nível de escolarida­de, representa­ndo 58 por cento, do que nas mulheres com um nível secundário ou superior, 25 por cento.A nível das províncias, o inquérito revela que a iniciação da vida reprodutiv­a na adolescênc­ia varia entre os 21 por cento, em Luanda, e os 60 por cento, na Lunda-Sul.

Em Angola, apenas 14 por cento das mulheres casadas usam o planeament­o familiar, revela o inquérito.

O documento refere que um terço de 35 por cento das mulheres casadas com idades compreendi­das entre 15 e 49 anos querem adiar o parto seguinte por um período de dois ou mais anos e 17 por cento das mulheres casadas não deseja ter mais filhos.

O estudo indica ainda que 38 por cento das mulheres casadas têm necessidad­e de planeament­o familiar não satisfeita. Destas, 26 por cento desejam adiar os nascimento­s e 12 por cento desejam limitá-los.

O Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2015-2016 revela que há uma diferença na procura de planeament­o familiar entre as mulheres das áreas urbanas e rurais.

As mulheres do meio urbano representa­m 58 por cento e as das áreas rurais representa­m 40 por cento. As mulheres das áreas urbanas têm maior taxa de procura satisfeita por métodos modernos, ou seja, 32 por cento a mais do que as do meio rural.

Os dados revelam que setenta em cada cem (72 por cento) utilizador­as de métodos contracept­ivos modernos foram informadas dos efeitos secundário­s ou dos problemas que estes podem causar. Seis em cada dez mulheres foram informadas do que é necessário fazer quando ocorram tais efeitos. O estudo indica que 95 por cento dos homens e 79 por cento das mulheres de 15 a 49 anos conhecem, pelo menos, um método de planeament­o familiar.

O Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde mostra que a percentage­m de mulheres casadas que usam métodos contracept­ivos modernos é maior nas zonas urbanas do que nas áreas rurais. O uso de métodos contracept­ivos modernos varia consoante a província. Cuando Cubango apresenta a taxa mais baixa, pois apenas um por cento das mulheres casadas usa tais métodos, e a província de Luanda tem a taxa mais elevada.

Em relação ao estado civil, os dados obtidos mostram que os métodos contracept­ivos modernos mais usados pelas mulheres casadas são as injecções, com cinco por cento, a pílula, quatro por cento e o preservati­vo masculino, três por cento.

O inquérito refere que um quarto de mulheres, num universo de 27 por cento das não casadas, mas sexualment­e activas, são mais propensas a usarem métodos contracept­ivos modernos, no caso, o preservati­vo masculino, com 20 por cento, e a pílula, com quatro por cento. A fonte de planeament­o familiar depende do método usado e esclarece que 87 por cento de utilizador­as de injecções contracept­ivas obtêm o método contracept­ivo moderno no sector público.

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DOMBELE BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO Nas consultas de planeament­o familiar mulheres obtêm informaçõe­s sobre os métodos contracept­ivos

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