Jornal de Angola

Activos bancários têm forte dinâmica

Especialis­tas do mercado financeiro dizem que Angola deve criar condições e adoptar as melhores práticas internacio­nais de regulação e supervisão bancária

- Madalena José

Os activos do sector bancário angolano quase duplicaram em cinco anos, entre 2011 e 2016, situando-se, num valor na ordem dos 10,66 triliões de kwanzas, cerca de 63 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), anunciou ontem o ministro das Finanças, Archer Mangueira.

Os activos do sector bancário angolano quase duplicaram em cinco anos, entre 2011 e 2016, situando-se, num valor na ordem dos 10,66 triliões de kwanzas, cerca de 63 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), anunciou ontem, em Luanda, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, na abertura do VII Fórum da Banca sobre “Regulação e Supervisão Bancária”.

Archer Mangueira avançou que os números mostram a forte dinâmica e a importânci­a do sector bancário para a economia nacional. “A banca é vital para a economia e funciona como o sistema respiratór­io, quando se pode contar com um sector bancário robusto e com solvabilid­ade suficiente para honrar os seus compromiss­os, expandindo-se rapidament­e pelo país”, sublinhou.

Nesta senda, o quadro regulament­ar do sistema bancário teve uma actualizaç­ão importante em Junho de 2016, quando Angola procedeu ao alinhament­o dos requisitos de capital com as normas de Basileia. No momento, foram emitidos regulament­os de revisão das componente­s de capital dos bancos e introduzid­os requisitos de capital para o risco operaciona­l e para o risco do mercado, cuja implementa­ção está prevista para o ano de 2018.

Além dos anteriores regulament­os e requisitos citados, o banco central emitiu regulament­os sobre a gestão do risco em geral e sobre as normas internacio­nais de contabilid­ade, conhecidas por IFRS no acrónimo em inglês, estando em curso a sua adopção pelos bancos, garantiu.

Archer Mangueira falou também do acordo assinado entre Angola e os Estados Unidos, no âmbito do FATCA (Foreing Account Tax Compiance Act - Lei de Conformida­de Tributária de Contas Estrangeir­as), que procura combater a evasão fiscal de cidadãos americanos, relativame­nte ao património financeiro que estes detenham em instituiçõ­es financeira­s localizada­s fora do território norte-americano.

O ministro acrescento­u que Angola está prestes a implementa­r a avaliação nacional do risco, recomendaç­ão número um do Grupo de Acção Financeira Internacio­nal (GAFI). “Para a implementa­ção de toda a legislação criada, no âmbito da supervisão baseada no risco, necessita-se de boa capacidade institucio­nal, rigor disciplina e bons mecanismos de controlo”, acrescento­u.

A fim de fortalecer a estabilida­de geral do sector bancário, nos últimos anos foram implementa­das pelo Banco Nacional de Angola (BNA) medidas, que visam fortalecer a regulação e supervisão bancária. No mesmo período, o BNA tem trabalhado na actualizaç­ão do quadro regulament­ar e na criação de condições para uma abordagem da supervisão baseada no risco. Neste quadro, outro desafio apontado por Archer Mangueira foi o do investimen­to intensivo na formação de quadros dos organismos de regulação e supervisão financeira.

A Lei das instituiçõ­es financeira­s estipula a existência do Conselho Nacional de Estabilida­de Financeira, já em funcioname­nto, um órgão público, quadripart­ido e de natureza consultiva, que tem a missão de facilitar a articulaçã­o entre os diferentes organismos de supervisão, definir a implementa­ção dos mecanismos de promoção da estabilida­de financeira e de prevenção de crises sistémicas.

Além disso, Archer Mangueira afirmou que a missão do Conselho Nacional de Estabilida­de Financeira assenta também em três pilares: estabilida­de financeira, regulação e supervisão e intercâmbi­o de informação.

A professora da Faculdade de Economia e Negócios da Universida­de Católica de Lisboa, Altina Gonzales, foi a prelectora do tema “Tendências e Modelos de Regulação e Supervisão Bancárias”. Durante a dissertaçã­o, afirmou que para o banco central angolano resgatar a confiança global e ser reconhecid­o como um supervisor, deve criar condições necessária­s e adoptar as melhores práticas internacio­nais.

Altina Gonzales disse constatar que o BNA está a fazer um esforço, “mas tem que acelerar o passo e não seguir a retaguarda, mesmo que traga algumas vantagens, porque, indo devagar, pode proporcion­ar lições de uma revelação excessiva e isso, além de ter as suas penalizaçõ­es, torna-se um sistema pouco regulado”.

A professora acrescento­u que “Angola tem de adaptar-se, tirando exemplos do melhor que se está a fazer na Europa e nos EUA”. Em termos práticos, disse, “é fazer limpeza e reconhecer que há determinad­os activos no seu balanço que não têm o seu valor contabiliz­ado. Ter um balanço limpo e saneado é fundamenta­l e a outra coisa é a eficiência que está directamen­te ligada com a rentabilid­ade”.

O presidente do conselho de administra­ção do Banco do Poupança e Crédito (BPC), Ricardo D´Abreu, disse, a par do encontro, que o banco que dirige está a trabalhar e criar condições para liderar todos os processos de cumpriment­o normativo prudencial e comportame­ntal, para dar o seu contributo no cresciment­o e na diversific­ação económica.

O encontro promovido pelo Jornal Expansão visou apontar os caminhos, sugerir procedimen­tos, atitudes e comportame­ntos, para contribuir, dessa forma, na afirmação no país dos bancos sólidos e sustentáve­is, para o financiame­nto da economia, ajudando, assim, na criação de empregos e na geração de riqueza.

Lei das instituiçõ­es financeira­s estipula a existência do Conselho Nacional de Estabilida­de Financeira, um órgão público quadripart­ido e de natureza consultiva que deve articular a supervisão

 ?? MARIA AUGUSTA|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Assuntos de actualidad­e dos bancos angolanos analisados com rigor por especialis­tas que lidam com o mercado financeiro
MARIA AUGUSTA|EDIÇÕES NOVEMBRO Assuntos de actualidad­e dos bancos angolanos analisados com rigor por especialis­tas que lidam com o mercado financeiro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola