Jornal de Angola

Superfície­s agrícolas estão livres de minas

No município de Cangandala está a expandir a actividade agrícola graças ao trabalho das agências de desminagem

- Venâncio Victor | Malanje

Uma área agrícola de 1.974 metros quadrados foi desminada pelo Instituto Nacional de Desminagem (INAD) no município de Cangandala, Malanje, durante o segundo trimestre deste ano.

A directora do INAD, Marcelina Lima, referiu que no período em balanço foi removida uma mina antitanque e destruídos quatro engenhos explosivos.

Marcelina Lima disse que, neste momento, uma brigada do INAD está a intervir numa nova área, para permitir a construção de um sistema de captação, tratamento e distribuiç­ão de água potável.

Ao longo do segundo trimestre deste ano foram promovidas campanhas de sensibiliz­ação sobre o risco e perigos de minas, nas quais participar­am 4.442 habitantes, sendo 462 homens, 515 mulheres, 1.805 crianças do sexo masculino e 160 do sexo feminino.

Marcelina Lima referiu ainda que o Instituto Nacional de Desminagem pretende avaliar outros municípios de Malanje, onde o INAD suspeita que haja minas.

“Malanje possui muitas áreas suspeitas por ter sido das províncias mais afectadas pela guerra”, realçou a directora provincial do INAD, que valorizou as campanhas de sensibiliz­ação e educação sobre o risco de minas, na redução de acidentes com engenhos explosivos.

O ministro da Assistênci­a e Reinserção Social, Gon- çalves Muandumba, revelou, recentemen­te, que as áreas suspeitas de minas em Angola reduziram de 3.277 áreas, em 2007 para 1.461 este ano.

"Os dados globais apresentad­os são bastante animadores, rondam em 50 por cento, em relação a quando terminou a guerra", disse o ministro, que é também o coordenado­r da Comissão Executiva de Desminagem, para acrescenta­r que "há um esforço muito grande" dos envolvidos no processo.

Dados revelados na conferênci­a indicam que foram limpos 3.540.924.11 metros quadrados de áreas, 47.150 quilómetro­s de estradas, 3.218 quilómetro­s de linhas de ferro, 2.800 quilómetro­s de linhas de transporte de energia eléctrica, 10.000 quilómetro­s de linhas de fibra óptica, além da retirada de 419.101 minas anti-pessoal, 26.391 anti-tanque e 5.960.346 outros engenhos remanescen­tes de guerra.

"Este número de minas e engenhos explosivos retirados expressa claramente número de vidas poupadas ao longo destes anos, o que significa que se nada tivesse sido feito, milhares de homens, mulheres e crianças teriam perdido a vida", explicou o ministro, destacando o impacto da desminagem para a melhoria da circulação de pessoas e bens, no desenvolvi­mento da agricultur­a e do comércio e na construção e reabilitaç­ão de infra-estruturas.

Dados do relatório anual de 2016, revelados durante uma conferênci­a em Luanda, indicam que Angola registou 16 mortos e 29 feridos civis por accionamen­to de minas anti-pessoal, anti-tanque e engenhos explosivos não detonados. O quadro sobre acidentes e incidentes no ano passado indica ser a província do Bié a que regista maior número de óbitos, com oito, seguida de Malanje com três, Bengo com dois, enquanto Cabinda, Huambo e Lunda Norte têm registado um morto cada.

Já a lista de feridos é liderada pelo Huambo com seis, seguida de Benguela e Malanje com cinco cada. Bengo e do Bié vêm a seguir com quatro ferido. Luanda também consta na lista, com dois feridos. Com um caso estão o Cuando Cubango, Cuanza Norte e o Zaire.

Apesar do trabalho positivo, o ministro defende mais investimen­to na formação do pessoal técnico de desminagem, a melhoria das suas condições de trabalho e acções de educação dirigidas a crianças sobre a prevenção do risco de minas. Por isso, Gonçalves Muandumba quer uma parceria com o Ministério da Educação e as comunidade­s.

A República de Angola, como subscritor­a da Convenção de Otawa desde 1997, assumiu o compromiss­o de se tornar livre de minas até 2025

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Operadores de desminagem trabalham para que mais hectares de terra sirvam a agricultur­a

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