Infecções sexualmente transmissíveis em debate
Os antibióticos usados para o tratamento de doenças sexualmente transmissíveis são cada vez menos eficazes
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a cura do número crescente de infecções torna-se cada vez mais difícil, porque os antibióticos usados se revelam menos eficazes
Os mais reconhecidos pesquisadores do campo das infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o VIH/sida, vão estar reunidos a partir de amanhã no Rio de Janeiro, no congresso mundial sobre o tema, promovido pela OMS.
No âmbito do congresso, a OMS vai publicar, na revista científica Plos Medicine, dois estudos sobre a gonorreia resistente a antibióticos, subordinados aos temas “vigilância global” e “acção internacional colaborativa”.
No congresso mundial, a OMS vai renovar o alerta segundo o qual a cura do número crescente de infecções torna-se cada vez mais difícil, porque os antibióticos usados se revelam menos eficazes.
A Neisseria gonorrhoeae, que causa a gonorreia, é uma das 12 famílias de bactérias resistentes a antibióticos que representam as maiores ameaças à saúde humana, de acordo com a OMS, uma das mais poderosas agências especializadas da Organização das Nações Unidas. OMS lança novo guia A OMS lançou em Agosto do ano passado um novo guia para o tratamento de três doenças sexuais transmissíveis, a sífilis, a gonorreia e a clamídia. A decisão da agência especializada da ONU foi tomada em resposta ao aumento da resistência dessas doenças aos antibióticos. Os especialistas disseram que todos esses problemas são causados por bactérias e, geralmente, são curados com o uso de remédios.
A OMS calcula que mais de 214 milhões pessoas no Mundo contraem essas infecções anualmente, sendo que a clamídia e a gonorreia são as mais comuns e depois a sífilis.
Esse aumento foi causado porque essas doenças de transmissão sexual não são diagnosticadas e tornam-se mais difíceis de serem tratadas. Agora, alguns antibióticos estão a fracassar na cura devido ao uso indevido ou excessivo.
Entre as recomendações, o guia da OMS reforça a necessidade de tratar essas doenças com o antibiótico correcto, na dosagem correcta e no horário determinado para impedir a propagação.
O relatório explica que a resistência dessas doenças aos antibióticos aumentou rapidamente nos últimos anos e acabou por reduzir as opções de tratamento.
Maior resistência
Das três doenças de transmissão sexual mencionadas no documento, a gonorreia é a que apresenta a maior preocupação porque desenvolveu a mais forte resistência aos remédios.
Quando não tratadas, essas doenças podem resultar em sérias complicações de saúde para mulheres e homens. A OMS classifica a sífilis, a gonorreia e a clamídia como grandes problemas de saúde pública no Mundo. Essas doenças afectam a qualidade de vida de milhões de pessoas, causando problemas graves e até mesmo a morte.
No caso da gonorreia, a OMS afirma que os antibióticos mais antigos e baratos, commumente utilizados para combater a doença, já não fazem efeito e não devem ser usados. Como exemplo, os especialistas desaconselharam o uso do antibiótico quinolones.
A clamídia é a doença de transmissão sexual mais comum e geralmente está associada à gonorreia. Em relação à sífilis, o relatório recomenda o uso de penicilina benzatina, antibiótico injectável que é considerado o mais eficaz neste momento.
O congresso que amanhã começa no Rio de Janeiro é uma oportunidade para os pesquisaadores encontrarem soluções para o tratamento de infecções sexualmente transmissíveis que afectam milhões de pessoas.
A Organização Mundial da Saúde reforça a necessidade de tratar as doenças sexualmente transmissíveis com o antibiótico correcto e no horário determinado